A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de 28 inquéritos contra políticos por indícios de envolvimento no escândalo de desvio de recursos na Petrobras. Os pedidos de investigação foram protocolados no final da tarde desta terça-feira (03), no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso tem como relator o ministro Teori Zavascki.

Além dos inquéritos, a PGR pediu o arquivamento de 7 procedimentos investigatórios contra políticos. A abertura de 28 inquéritos e os sete pedidos de arquivamento são referentes a 54 pessoas. O STF não detalhou o número de investigados nos 28 inquéritos e o número de políticos que estão incluídos nos 7 procedimentos de arquivamento. Os protocolos de pedido de investigação ocorreram às 20h11.

Até o momento, não foram divulgados os nomes dos políticos que serão investigados. Além da abertura de inquérito contra pessoas com foro privilegiado (ministros, deputados federais e senadores), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também requereu a retirada do sigilo das investigações. Nos bastidores do STF, acredita-se que Zavascki determinará a queda de sigilo do inquérito. No entanto, o ministro ainda não estipulou quando ele decidirá sobre o sigilo das investigações.

Durante a última semana, procuradores envolvidos no processo fizeram as últimas revisões nos pedidos de investigação. A expectativa inicial era que a manifestação da PGR contra políticos ocorresse na sexta-feira da semana passada. Mas Janot resolveu fazer uma última revisão nos pedidos de abertura de inquérito nos últimos dias.

Na noite de segunda-feira (02), o procurador-geral da República afirmou que as apurações serão longas e estão apenas no começo. Para ele, a sociedade precisará ter paciência até que o processo se conclua com a punição dos culpados. “Vamos trabalhar com tranquilidade, com equilíbrio, e quem tiver de pagar vai pagar. Nós vamos apurar, isso é um processo longo, está começando agora. A investigação começa e nós vamos até o final desta investigação”, disse Janot a um grupo de manifestantes que estava na porta da PGR. “Se eu tiver que ser investigado, eu me investigo”, ratificou o procurador ao grupo.

Antes da abertura de inquérito, a PGR manteve contato com os parlamentares envolvidos a fim de avisá-los do procedimento investigatório. O rito foi necessário para evitar alegações dos advogados dos investigados de que eles foram avisados pela imprensa e não por meio da Procuradoria.

No Congresso, o clima é de apreensão com a abertura de inquérito. Desde a semana passada, parlamentares buscavam informações sobre as pessoas que seriam investigadas pelo STF por envolvimento na Lava Jato. Nesta terça-feira (03), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que a Casa não passará por um momento turbulento com a abertura dos inquéritos da Lava Jato. “Eu não acredito (que haja turbulência no Congresso). Até porque o fato de propor um inquérito não significa que está se culpando ninguém. Então não significa turbulência”, afirmou Cunha.

A abertura de inquérito contra políticos ocorre cerca de um ano após a primeira fase das investigações da Lava Jato, que culminaram com a prisão do doleiro Alberto Youssef. Após a prisão de Youssef, vários políticos já foram citados com possível envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Somente o ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, disse que os desvios de recursos da Estatal teriam beneficiado pelo menos 28 políticos.

Entre os políticos até então citados como envolvidos no escândalo da Lava Jato estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL). Mas, ainda não existem confirmações da PGR se eles de fato estão sendo investigados. Essa informação somente será confirmada após a suspensão do sigilo das investigações que deve ser decretado pelo ministro Teori Zavascki. Fonte: Congresso em Foco

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