Até deixar o cargo, na primeira semana de abril, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, aproveitará ao máximo a visibilidade do cargo para turbinar sua candidatura à Presidência.
Um exemplo disso ocorreu ontem, quando a ministra, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visitou a favela da Rocinha, no Rio. O ato público – a inauguração de um complexo esportivo na região – teve vários elementos de palanque eleitoral. Camisetas com as inscrições “Lula e Cabral contra a desigualdade social”, fazendo referência ao presidente e ao governador Sérgio Cabral (PMDB), foram fartamente distribuídas. Como tem acontecido com frequência cada vez maior, Dilma foi recebida com exaltação a sua candidatura. “Rocinha presente, Dilma presidente”, gritavam os moradores.
No complexo esportivo, tanto Dilma quanto Lula não perderam a oportunidade de posar para os fotógrafos. Aproveitaram a infraestrutura e posaram para as lentes lutando boxe, erguendo halteres ou brincando com arcos e flechas.
Valendo-se da data de ontem, o Dia Internacional da Mulher, Lula enalteceu Dilma e disse que ela poderá sofrer preconceito na disputa.
– Uma sociedade machista como a nossa não está 100% preparada para ver mulher disputar cargo importante de prefeita, de governadora e de presidente – disse Lula.
Para aproveitar até o limite a exposição, o Planalto prepara uma agenda recheada para Dilma até a saída do ministério. Além disso, Lula e a candidata alinhavam os últimos detalhes para o lançamento da segunda etapa do PAC – que deve ocorrer nos últimos dias do prazo para desincompatibilização.
Depois de entregar obra Serra foi a cafeteria
A corrida dos candidatos por obras e inaugurações que garantam visibilidade não está restrita a Dilma e ao PT. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), principal adversário da petista, também acelera o passo para surfar na onda das últimas solenidades antes da saída do cargo.
A menos de 25 dias de deixar o governo paulista, Serra inaugurou ontem a segunda maior estação de tratamento de esgoto da sua gestão e encerrou sua visita ao interior de São Paulo com um café numa das padarias mais tradicionais de Taubaté.
Em um ritual típico de candidato, Serra, ao deixar a inauguração em Tremembé, percorreu de carro cerca de 20 quilômetros até a cidade vizinha para tomar um chocolate quente, tirar fotos e puxar conversas com moradores e funcionários.
– Ele me pediu para levá-lo a uma padaria gostosa e tradicional perto daqui – disse o prefeito de Taubaté, Roberto Peixoto (PMDB), que o acompanhou durante toda a visita.
Zero Hora