Desidratado no cenário nacional, DEM pode renascer no maior colégio eleitoral do Nordeste destronando o PT de Jaques Wagner
Luís Lima, de Salvador
Geddel Vieira (PMDB), candidato ao Senado, Paulo Souto (DEM), candidato ao governo, e ACM Neto (DEM), prefeito de SalvadorGeddel Vieira (PMDB), candidato ao Senado, Paulo Souto (DEM), candidato ao governo, e ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador (Divulgação)

A Bahia é um navio sem rumo nas mãos de Jaques Wagner. É um estado que não sabe para onde quer ir. Por isso, vem perdendo o protagonismo na região Nordeste”,Paulo Souto

Após oito anos de governo do PT, a Bahia deu ao longo desta campanha sinais de que gostaria de mudar de rumo – ainda que a alternativa não represente exatamente uma renovação política. A disputa, porém, chega ao dia da eleição embolada: pesquisas de intenção de voto apontam o ex-governador Paulo Souto, do DEM, empatado com Rui Costa, do PT, na primeira colocação. Para o DEM, a vitória de Souto é a salvação para um partido que vem encolhendo eleição após eleição desde que o PT chegou à Presidência da República em 2002 – hoje, a sigla que já teve a maior bancada na Câmara no governo Fernando Henrique Cardoso, tem só 28 deputados federais. Souto é um antigo conhecido dos eleitores baianos. Sua trajetória política foi construída como braço-direito do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007. 

“É a disputa mais importante para a sigla e representa a consagração da boa gestão e seu retorno ao poder. O crescimento do DEM na Bahia deve-se ao desempenho de Antônio Carlos Magalhães Neto à frente da prefeitura de Salvador. No plano municipal, ele tem uma das gestões melhores avaliadas no país”, afirmou o senador Agripino Maia, presidente nacional do DEM. Além da Bahia, o DEM só tem chances na disputa pelo governo no Acre, embora o candidato tenha poucas chances de vitória.

Na disputa eleitoral, Souto leva na chapa o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), favorito nas pesquisas para o Senado. O principal oponente de Souto é o petista Rui Costa, que nunca disputou um cargo majoritário, que concorre pelas mãos do governador Jaques Wagner (PT).

Principais colégios eleitorais do Brasil 

ESTADO ELEITORES PORCENTUAL
São Paulo 31.998.429 22%
Minas Gerais 15.248.680 10%
Rio de Janeiro 12.141.143 8%
Bahia 10.185.417 7%

Fonte: Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA)

A campanha de Rui tenta, inclusive, afastar-se de marcas características do PT, como a estrela e a cor vermelha, que foi substituída pelo azul. Além disso, a imagem de Wagner é raridade no material de campanha do candidato – bem diferente do que acontece em relação à imagem da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula. A estratégia faz sentido, já que o atual dirigente baiano se envolveu em diversas brigas com policiais militares e professores, além de ter prometido realizar obras que não foram cumpridas, como a duplicação da BR-101.

“A Bahia é um navio sem rumo nas mãos de Jaques Wagner. É um estado que não sabe para onde quer ir. Por isso, vem perdendo o protagonismo na região Nordeste”, afirmou Souto em entrevista ao site de VEJA. O candidato exemplifica a sua fala com números do Produto Interno Bruto (PIB): em sua última gestão, de 2003 a 2006, a Bahia possuía o sexto maior PIB do país. Atualmente, caiu para a oitava posição, superada por Santa Catarina e Distrito Federal.

Duarante a campanha, o nome de Costa foi ainda envolvido no escândalo de desvio de verbas de uma ONG na Bahia, revelado por VEJA. O Instituto Brasil, que deveria ser responsável pela construção de casas populares foi usado, segundo a própria presidente da instituição, Dalva Sele, para desviar pelo menos 50 milhões de reais para petistas. “Desviar recursos destinados à construção de casas para pobres é crime hediondo. E merece toda a repulsa da população baiana”, dispara Souto. “Até o momento, os supostos beneficiados com o esquema parecem estar muito mais preocupados em impedir a divulgação do caso na imprensa”, complementa.

Costa é pessoa de extrema confiança de Wagner, com o qual trabalhou no sindicato dos químicos no fim da década de 1980. Em 2010, o atual candidato assumiu, a convite de Wagner, a Secretaria de Relações Institucionais do estado e, em 2012, chefiou a Casa Civil. Essa trajetória ajuda a compreender a indicação de Costa, nome que não era consenso no PT. Duas candidaturas que chegaram a ser cogitadas foram o senador Walter Pinheiro e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. “Ele (Wagner) impôs o nome de Rui Costa e isto é atestado por qualquer petista. Muitos deles, no interior do estado, vieram me apoiar porque não aceitaram a candidatura imposta pelo governador”, comenta Souto.

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Segurança Pública – Em entrevistas recentes, Costa e Souto destacam a segurança pública como área prioritária para o próximo dirigente. Segundo o último Mapa da Violência, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, a Bahia registrou, em 2012, taxa de 42 homocídios a cada 100.000 habitantes, o que a coloca em quinto lugar no ranking nacional de estados mais violentos. A última greve de policiais militares, em abril, que durou pouco mais de 40 horas, resultou em 39 mortes apenas na região metropolitana de Salvador. “Vou alterar imediatamente a distribuição territorial dos policiais, levando em consideração o mapa criminal de cada localidade. E, sobretudo, iniciar um trabalho de reconquista da confiança entre o governo e as polícias”, promete Souto. “A minha candidatura representa uma alternativa ao governo petista que está aí, permitindo aos baianos dizer, de forma muito clara, que se esgotou o período do PT em nosso estado.”

Fonte: Veja

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