G1

A Câmara criou nesta terça-feira (22) uma comissão externa, formada por seis deputados federais, para investigar denúncias maus-tratos supostamente praticados pelo Instituto Royal, em São Roque (SP), a cães da raça beagle. Os trabalhos do colegiado serão coordenados pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) e Ricardo Tripoli (PSDB-SP) será o relator.

Os outros quatro parlamentares que integrarão a comissão são: Alexandre Leite (DEM-SP), Antônio Roberto (PV-MG), Ricardo Izar (PSD-SP) e Roberto de Lucena (PV-SP).

Na última sexta (18), ativistas entraram no centro de pesquisas e levaram 178 cachorros e sete coelhos utilizados como cobaias. Segundo eles, os animais sofriam maus-tratos, o que a direção do instituto nega.

Protógenes Queiroz disse que esteve no centro de pesquisas e encontrou um cenário semelhante a um “campo de concentração”. “O ambiente que eu vi lá no Rio é um ambiente de tortura. Parecia um campo de concentração nazista. Eu como delegado, e delegado está acostumado a ver pessoas esquartejadas, eu nunca me senti tão mal como me senti lá”, afirmou.

O deputado afirmou que a comissão deverá elaborar um projeto de lei para proibir ou regulamentar o uso de animais em pesquisas científicas. Não há prazo para o funcionamento da comissão nem para a apresentação da proposta.

“Nosso objetivo é propor uma lei ou complementar a legislação sobre pesquisa científica com animais. Pelas informações que coletamos não se utilizam animais em pesquisas para medicamentos e cosméticos no exterior, em países desenvolvidos. A minha proposta como coordenador é de não haver nenhum tipo de pesquisa com animais”, defendeu.

Entenda o caso
Motivados pelas suspeitas de que os bichos sofriam maus-tratos no local, dezenas de ativistas derrubaram um portão e invadiram, por volta das 2h da última sexta-feira (18), o laboratório do Instituto Royal, em São Roque, a 59 km de São Paulo. Eles levaram em carros próprios 178 de cães que estavam no complexo, além de sete coelhos.

Os manifestantes acusam o instituto de maltratar cães da raça beagle usados em pesquisas e testes de produtos cosméticos e farmacêuticos, além de usar no trabalho também coelhos e ratos.

Segundo os ativistas, uma denúncia anônima havia alertado que os cães estariam sendo sacrificados desde as 14 hora de quinta-feira (17) com métodos cruéis e que os corpos estariam sendo ocultados em um porão.

O Instituto Royal afirma que realiza todos os testes com animais dentro das normas e exigências do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e que a retirada dos animais do prédio prejudicou o trabalho que vinha sendo realizado. Segundo o laboratório, que classificou a invasão como ato de terrorismo, a ação dos ativistas vai contra o incentivo a pesquisas no país.

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