Gerson Monteiro – O Estado de S.Paulo

ESPECIAL PARA O ESTADO CAMPOS DO JORDÃO

Tiago Queiroz/AE
Tiago Queiroz/AE
Balneário. Reforma na cidade, que já era tratada como estância hidromineral em 1940, está orçada em R$ 1 milhão e deve ser iniciada no segundo semestre

Às vésperas do Festival Internacional de Inverno, Campos do Jordão, a 180 km de São Paulo, prepara-se para receber até o fim de julho 700 mil turistas, que devem movimentar R$ 1 bilhão. A população de quase 50 mil habitantes triplica nos fins de semana da alta temporada, mas quem visita a cidade nem sempre faz ideia que os rios que cortam a estância climática recebem 100% do esgoto produzido no município, sem tratamento. Lagos também recebem dejetos in
natura.Segundo o superintendente de Gestão de Empreendimentos da Sabesp, Benedito
Felipe Oliveira Costa, a obra da estação de tratamento de esgoto de Campos do Jordão será iniciada ainda neste mês. “Encontramos o terreno e contratamos a empresa. A licença ambiental que falta para o início da obra deve sair nesta semana.” A promessa é entregar a estação de tratamento até o fim de 2013.

Para a população, o assunto já virou lenda. Em uma pequena mercearia no Morro das Andorinhas – região de mata ocupada ilegalmente que pode ser avistada logo na entrada da cidade -, o comerciante João Carlos Duarte mostra conta da Sabesp. Do total de R$ 52,86 da taxa mensal, R$ 22 é para serviço de esgoto.O pedreiro João Braz da Silva lembra da promessa ouvida quando chegou à cidade, há 41 anos. “Desde que cheguei falam que vão resolver, mas a única coisa que vi até agora foi aumentar o número de casas e o fedor insuportável do rio,
principalmente na região do Horto Florestal.”


O risco de contágio de doenças também preocupa gente que vive perto do rio.
Até mesmo quem trabalhou na medição de terrenos para o projeto de criação da
Estação de Tratamento de Esgoto(ETE) não acredita na solução do problema. “Não
tenho esperança”, critica o aposentado Daniel Alzires Ferreira, que diz ter
trabalhado 33 anos na Sabesp.
Água. Segundo o Censo 2010, a rede coletora de esgoto de Campos do Jordão
cobre 77,53% dos domicílios, abaixo da média paulista (86,73%). A água encanada
está presente em 89,44% das casas -abaixo das médias de estâncias e do Estado –
90,67% e 95,05%, respectivamente. A prefeitura diz que muito morador opta por
captar água de mina.
Índices de cobertura de energia e coleta de lixo de Campos do Jordão são de
quase 100%. Mas, embora levantamento feito em 2010 pelo IBGE não aponte
favelização no município, antes de chegar à badalada região central pela via
principal que leva o turista ao Capivari, seus morros apresentam imagem
degradante. Centenas de casas ocupam extensas áreas verdes. No bairro do
Britador, placa indica que o núcleo está congelado e ali residem 712 famílias –
182 em área de risco, segundo levantamento feito pela prefeitura em fevereiro.

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