Até 2014, a Infraero planeja implantar terminais provisórios em 13 aeroportos brasileiros. Os Módulos Operacionais (MOPs) são estruturas pré-fabricadas removíveis que podem funcionar como sala de embarque, desembarque ou check-in. Mundialmente essas são alternativas para aeroportos em obras ou para locais em que a demanda só aumenta durante um período específico, mas, no Brasil, elas não vão ser usadas apenas para a Olimpíada ou a Copa do Mundo, mas de maneira regular.
Apesar de sediar o torneiro de futebol em 2014, o Brasil planeja instalar os MOPs também em aeroportos que não atendem as cidades-sede, como São José dos Campos (SP), Imperatriz (MA), Vitória (ES) e Teresina (PI). Em Florianópolis (SC) e Brasília (DF), essas estruturas já estão em uso (veja imagens).

Módulo instalado em Brasília em 2010 custou R$ 2,98 milhões e embarca passageiros de 35 voos diários
Foto: Infraero/ DivulgaçãoAmpliar

Módulo instalado em Brasília em 2010 custou R$ 2,98 milhões e embarca passageiros de 35 voos diários

Esses módulos são estruturas mais baratas e simples, feitas com materiais variados, mas predominantemente de metal. Elas podem ser removidas de um lugar e serem recolocadas em outro, pois sua vida últil varia entre 10 e 20 anos. Em nota, a Infraero informa que os MOPS são instalados “em virtude da demanda atual e enquanto as obras definitivas não ficam prontas.”

Isso mostra que, por aqui, eles servem também para aumentar a capacidade de aeroportos em período regular. O motivo é que, independente da movimentação de turistas da Copa, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016, o Brasil já tem limitações em infraestrutura.

A demanda atual do setor já está quase atingindo as projeções da Infraero para 2014 e, no ano passado, 14 dos 20 maiores aeroportos do país funcionaram acima do limite, conforme estudos recentes divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Programa de Engenharia da Coordenadoria de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

 Para o responsável pelos estudos do Coppe/UFRJ, o engenheiro Elton Fernandes, o MOP não está servindo ao propósito de atender a uma demanda pontual porque o crescimento do setor aéreo foi subdimensionado pelo governo nos últimos anos. “Logo após o anúncio do Brasil como sede do mundial, se programaram as obras em cima de expectativas de crescimento do setor (aéreo) muito modestas. Mas ele teve uma alavancada muito grande e não se fez reprogramação nenhuma. Então já se está usando o MOP como suprimento de deficiência”, diz.

O especialista enxerga um desvio na finalidade dos terminais. “Se for para atender fluxo casual ou se não houve planejamento para se ter algo definitivo, tudo bem, é válido. Mas aqui estamos usando um recurso para superar nossa deficiência de infraestrutura”, afirma.

Os terminais provisórios vêm sendo usados como sala de embarque desde 2009, em Florianópolis e desde 2010, em Brasília. Por isso, Fernandes teme que os MOPs continuem presentes nos aeroportos, mesmo quando as reformas e ampliações previstas para a Copa forem concluídas. “As obras previstas não vão atender à demanda futura, elas vão acompanhar a demanda atual e os aeroportos vão estar congestionados quando elas terminarem”.

O pesquisador do Ipea, Carlos Alvares da Silva Campos Neto, mostrou o mesmo receio ao comentar a instalação de terminais provisórios durante a divulgação de um estudo do instituto sobre aeroportos. “Mas aí outro risco é que o P de provisório pode se tornar P de permanente”, disse.

Guarulhos custa 12 aeroportos

Além de Florianópolis e Brasília, que já contam com MOPs em funcionamento, estão sendo instaladas unidades em Guarulhos (SP), Viracopos (SP), Goiânia (GO) e Vitória (ES). Há previsão de que mais sete aeroportos recebam os MOPs e que Brasília tenha um segundo terminal provisório até 2014.

No total, os investimentos em estruturas temporárias nesses treze aeroportos devem custar R$ 105,93 milhões. Esses recursos estão previstos nas duas versões do Plano de Aceleração do Crecimento (PAC 1 e 2) e seriam repassados para a Infraero para serem executados.

Em três unidades do aeroporto de Guarulhos serão investidos R$ 58,38 milhões, valor superior à soma de todos os outros aeroportos, que contabilizam R$ 45,55 milhões em investimentos. O terminal temporário de Ilhéus (BA) é o mais barato, custa apenas R$1,5 milhão.

Concessões podem incluir MOPs

O projeto do governo federal em gestação, de conceder à iniciativa privada a expansão de terminais em aeroportos pode incluir também as instalalções provisórias. Por isso, nos locais onde o MOP está previsto, ainda resta definir quem pagaria a sua instalação, ou seja, a Infraero ou a concessionária. Portal IG

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