Nelson Rocha

 

Quem não tem computador em casa vai para uma lan-house. Trinta e dois milhões de brasileiros fazem isso diariamente nas 108 mil lan-houses espalhadas pelo País, a maioria funcionando de forma improvisada. Quarenta e oito por cento dos usuários só têm acesso à internet através destes estabelecimentos e entre as classes D e E esse número sobe para 74%.

De olho neste movimentado mercado de consumidores digitais, a Câmara de Deputados aprovou, na última terça-feira, o projeto de lei 4361/04 que regulamenta o funcionamento das lans que, aprovado no Senado e sancionado pela presidente Dilma Rousseff, as identificará como “centros de inclusão digital”, e exigirá o cadastro dos clientes. A iniciativa agrada usuários e responsáveis pelos estabelecimentos em Salvador.

“Somos a favor do cadastro do cliente. É importante tanto para o nosso trabalho quanto para a segurança dele que se, eventualmente, provocar algum problema terá como chegar até ele”, observa o italiano Massimo Planta, 50, presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital e dono de um Café com máquinas digitais à Rua Maciel de Cima, 2, Pelourinho, que já utiliza um programa de gerenciamento em seus  13 computadores como “recurso de marketing.

Até isto já foi estabelecido tanto pela Associação quanto pelos mesmos deputados que colocaram um termo que não é brasileiro(lan-house) nos estabelecimentos e identificando-os como casas de jogos e rede, o que não é mais, pois somos casas de múltiplos propósitos, onde é possível se tirar uma simples xerox ou apenas beber apenas um cafezinho”, ressaltou.

Conforme o presidente da entidade, a ABCID Bahia, atualmente com cerca de 50 associados, foi criada no ano passado “para fazer parcerias com o Sebrae e a Sucom, órgão da Prefeitura, e cuidar dos interesses do setor.

Somos filiados a ABCID nacional”, revela Planta, que acredita ter Salvador aproximadamente 200 centros desta natureza, popularmente conhecidos como “lan-houses” que, se por um lado estimulam os jovens ao permitir o acesso às informações, conhecimento e entretenimento, podem também ser utilizadas para enviar mensagens com vírus, encorajar a falsificação, pedofilia, namoros e encontros fatais, como os vivenciados pelas duas adolescentes mortas recentemente por namorados que conheceram pela internet.

A nova lei, cujo texto aprovado é o de uma emenda do relator, deputado Otavio Leite ( PSDB-RJ), ao entrar em vigor permitirá parcerias entre o Poder Público para o desenvolvimento de atividades educacionais e estabelecerá prioridades em linhas especiais de financiamento para a compra de computadores.

Como irão funcionar as orientações

 Conforme o texto aprovado, as lan-houses deverão possuir softwares que orientem e alertem menores de 18 anos, sobre o acesso a jogos eletrônicos não recomendados para sua idade. Isso valerá também para sites pornográficos e afins.

Para o empresário belga Michael Stampaert, também radicado na Bahia, cadastrar clientes não deve ser um ato obrigatório “se cada caso é um caso. Meus clientes são quase todos estrangeiros, vão passar por aqui uma vez na vida e nunca mais. Acho trabalho perdido fazer isto”, opinou o dono de um café e hotel com internet na Praça da Sé.

“Pra segurança da lan-house e do próprio cliente é bom cadastrar, pra assegurar o que ele está acessando e com que fim. Não para invadir a sua privacidade, mas para evitar certas situações constrangedoras para ambos”, ressaltou Edwing Costa, 28, gerente de um estabelecimento no Largo 2 de Julho, que já flagrou jovens acessando sites pornográficos, sendo obrigado a interferir, e trabalha cadastrando clientes há mais de cinco anos.  As informações são da Tribuna da Bahia                

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