A missionária emérita de Missões Mundiais, Lygia Lobato de Souza Motta, faleceu, aos 87 anos, no último dia 4 de abril, no Rio de Janeiro/RJ. A irmã Lygia Motta era viúva do Pr. Waldomiro Motta, e ambos foram pioneiros do trabalho batista brasileiro na Bolívia, sendo enviados em 1946. A vida do casal missionário serviu de inspiração para muitos vocacionados, inclusive bolivianos, que foram despertados através de suas vidas e ministérios.

O culto fúnebre foi realizado na Igreja Batista do Tauá, no bairro da Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro/RJ, onde era membro ativa. O sepultamento aconteceu no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Sulacap, zona oeste da cidade. A JMM lamenta a perda e pede orações em favor da família enlutada.

Lygia Motta nasceu em 29 de maio de 1922, na cidade de Campos, no norte do Estado do Rio de Janeiro. Aos 13 anos, ao ouvir o testemunho do missionário L.M. Bratcher, na capela do Colégio Batista daquela cidade, atendeu ao chamado do Senhor para entregar-se à obra missionária. Alguns anos mais tarde deu início aos estudos no curso de extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB). Na Assembleia da Convenção Batista Brasileira realizada em Macaé/RJ, conheceu o então seminarista Waldomiro Motta. Em 27 de Junho de 1941, ambos se uniram em laços matrimoniais, que gerou 5 filhos.

Ajudou o ministério pastoral do Pr. Waldomiro Motta na conquista de almas para Cristo. Em 1943, assumiram o pastorado da Igreja Batista em São Caetano do Sul/SP. No quarto ano de pastorado desta igreja, tendo lido no Jornal Batista o apelo da então Junta de Missões Estrangeiras (hoje Missões Mundiais da CBB) para obreiros nos campos da Bolívia, sentiram-se chamados por Deus para a obra. Em janeiro de 1946, emocionados, o Pr. Waldomiro e a irmã Lygia apresentaram-se como candidatos. Em 7 de maio, no templo da PIB do Rio de Janeiro, a família missionária foi comissionada e enviada para Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Após um ano de trabalho, precisamente em 26 de junho de 1947, organizam a Primeira Igreja Batista de Santa Cruz da la Sierra. O trabalho de pregação do Evangelho seguiu prosperando naquele país, mesmo enfrentando oposições, doenças, prisões e perigos, como as locomoções entre as localidades alcançadas, que eram feitas a cavalo, em carretas de bois, de caminhão e a pé. Deram início à programas de rádio, ao jornal El Bautista Boliviano, investiram no trabalho de colportagem, em um ambulatório médico e ajudaram na organização da Junta de Missões Nacionais Boliviana, além de plantarem 12 igrejas em pouco menos de 10 anos de ministério. A família viu vidas serem libertas de seus pecados, e serem transformadas pelo poder de Deus.

Em 14 de abril de 1949, o Pr. Waldomiro Motta é agredido e preso pelo prefeito da cidade de Santa Cruz de la Sierra. O fato, aparentemente triste, resulta em bênção para a família missionária. Primeiro, os moradores da cidade tornam-se simpáticos para com os evangélicos, em especial com o ministério do casal. Em segundo, o jovem Alexandre Serrate Perez, sobrinho do prefeito, se converte e mais tarde torna-se pastor, formando-se em Teologia no Seminário Batista do Sul (STBSB), no Rio de Janeiro/RJ. Em 1955, o casal missionário Pr. Waldomiro e Lygia Motta volta ao Brasil, para tratamentos de saúde, mas as marcas desses pioneiros em terras bolivianas até hoje permanecem.

De volta ao Brasil, mesmo em tratamentos, o casal não parou de trabalhar. Enquanto Waldomiro Motta pastoreava, a irmã Lygia servia como diaconisa e Diretora Executiva da União Feminina Missionária Batista do Brasil. Em solo pátrio, também viram muitas vidas serem salvas através de seus ministérios. “São as maravilhas que o Senhor faz com aqueles que O amam e buscam servi-Lo de todo o coração”, dizia a irmã Lygia Motta.

O casal deixou registrado algumas obras relevantes, como os livros “Aventuras em terras bolivianas”, do Pr. Waldomiro Motta, lançado em 1977 pela Editora Juerp, e “Quando se serve ao Deus vivo”, que a irmã Lygia Motta escreveu pela Gráfica Brasil-Itália. Além dessas obras, o Livro do Centenário da JMM relata, em destaque, o profícuo trabalho do casal missionário na Bolívia.

JMM

Compartilhe