FOLHA DE S. PAULO

Deputados gastaram R$ 9,7 por voto
Os 513 deputados federais eleitos gastaram uma média de R$ 9,72 por voto para se eleger. No total, os parlamentares desembolsaram R$ 567 milhões na campanha. O custo do voto na Câmara foi três vezes e meia o valor do voto para o Senado (R$ 2,15).
A campeã em gastos foi a deputada eleita Teresa Jucá (PMDB-RR), ex-mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RR): foram R$ 7,2 milhões. O montante representa uma vez e meia o valor gasto pelo segundo colocado, Sandro Mabel (PR-GO), que desembolsou R$ 4,8 milhões.
Cada voto conferido à deputada custou, em média, R$ 248,83. É o maior valor registrado no país. No total, Teresa gastou nove vezes mais que o valor que ganhará como deputada pelos quatro anos de mandato (cerca de R$ 792 mil, sem contar verbas indenizatórias e benefícios).
O gasto de seus futuros colegas custou, em média, R$ 1,1 milhão.
Os 88 deputados petistas foram os que mais gastaram, em números absolutos, entre os partidos. Foram R$ 103 milhões. A bancada mais cara, porém, é a do PMN. Os quatro deputados eleitos gastaram, em média, R$ 1,59 milhão.
Logo em seguida, aparece a do PSDB, com gasto médio de R$ 1,56 milhão para cada um dos 53 eleitos.
Campeão nacional de votos, o deputado eleito Tiririca (PR-SP) teve um dos menores gastos. Cada um de seus 1.353.820 votos custou R$ 0,50. Foram R$ 677 mil, no total, quase a metade da média nacional.
Segundo deputado mais votado do país, o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ), desembolsou bem mais: R$ 2,5 milhões, num total de R$ 3,70 por voto.
A campeã em gastos Teresa Jucá ajudou a classificar Roraima com o votos mais caros do país. Cada voto para a Câmara custou, em média, R$ 104 -quase nove vezes o valor da média nacional.
O eleitor da Paraíba foi o mais “barato” entre os Estados: os 12 deputados eleitos do Estado gastaram uma média de R$ 4,06 por voto.
O voto do eleitor de São Paulo para a Câmara custou, em média, R$ 9,92 -muito próximo à média nacional.

EUA inundam mercado com US$ 600 bilhões
O Fed (banco central dos EUA) anunciou a compra de US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro americano. O valor corresponde a 4% do PIB daquele país e cerca de 31% de tudo o que Brasil deve produzir neste ano.
A operação é uma forma de injetar dinheiro na economia dos EUA, reduzindo os juros de longo prazo e aquecendo o consumo.
A medida foi recebida com cautela. Para economistas, não falta crédito barato: “inundar” o mercado com dólares pode fazer a inflação disparar adiante e provocar bolhas de ativos, sobretudo nos emergentes.
Para o ex-diretor do BC Alkimar Moura, parte desse dinheiro virá para o Brasil, em forma de investimento, valorizando mais o real e dificultando as exportações.
Em outra operação, de até US$ 300 bilhões, o Fed continuará a comprar títulos do Tesouro com papéis lastreados em hipotecas.

Lula e Dilma culpam americanos e China pela guerra cambial
O Brasil acusou explicitamente os Estados Unidos e a China de promoverem uma “guerra cambial” para proteger suas economias. O assunto foi um dos destaques da entrevista dada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente eleita Dilma Rousseff na primeira aparição de ambos juntos depois das eleições.
Política externa e interna, economia, oposição, 2014 e vários outros temas fizeram parte do cardápio de Dilma e Lula durante uma hora de entrevista concedida no Palácio do Planalto.
Lula disse que ele e Dilma participarão de reunião do G20, em Seul, no dia 11, para lutar pelo fim dos problemas cambiais causados pelos dois países. As queixas internacionais não ficaram restritas à área econômica.
Dilma mudou o tom das declarações do governo relacionadas à execução por apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, classificando a posição do presidente Mahmoud Ahmadinejad de “bárbara”.
O presidente disse que, finalmente, decidirá sobre a compra de caças para a FAB e sinalizou que escolherá os Rafale franceses. Outra pendência na agenda internacional, a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti, está perto do fim. Lula afirmou que seguirá o parecer da Advocacia-Geral da União.

Área econômica será a primeira a ser anunciada
Os ministros da área econômica devem ser o primeiro grupo a ser anunciado pela presidente da República eleita Dilma Rousseff.
A expectativa é que ela e o presidente Lula analisem juntos as opções para o Banco Central e os ministérios da Fazenda e do Planejamento na viagem que farão a Seul, para encontro do G-20, no próximo dia 11.
Segundo a Folha apurou, o objetivo é evitar a criação de um clima de desconfiança no mercado financeiro.
A petista já havia dito que anunciaria sua equipe em blocos, evitando o anúncio individual de nomes.
Lula já aconselhou Dilma a manter Guido Mantega na Fazenda e Henrique Meirelles no Banco Central. A presidente eleita, porém, ainda tem dúvidas, principalmente em relação ao BC.

Movimentação do PMDB faz partidos pedirem seus “lotes”
A movimentação do PMDB para ampliar seu espaço no governo de Dilma Rousseff já provoca reação nos demais partidos da aliança que deu sustentação à candidatura. PP e PTB não a apoiaram oficialmente, mas vão brigar por espaço no Executivo.
Líderes de PR, PP e PTB discutem a montagem de um bloco no Congresso para ter mais peso não só na atuação legislativa, mas na negociação por cargos.
Para congressistas do PR, a legenda precisa manter o ministério dos Transportes, que é cobiçado pelo PMDB e pelo PT. Mas também falam em crescimento.
“Fomos o primeiro partido a declarar o apoio a Dilma, em nenhum momento ficamos fora do palanque. Por isso […], ao menos temos que manter o mesmo espaço no governo”, disse o deputado Luciano Castro (PR-RR).

‘Maré republicana’ derrota democratas
Dois anos após a eleição do presidente democrata Barack Obama, a
“maré republicana” obteve ao menos 54 cadeiras extras na Câmara dos EUA, além da maioria dos governos estaduais. As projeções apontam para o maior ganho dos republicanos desde 1948.
Os democratas devem manter maioria ínfima apenas no Senado. Em discurso, o presidente assumiu a culpa “por não retornar a criação de empregos mais rapidamente”.

Jobim condena plano de aliança militar para o Atlântico Sul
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez um forte ataque às estratégias militares globais dos EUA e da Otan (aliança militar ocidental), afirmando que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”.
Ele criticou em especial a proposta ventilada nos EUA de “cortar a linha” que separa o Atlântico Sul do Norte para criar o conceito de “bacia do Atlântico”.
Lembrou que os EUA não firmaram a Convenção sobre o Direito do Mar da ONU e portanto “não reconhecem o status jurídico de países como o Brasil, que tem 350 milhas de sua plataforma continental sob sua soberania”.
“Como poderemos conversar sobre o Atlântico Sul com um país que não reconhece os títulos referidos pela ONU? O Atlântico que se fala lá é o que vai à costa brasileira ou é o que vai até 350 milhas da costa brasileira?”

Após ser eleita, Dilma volta a se irritar com jornalistas
Em sua primeira entrevista coletiva após a eleição, Dilma Rousseff mostrou irritação com perguntas de jornalistas, pontuou frases de forma dura, encerrou temas bruscamente e chamou repórteres de “minha querida” em um tom mais incisivo.
Ao lado de Lula, nos 30 minutos em que ele foi o entrevistado, Dilma distribuiu sorrisos e interrompeu o presidente de forma delicada.
Em seu momento de falar, que também durou 30 minutos, a petista mudou de humor gradualmente. Começou a coletiva agradecendo aos jornalistas que acompanharam a sua campanha, mas se irritou com a insistência de um repórter para saber a posição dela sobre a CPMF.

Dilma e Serra levam R$ 1 mi cada um de Eike
Homem mais rico do país, o empresário Eike Batista doou R$ 1 milhão para a campanha da presidente eleita Dilma Rousseff (PT). Ele destinou a mesma quantia a José Serra (PSDB) e outros R$ 500 mil a Marina Silva (PV).
Somadas, suas doações neste ano chegam a pelo menos R$ 4,65 milhões, mostram dados parciais da Justiça Eleitoral e informações prestadas à Folha pelo grupo EBX. O valor já supera os R$ 4,3 milhões que ele declarou em 2006.
O empresário financiou a direção de partidos que atuam em campos opostos: deu R$ 300 mil ao PC do B e R$ 100 mil ao DEM. No Rio, doou R$ 750 mil ao governador reeleito Sérgio Cabral (PMDB) e R$ 200 mil a seu principal rival, o ex-governador Anthony Garotinho, via PR.

Serra precisa de R$ 20 mi para fechar as contas
O comitê financeiro de José Serra à Presidência espera a concretização de R$ 20 milhões em doações para zerar as contas da campanha.
O presidente do comitê, José Gregori, disse ontem que os gastos da campanha de Serra somam,”no máximo, R$ 120 milhões”.
Há previsão de contribuições suficientes para a cobertura das despesas, afirma. Para fechar as contas, é necessário que algumas promessas de doações sejam honradas.
“Não excede R$ 20 milhões”, disse Gregori, afirmando que a campanha apresentará sua prestação de contas após o feriado de 15 de Novembro.
Ainda segundo Gregori, despesas assumidas na reta final têm pagamento programado para as próximas duas semanas.

O GLOBO

Obama se diz humilhado após derrota histórica
Cabisbaixo e multo abatido, o presidente Barack Obama assumiu a responsabilidade pela frustração dos eleitores, que lhe impuseram uma devastadora derrota diante dos republicanos nas eleições legislativas. “Algumas noites de eleição são estimulantes, outras são humilhantes”, disse Obama, com desconcertante sinceridade para um presidente que foi eleito embalado em ventos de mudança, com confortável maioria no Congresso. No que ele qualificou de surra, os democratas perderam ao menos 61 cadeiras na Câmara e mantiveram o Senado, mas com margem bem reduzida.

Dólar cairá ainda mais
A previsão do governo brasileiro e dos especialistas é de que a moeda americana vai se desvalorizar ainda mais e o Brasil continuará recebendo recursos do exterior. Ontem, o dólar fechou a R$ 1,701, em queda de 0,4%.

Enquanto isso, na crise econômica…
O banco central americano, o Federal Reserve, aprovou ontem nova cartada para tentar dar fôlego à combalida economia dos EUA. O Fed anunciou que vai adquirir US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro até meados do ano que vem, em compras mensais. O objetivo é ter mais dinheiro na economia para estimular crédito e gerar empregos. Especialistas duvidam da eficácia da medida.

Lula: oposição não deve agir com raiva
Na primeira entrevista coletiva após as eleições, o presidente Lula pediu que a oposição não aja com raiva contra a presidente eleita, Dilma Rousseff, como, segundo disse, fez com ele. Ao lado de Dilma, em tom duro, afirmou: “Que dentro do Congresso, a oposição não faça contra a Dilma a política que fez comigo, a política do estômago, a política, eu diria, da vingança, do trabalhar para não dar certo.” Lula disse que não haverá medidas impopulares agora, descartou voltar em 2014 e afirmou que o novo governo terá a cara de Dilma: “Rei morto, rei posto.”

Oposição: presidente não desceu do palanque
A oposição reagiu com críticas pesadas ao pedido do presidente Lula para que ela não adote a “política da vingança” com sua sucessora, nem repita atos “raivosos” de que teria sido vítima. Para os tucanos, Lula deveria agradecer porque a oposição foi condescendente com ele no escândalo do mensalão: — Acho que o presidente Lula fez um pronunciamento de quem ainda não desceu no palanque. Não é verdade que a oposição teve uma postura radical em seu governo. Pelo contrário, fomos acusados de não termos sido duros o suficiente. Além disso, o presidente tinha dois caminhos para conviver com o Congresso: o democrático, pelo convencimento e negociação, e o mensalão, que ele acabou optou e faliu no momento da votação da CPMF — disse Guerra.
Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), não reeleito, Lula demonstrou rancor: “A oposição jamais foi vingativa. Ele, sim, demonstrou portar esse defeito. Sorridente por fora e rancoroso por dentro”, escreveu no Twitter; “(Lula) revelou um lado mesquinho, pequeno, que dificilmente faz parte de uma pessoa feliz verdadeiramente consigo mesma”.

Dilma admite discutir volta da CPMF a pedido de governadores
Na primeira entrevista coletiva após eleita presidente, Dilma Rousseff prometeu não enviar ao Congresso projeto de recriação da CPMF, tributo que servia para bancar parte dos gastos com a saúde e cuja continuidade foi rejeitada pelo Senado em 2007. Dilma, que deu entrevista ao lado do presidente Lula, disse que prefere outros mecanismos à criação de impostos, mas adiantou que alguns governadores eleitos já a procuraram, demonstrando preocupação com o financiamento do setor e admitindo a possibilidade de criação de um tributo para ajudá-los no pagamento das despesas de saúde.
Dilma também reafirmou a intenção de negociar um aumento real para o mínimo (hoje em R$ 510) que vai vigorar a partir de janeiro. Mas tanto ela quanto Lula rejeitaram a proposta de R$ 600, apresentada pelo tucano José Serra durante a campanha. Segundo ela, o piso salarial vai superar os R$ 600 na virada de 2011 para 2012.

Grupo de Cabral já fala em ter Saúde e Minas e Energia
No estado em que a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), teve a nona maior votação (60,48% dos votos, maior percentual do Centro-Sul do país), o governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sai das eleições como um dos nomes influentes na formação do novo governo.
E, nos bastidores do Palácio Guanabara, fala-se em pelo menos dois ministérios que poderiam ser ocupados por aliados de Cabral: Saúde e Minas e Energia.
A informação é que Dilma gostaria de ter em seu governo os atuais secretários estaduais de Saúde, Sérgio Côrtes, que implantou as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) — experiência fluminense que a petista pretende expandir para todo o país —, e de Segurança, José Mariano Beltrame, responsável pelo bem-sucedido projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas do Rio.

Veto implode ‘Memórias Reveladas’
A falta de transparência na difusão dos arquivos do regime militar provocou mais uma demissão no Centro de Referência de Lutas Políticas no Brasil, o Memórias Reveladas.
Depois do historiador Carlos Fico, foi a vez de Jessie Jane Vieira de Sousa, sua colega na UFRJ, se afastar ontem do cargo de presidente da Comissão de Altos Estudos da entidade.
Ela alega que o centro se afastou completamente dos propósitos originais.
— Da ideia inicial de oferecer o acesso aos documentos da ditadura, o Memórias Reveladas virou um projeto burocrático do Arquivo Nacional.
Documentos que deveriam ser públicos, porque já foram desclassificados, continuam submetidos à cultura do segredo — lamentou a historiadora e ex-presa política.
Criado pela então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, no ano passado, para facilitar a divulgação dos acervos do regime militar, o Memórias Reveladas é agora centro de uma crise entre pesquisadores e autoridades federais.

Mínimo: centrais vão brigar por R$ 580
O Congresso começou a discutir ontem o valor do salário mínimo que vai vigorar em janeiro já a partir do patamar de R$ 540, mas os parlamentares foram avisados de que as centrais sindicais vão brigar por R$ 580. Embalado pela receita extra de R$ 17,8 bilhões, aprovada ontem pela Comissão Mista de Orçamento para 2011 — além da previsão de um crescimento do PIB de 7,2% em 2010 —, o relator-geral do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF), vai arredondar o valor para R$ 540. O governo propôs R$ 538,15, mas já deu sinal verde para um valor de R$ 550. Número que pode chegar a R$ 560.
Mesmo disposta a dar um aumento real (acima da inflação) para 2011, a presidente eleita Dilma Rousseff está sensível a apelos das prefeituras, que alegam que podem quebrar com um mínimo beirando os R$ 600. O dilema é que é preciso alterar para 2011 a regra de cálculo que prevê a reposição da inflação mais o PIB de dois anos anteriores. Como em 2009 o PIB foi negativo em 0,2%, não haveria aumento real em 2011. As centrais querem antecipar o aumento em torno de 13% que valeria para 2012.

Salário de R$ 24 mil para Kassab
A Câmara Municipal de São Paulo pôs na pauta de votação, ontem, o projeto que reajusta o salário do prefeito Gilberto Kassab (DEM) em 95% e dos secretários municipais em cerca de 280%. O valor do salário do prefeito passaria de R$ 12.384 para R$ 24.117. O assunto ficou pendente, porque a proposta não teve os 28 votos necessários para passar em primeira votação nem para ser rejeitada.
Foram 20 votos contra e 19 a favor do reajuste. O projeto vai a nova discussão nos próximos dias.

Diretor do ‘Estado de Minas’ nega ter pedido quebra de sigilo a Amaury
O diretor de Redação do “Estado de Minas”, Josemar Gimenez, negou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que o jornal tenha encomendado ao jornalista Amaury Ribeiro Júnior a quebra do sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas e outros tucanos ligados ao candidato derrotado à Presidência, José Serra (PSDB). Gimenez negou também que o “Estado de Minas” tenha bancado as viagens do jornalista de Belo Horizonte a São Paulo, entre setembro e outubro de 2009, período da quebra do sigilo. A polícia apura eventuais vínculos entre o jornal e a violação do sigilo fiscal dos tucanos, um dos escândalos da campanha deste ano.
Num dos quatro depoimentos ao delegado Hugo Uruguai, antes do segundo turno das eleições, Amaury disse que fez um levantamento sobre Eduardo Jorge e outras pessoas para contrapor a uma investigação que estaria sendo feita por um suposto grupo do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) contra o ex-governador de Minas Aécio Neves. No período, Serra e Aécio eram potenciais candidatos do PSDB à Presidência.
“O ‘Estado de Minas’ nunca pediu a Amaury que investigasse qualquer suposto dossiê contra o então governador Aécio Neves”, disse Gimenez, conforme cópia do depoimento a que O GLOBO teve acesso.

PSB quer mais espaço no governo
Depois do PMDB, o PSB oficializou ontem à noite o desejo de ampliar espaço no futuro governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, para corresponder ao crescimento do partido nas urnas, com a eleição de seis governadores e 37 deputados federais. Além do Ministério de Ciência e Tecnologia e da Secretaria Nacional de Portos, os socialistas querem recuperar o Ministério da Integração Nacional ou assumir o Ministério das Cidades.
O pleito do partido foi apresentado pelo presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), ao presidente do PT, José Eduardo Dutra. Hoje, os governadores do PSB e as principais lideranças da legenda se reúnem em Brasília. Mas, de forma reservada, a expectativa do exministro Ciro Gomes de reassumir um cargo no primeiro escalão do governo perdeu força.

Menos poder para o vice
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou ontem proposta de emenda constitucional que esvazia as funções do vice-presidente da República. A PEC determina a realização de novas eleições para escolher o presidente da República se o cargo ficar vago. O vice ocuparia o posto interinamente até a eleição. Pela lei em vigor, o vicepresidente assume o lugar do titular.
De acordo com a PEC, caso a vacância (por morte ou renúncia) ocorra nos dois últimos anos do mandato presidencial, o novo ocupante do cargo será eleito pelos deputados e senadores 30 dias depois da abertura da vaga. Se a vacância ocorrer nos primeiros dois anos do mandato, será realizada uma nova eleição direta, com voto popular, em 90 dias.

AGU dá a Lula argumentos legais para não extraditar Cesare Battisti
O presidente Lula deverá manter no país o ex-ativista italiano Cesare Battisti, que está preso no Brasil e é condenado pelo governo da Itália por terrorismo. Ontem, Lula afirmou que vai seguir o que recomendar parecer da Advocacia Geral da União. O texto que está em fase final de redação na AGU dá ao presidente os argumentos legais para não extraditar Battisti e mantê-lo no país.
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a extradição do italiano, mas reconheceu que a palavra final sobre o caso caberia ao presidente da República. A pedido do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, um técnico da Consultoria Geral da União, órgão ligado à AGU, preparou um parecer que embasaria juridicamente a opção do governo brasileiro de negar o pedido da Itália. O parecer ainda não foi aprovado por Adams, mas demonstra que a AGU já está pronta para auxiliar Lula nesse sentido.

O ESTADO DE S. PAULO

Lula diz que todo poder é de Dilma: ‘Rei morto, rei posto’
O presidente Lula afirmou, em entrevista coletiva junto com Dilma Rousseff, que o governo da presidente eleita “tem de ter a cara de Dilma”. Ante as especulações sobre o real poder de sua sucessora, ele declarou que, a partir de 1º de janeiro, é “rei morto, rei posto”. Para reforçar a disposição de que não vai interferir, Lula sinalizou também que não vai disputar a eleição de 2014: “Chegar ao final do mandato com o reconhecimento popular que tem o governo, voltar é uma temeridade porque a expectativa gerada é infinitamente maior”. O presidente deixou claro que o objetivo da entrevista, convocada minutos antes de ser realizada, era passar um recado político. Em 15 oportunidades, Lula enfatizou que a formação do ministério é de inteira responsabilidade de Dilma. Apesar do discurso, Dilma e Lula vão aproveitar a longa viagem a Seul, na próxima semana, para discutir a aliança de sustentação do futuro governo e nomes para o ministério.

As definições de Dilma
CPMF: “Do ponto de vista do governo federal, não há uma necessidade premente (de recriar a CPMF). Mas do ponto de vista dos governadores sei que há esse processo.”
Salário mínimo: “Num cenário de o PIB crescendo a taxas que esperamos teremos um mínimo em 2014 bem acima de setecentos e poucos reais. Se não tiver nenhuma alteração, já em 2011 ou no início de 2012, ele estaria acima de R$ 600.”
Bolsa-família: “Tenho um objetivo de assegurar cada vez mais que a cobertura das famílias chegue a 100%. Hoje, não são 100%.”
Guerra cambial: “Todos os países fora a China e os Estados Unidos percebem que há uma guerra cambial. Numa situação dessas, não há solução individual. Você pode ter medidas de proteção no seu país, mas quando começa uma política de desvalorização competitiva, da última vez deu no que deu, na Segunda Guerra.”
Reforma agrária: “O presidente pediu para a Embrapa fazer uma avaliação sobre o índice de produtividade (das propriedades rurais) e definir o que considera tecnicamente correto. Vou avaliar esses dados.”

Chamada às pressas, eleita estava de malas prontas para viagem
A presidente eleita, Dilma Rousseff, já estava com as malas dentro do carro para uma viagem de descanso quando foi chamada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, ontem pela manhã. Ao recebê-la, Lula disse que estava preocupado com as notícias sobre a montagem do governo, consequência da disputa por cargos entre os partidos da coligação.
Lula sugeriu a Dilma que tomasse o processo de formação do governo exclusivamente em suas mãos, para evitar que se transforme numa crise política antes mesmo da posse, em 1º de janeiro. Porque, segundo o presidente, já tem governo montado e governo destituído. Lula disse ainda que sabe o que ocorre nesses momentos, em que uma porção de lados tenta garantir o espaço num futuro governo, à base de fofocas e de todo tipo de rasteiras possíveis.

Presidente ataca oposição
O presidente Lula aproveitou a entrevista para dizer que os opositores agiram de modo “raivoso”. Lula pediu que, com Dilma, eles passem a “torcer para que o Brasil dê certo”.

Oposição vê ‘ingratidão’ e agora promete ser dura
Provocados pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líderes da oposição avaliam que, para sobreviver, PSDB e DEM devem partir para uma postura de maior confronto com o governo federal.
Ao comentarem a declaração de Lula, que disse ontem esperar que a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) não enfrente uma oposição raivosa, os parlamentares afirmam ainda que, durante os oito anos de governo, fizeram uma “oposição dos sonhos”.
“A oposição que o Lula teve é a que todo presidente pede a Deus. Foi uma oposição generosa, responsável e construtiva. Raramente atuou com veemência”, disse o vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). Para o tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve de enfrentar uma oposição muito pior que a enfrentada por Lula. “O presidente Lula reclama, mas a única derrota dele no Senado foi a derrubada da CPMF. Fomos uma oposição sem volume e precisamos aprender com os próprios erros”, analisou.

Dirceu diz que presidente sairá de cena para dar autonomia a Dilma
O ex-ministro José Dirceu afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá sair de cena a partir de 1º de janeiro para dar autonomia à presidente eleita Dilma Rousseff. “Ele vai se recolher. Ele tem um papel no mundo, vai continuar viajando, ajudando os partidos de centro-esquerda no mundo a crescer.”
Entre os papéis que devem ser desempenhados por Lula, além de “conselheiro” de Dilma, Dirceu disse acreditar que ele se dedicará a uma fundação própria, atenderá a demandas do exterior por sua “experiência” como ex-presidente e se ocupará da implementação da reforma política.

PT e PMDB vão fatiar mandato na Câmara
Após tomar café da manhã com a presidente eleita Dilma Rousseff, na casa dela no Lago Sul, em Brasília, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), afirmou que seu partido e o PT assinarão um documento para dividir o comando da Câmara nos próximos quatro anos, cabendo um biênio a cada um. Entretanto, ressalvou que a escolha de quem ocupará o primeiro biênio ficará para janeiro.
O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Alves (RN), e o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), travam uma queda de braço pelo cargo. Alves declarou recentemente que não abre mão de assumir a presidência da Casa já em 2011.
Temer, por sua vez, deve renunciar à presidência do PMDB dias antes de assumir o novo cargo. O deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), eleito senador, é o nome mais forte para sucedê-lo no comando do partido.
Membros das bancadas peemedebista afirmam que o senador eleito tem o apoio de Temer para sucedê-lo, além do voto da maioria dos colegas.
Disputa interna
Eles lembram que Temer poderia acumular os dois cargos, desde que enquadrado ao dispositivo do Estatuto que prevê seu licenciamento automático do cargo nas vezes em que substituir Dilma na presidência. Mas entendem que ele será mais bem sucedido nas articulações no Congresso e terá mais chance de atuar na esfera do Executivo, se abrir mão da presidência em favor de alguém de sua confiança.
Eunício Oliveira afirma que seu nome “está à disposição do partido”. “Está indo bem essa conversa, tenho de ter a humildade de dizer que não recusaremos um cargo como esse”.

Especialistas temem que petróleo controle economia nacional
A ênfase dada pela presidente eleita Dilma Rousseff à construção de refinarias para o petróleo do pré-sal foi criticada por especialistas do setor. Em entrevista coletiva, Dilma afirmou que as “refinarias são cruciais para o pré-sal, porque nós não podemos ser exportadores de óleo bruto”.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), questiona a necessidade de construir tantas refinarias no País neste momento, e aponta para o risco de “venezuelização” do País, com concentração excessiva da economia brasileira na cadeia do petróleo. “Podemos acabar com capacidade ociosa, porque não sabemos ao certo quando é que teremos volumes significativos de petróleo no pré-sal”, diz Pires.

Orçamento para 2011 terá reforço de R$ 17,7 bilhões
Com a ‘ajudinha’ de um tucano, a proposta de orçamento para o primeiro ano de governo de Dilma Rousseff ganhou reforço de R$ 17,7 bilhões, diminuindo as pressões para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adote “medidas impopulares” para colaborar com a colega petista.
O adicional de receitas abriu espaço para atender as demandas que normalmente pressionam os gastos, como é caso do reajuste mais elevado para o salário mínimo, assim como para os aposentados, e atender as demandas de ressarcimento dos estados exportadores e por mais dinheiro na saúde e educação.

Aliados se mobilizam por nova CPMF
Os governadores da base aliada ao Palácio do Planalto deverão se mobilizar, a partir do ano que vem, para criar uma fonte de recursos para financiar a saúde. A ideia de instituir um imposto para custear a Saúde, em substituição à antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), agrada à presidente eleita Dilma Rousseff.
A maioria dos dez governadores de oposição eleitos deverá, no entanto, resistir à criação de um novo tributo.
“Não pretendo enviar um projeto recriando a CPMF. Mas tenho visto uma mobilização de governadores nessa direção”, afirmou ontem Dilma, durante entrevista coletiva. Mas ela se diz preocupada com a criação de novos impostos. “Eu tenho muita preocupação com a criação de impostos. Preferia outros mecanismos, mas tenho visto uma pressão dos governadores. É necessário que se abra um processo de discussão com eles”, disse.

Centrais querem manter regra do salário mínimo
A definição do valor do salário mínimo terá seu primeiro embate hoje, em reunião das centrais sindicais com o relator do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF). Os sindicalistas querem um ganho acima da inflação em 2011, mas não aceitam que o aumento pago no ano que vem seja uma antecipação do grande reajuste programado para 2012. Argello, porém, quer negociar os dois anos juntos. “Vamos abrir a negociação para o biênio 2011 e 2012”, disse o senador. Os sindicalistas deverão se reunir com representantes do governo e da equipe de transição na semana que vem. O mínimo fixado para o ano que vem é de R$ 538,15, mas o valor será arredondado para R$ 540, segundo Argello.
A confusão em torno do aumento do mínimo ocorre porque o piso salarial é corrigido conforme a variação da inflação e o crescimento do PIB de dois anos atrás. Se essa regra fosse seguida ao pé da letra, em 2011 não haveria aumento real, pois o PIB de 2009 foi negativo. Em 2012, por outro lado, o reajuste será bem elevado, porque o PIB de 2010 crescerá algo como 7,5%. “O reajuste de 2011 será ruim, mas o de 2012 será ótimo”, comentou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

Historiador renuncia por falta de acesso ao Arquivo Nacional
Dificuldades no acesso a documentos do regime militar durante o período eleitoral levaram o historiador Carlos Fico a renunciar ao cargo que ocupava no projeto Memórias Reveladas, que reúne informações sobre a ditadura militar. O professor acusa o Arquivo Nacional de impedir a consulta dos papéis, “sob a alegação de que jornalistas estariam fazendo uso indevido da documentação, buscando dados sobre os candidatos envolvidos na campanha eleitoral”.
Fico, que é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e era presidente substituto da Comissão de Altos Estudos do projeto, enviou ontem sua carta de renúncia ao presidente do Arquivo, Jaime Antunes. Até o início da noite de ontem, a instituição não havia se manifestado sobre o caso.
O historiador afirma que uma de suas alunas solicitou acesso a documentos do período do regime militar e foi informada por um funcionário de que “os acervos estavam fechados”. Na semana passada, o professor enviou um novo requerimento de consulta aos arquivos e também teve o pedido negado. Segundo Fico, uma funcionária pediu que ele entrasse em contato com o diretor-geral do Arquivo Nacional na sexta-feira, último dia da campanha eleitoral.
“Não é normal que um pesquisador precise se dirigir ao diretor-geral para ter acesso a documentos. É um procedimento burocratizado”, afirma. “Para mim, são evidentes os motivos pelos quais eu teria que esperar até o dia 29.”

No 2º turno, Serra conseguiu virar em apenas 3 Estados
Apenas no Espírito Santo, em Goiás e no Rio Grande do Sul, o presidenciável do PSDB, José Serra, conseguiu inverter, no último domingo, seu desempenho eleitoral em relação à presidente Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, ultrapassando-a, ainda assim, por diferenças modestas.
Nas demais unidades da Federação, os candidatos mantiveram no segundo turno as posições que ocupavam em relação ao outro em 3 de outubro. Como ambos conseguiram ampliar, em porcentuais semelhantes, suas vantagens nos Estados, a distância na votação nacional ficou parecida: caiu de14,3 para 12,1 pontos porcentuais entre os dois turnos.
Em 3 de outubro, Dilma teve 46,91% dos votos válidos e Serra, 32,61% – uma diferença de 14.519.151 votos de vantagem para a petista. No dia 31, o placar da vitória governista sobre os tucanos foi 56,05% a 43,95%, uma frente de 12.041.141 votos. Dessa forma, o ganho líquido de Serra no período foi de apenas 2.478.010 votos. A redução da distância que separou os dois candidatos foi de 2,2 pontos porcentuais.

EUA anunciam pacote de US$ 600 bilhões
Central dos EUA decidiu injetar US$ 600 bilhões para reanimar a economia do país. A partir de hoje, quando começam as compras de títulos do Tesouro americano, a liquidez deverá ser elevada à média de US$ 110 bilhões mensais, a que deve pressionar o câmbio em países emergentes como o Brasil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico avalia que há risco de bolha de ativos nesses países, porque há sinais de que os recursos emitidos nas nações ricas não tem entrada nas economias locais, mas se destinado aos emergentes.

Obama reconhece derrota e pede negociaçãao com republicanos
Derrotado nas eleições legislativas do dia 2, o presidente dos EUA, Barack Obama, recorreu ao Partido Republicano para que negocie soluções com os democratas e a Casa Branca para reaquecer a economia. O pleito de terça-feira refletiu clara desaprovação popular. Os democratas perderam 61 cadeiras na Câmara dos Deputados e os republicanos recuperaram a maioria dos votos: 239 contra 185.

CORREIO BRAZILIENSE

Dilma já fala em CPMF e aliados buscam receita
Na primeira entrevista coletiva após a vitória nas urnas, a presidente eleita, Dilma Rousseff, sinalizou como pretende negociar com o Congresso e com os governadores um tema espinhoso no Planalto: as contas públicas. Ela prevê um salário mínimo de R$ 600, mas somente em 2012, diferentemente do que havia proposto José Serra durante a campanha. Dilma também está disposta a conversar com os governos estaduais sobre a volta da CPMF, mas não pretende apresentar projeto de lei para o retorno do tributo. Enquanto a petista detalha as intenções de governo, os aliados se esmeram em aumentar as receitas no Orçamento. Os recursos extras podem chegar a R$ 20 bilhões e permitiriam um reajuste maior do salário mínimo — a proposta inicial para 2011 é de R$ 538 — e até o aumento a servidores públicos.

Novo governo: O filão das estatais
Empresas federais são o objeto de cobiça dos aliados de Dilma Rousseff. Para 2011, estatais têm uma previsão de R$ 107 bilhões em investimentos e participação em obras de grande visibilidade. Ao menos 612 postos em cargos executivos poderão ser preenchidos por apadrinhados. Muitos salários passam de R$ 20 mil.

Contas do GDF: Rombo de R$ 800 milhões
Além dos muitos problemas a serem resolvidos no DF, o petista Agnelo Queiroz terá outra herança difícil de administrar nos primeiros meses de governo. Ele receberá a máquina pública com os gastos contingenciados. Isso porque há um déficit milionário no orçamento, o que pode atrapalhar a implementação de novos programas.

Obama reconhece fracasso
O presidente admitiu que os norte-americanos estão frustrados com seu governo e por isso os democratas sofreram uma derrota nas urnas. Para reativar a economia, o banco central do país vai gastar US$ 600 bilhões

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