Mário Bittencourt l A TARDE
Foi paralisada nesta segunda-feira, 23, a construção de 1,5 mil casas do programa federal de habitação popular Minha Casa Minha Vida em Eunápolis, a 643 km de Salvador, no extremo sul da Bahia. Após assembleia realizada na porta do canteiro de obras, situada no bairro Itapuã, os poucos mais de mil trabalhadores foram para casa, com previsão de retorno somente quando a Construtora Sertenge S/A partir para a negociação das reivindicações, o que está sem previsão de ocorrer.
Falta de pagamento de horas extras há dois meses, e de cestas básicas há mais de sete meses; má qualidade na alimentação e água servidas; Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que não estaria sendo depositado, apesar de ser recolhido; e não-pagamento do abono, rebaixamentos e desvios de função e falta de pagamento das rescisões de contrato são as reclamações dos trabalhadores. A construtora Sertenge nega que estes problemas existam.
Descontos – “Tenho 81 horas prêmio para receber e até hoje nada. O mesmo está ocorrendo com o cartão de cesta básica e a própria cesta”, reclama o servente Márcio Antônio da Silva. O colega dele, Valdemir de Jesus, 41, diz que sua mulher está internada com problemas de saúde e não tem dinheiro para comprar remédio.
“Há cinco meses que espero meu salário integral, mas só vem com cortes”, denuncia Valdemir de Jesus. Ele afirma que deveria receber R$ 535, mas o último vencimento foi de R$ 520.
Rescisões – Outra reclamação é que a Construtora Francisco Santiago, que prestou serviço entre abril e junho deste ano à Sertenge, saiu da obra e não pagou os valores referentes à rescisão de contrato.
Esta é a segunda paralisação da obra, iniciada em outubro de 2009. Em janeiro de 2010, os operários interromperam os serviços por cerca de uma semana por conta de reclamação a respeito de salários. Estão sendo construídas 1.500 casas e, segundo a Sertenge, 70% da obra está pronta. A previsão é de que, em janeiro de 2011, as casas sejam entregues.