do Tribuna da Bahia

O excesso de oferta de milho no mercado brasileiro está prejudicando os produtores do Nordeste. Não bastasse isso, a política de garantia de preços do milho, promovida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é ineficiente para resolver o problema, já que os leilões não equilibram a oferta e a demanda, somente proporcionam ajustes regionais.

Além dos preços do milho praticados na Bahia de R$14,00 contra um preço mínimo de garantia do governo de R$19,03, o Mapa, através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), subsidia milho de Goiás, do Distrito Federal e do Mato Grosso para o Nordeste, gastando a logística para o Nordeste, em detrimento do produto da Bahia que não participa do leilão. “O milho sai do Mato Grosso, passa dentro da Bahia e vai para Pernambuco e Ceará, gastando um prêmio, que é dinheiro público, maior”, conta o vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Sérgio Pitt.

De acordo com Pitt, essa prática favorece o crescimento da produção do Mato Grosso em detrimento do cultivo na Bahia. “Enquanto o milho do Mato Grosso vai para o Nordeste, o milho da Bahia fica estagnado. É possível movimentar o produto da Bahia, gastando menos dinheiro com prêmios e logística”, conta.

“A política do governo precisa ser regionalizada. Não pode favorecer um estado e prejudicar outro.” Segundo o assessor de agronegócio da Aiba, Alcides Viana, a Bahia teve uma safra recorde de milho, atingindo 1,5 milhão de tonelada, mas não tem para onde vender. “Se tem oferta de milho no próprio Nordeste, para que trazer milho do Mato Grosso?”, questiona.

Uma reivindicação da entidade é a de viabilizar a exportação do produto. “O leilão é um bom instrumento, mas não resolve o problema do excesso de oferta de milho no mercado interno”, conta Pitt. Segundo ele, para equilibrar oferta e demanda é necessário tirar o milho do mercado interno através da compra pelo Governo (AGF) ou viabilizando a exportação do excedente. “Se o produto sai de circulação, é possível sustentar o seu preço”, conta.

De acordo com o vice-presidente da Aiba, subvencionar o produto não aumenta o seu preço. “Se paga uma logística para transferir o milho de lugar, mas o excedente permanece no país”, afirma. Pitt conta que o governo subvenciona grandes quantidades ao invés de comprar e tirar do mercado quantidades menores, o que seria mais eficaz para os produtores.

O vice-presidente da Aiba explica que no ano passado as exportações do Mato Grosso foram maiores, o que pressionou menos o milho do Nordeste. Porém, nesta safra há excedente no Mato Grosso devido à safrinha e a safra do oeste da Bahia foi recorde. “Em consequência disso, a participação da cultura do milho na matriz produtiva da região é cada vez menor, menos da metade da média nacional. O produtor planta porque, tecnicamente, é obrigado”, diz.

Segundo o diretor técnico da Aiba, Antonio Grespan, o produtor tem a necessidade de plantar milho por causa da rotação de culturas. “Se não houver a rotação de culturas, pode haver o surgimento de doenças de monocultura, como o mofo branco”, explica. “O milho deixa muita matéria orgânica no solo, o que favorece o plantio direto.

” Por essas questões, o ideal é que essa cultura ocupe cerca de 30% de uma matriz produtiva. Porém, a média da região é de apenas 9,7%, enquanto que a média nacional é de 29%. Segundo Grespan, se o milho ocupasse 25% da matriz produtiva do oeste da Bahia, a produção do grão abasteceria quase a totalidade do Nordeste.

O diretor técnico da Aiba também lembra que o custo de produção do milho é mais alto, do que, por exemplo, o da soja. “E a soja tem liquidez, o milho não.” Segundo ele, com o atual preço praticado, de R$ 14, é preciso ter uma produtividade muito boa. “Mas é muito arriscado”, alerta.

Grande expectativa dos expositores para Farm Show

Embalada pela boa safra de grãos na região, com recordes de produção de soja (3,213 milhões de toneladas, 28% a mais do que a safra passada), a Bahia Farm Show 2010 movimenta o Oeste da Bahia.

“Nunca houve tantas máquinas. Os expositores estão investido pesado em publicidade com muita criatividade para divulgar seus lançamentos, mudando a paisagem urbana local”, diz o presidente da Aiba, Walter Horita. A grande procura já faz os organizadores pensarem em uma ampliação da área de exposições para a edição 2011 da feira. “Para o evento crescer no próximo ano, teremos que aumentar o espaço disponível no Complexo Bahia Farm Show”, conta o diretor executivo da Aiba, Alex Rasia.
  
O público deste ano deve ser maior do que o de 2009. Para conhecer as novidades em máquinas, implementos, insumos, além de palestras e resultados de pesquisas agrícolas, são esperadas mais de 35 mil pessoas para os cinco dias do evento, o que ultrapassa os 32 mil visitantes do ano passado. “A tendência é que os R$ 214 milhões movimentados em 2009 sejam superados”, afirma Rasia.

A feira ocorre no Complexo Bahia Farm Show, que possui 200 hectares de área total. O local conta com 60  mil metros quadrados destinados a exposição, que abrigam com qualidade e conforto mais de 150 estandes. Há ainda 12 mil metros quadrados de canteiros experimentais, com materiais genéticos de alta performance.

A Bahia Farm Show é promovida pela Aiba, Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação dos Revendedores de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado da Bahia (Assomiba), Fundação Bahia e Prefeitura Municipal de Luis Eduardo Magalhães.

Seagri se desloca para o Oeste do estado

Pela primeira na sua história, a Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária transfere todo seu gabinete para o município de Luis Eduardo Magalhães, na região Oeste do Estado, onde o secretário Eduardo Salles estará despachando nos dias 1º e 2 deste mês de junho. O gabinete será instalado no estande da Seagri, no Complexo Bahia Farm Show, durante a Feira de Tecnologia Agrícola e Negócios, que acontece até o dia 5.

“Pela primeira vez estamos levando toda a Seagri para despachar no Oeste”, disse Salles, informando que a agricultura familiar também será contemplada, no dia 16 de junho, quando será a vez do Sudoeste, com o gabinete da Seagri instalado no município de Barra do Choça.

Na agenda do secretário Eduardo Salles consta a participação  no Fórum Canal Rural/Bahia Farm Show, que debaterá a produção agrícola ambientalmente sustentável, na tarde de quarta-feira.  Além de encontros com criadores, agricultores e líderes do setor, Salles vai fazer o lançamento do Projeto de verticalização das cadeias do milho, soja e algodão.

“O Oeste é grande produtor de milho e soja, cujas safras 2009/2010 foram as maiores na história da região, e também de algodão, mas não temos indústrias de transformação. Não podemos mais exportar apenas a produção primária”, afirma o secretário. Ele informou que a Seagri, com apoio da  Fundação Bahia, Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro), contratou a Fundação Getúlio Vargas para elaborar o “Estudo de Agregação de Valores aos Produtos da Agropecuária Baiana Através da Verticalização”.

Durante a Bahia Farm Show, será feito o anúncio oficial desta ação, disse o secretário, explicando que o estudo a ser desenvolvido pela FGV deverá mapear a região, analisar o que cada cadeia paga de tributação para tornar o negócio mais atrativo, listar que produtos podem ser derivados da soja, do milho e do algodão, detalhar o que existe e o que é preciso em termos de infraestrutura, logística, armazenagem e comercialização, e mensurar os impactos sociais, ambientais e econômicos.

Meio ambiente

A Semana do Meio Ambiente será lembrada em diversos momentos na programação da Bahia Farm Show, maior Feira de Tecnologia Agrícola e Negócios do Norte/ Nordeste, e a sexta maior  no gênero do país, que ocorre nesta semana, de hoje até o dia 5, no município de Luis Eduardo Magalhães-BA.

Já na abertura, que terá a participação do Governador do Estado, Jaques Wagner, do secretário de Meio Ambiente da Bahia, Eugênio Spengler, e do secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, dentre outros, mudas de espécies nativas do cerrado serão plantadas no Complexo Bahia Farm Show pelas autoridades e pelos 16 fundadores da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), entidade que este ano completa 20 anos de existência.
 
Também na abertura, Jaques Wagner apresentará o último documento normativo do arcabouço legal do Plano de Regularização e Adequação dos Imóveis Rurais/ Oeste Sustentável. Ele traz o roteiro de procedimentos necessários para que os produtores adesos ao Plano elaborem seus Projetos de Adequação e Regularização Ambiental. Esta iniciativa foi concebida e implementada através do trabalho conjunto entre produtores, Governo do Estado e sociedade civil organizada para solucionar o problema do passivo ambiental na região.

 “Ao vivo” na TV – Na quarta-feira , acontece o Fórum Canal Rural/Bahia Farm Show que colocará em debate as alternativas e perspectivas para uma produção agrícola ambientalmente sustentável.

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