A promotora Lourdes Peña afirmou nesta terça-feira que o carro utilizado no atentado contra o senador liberal do Paraguai Robert Acevedo é de origem brasileira, com placa de São Paulo, e não há indícios de que foi roubado. Mais cedo, a imprensa paraguaia revelou que dois brasileiros foram detidos por envolvimento no crime e que há suspeita de que pertençam à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

O senador, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), ficou ferido e não corre risco de morte. Ele é dono da rádio Amambay e várias vezes fez denúncias públicas contra a corrupção e a máfia do narcotráfico.

Daniel Figueredo/Reuters
Carro supostamente usado em ataque a senador no Paraguai; segundo promotora, veículo é brasileiro
Carro supostamente utilizado em ataque a senador liberal no Paraguai; segundo promotora, veículo é de fabricação brasileira

Segundo Peña, que concedeu entrevista à rádio 650 AM, o carro foi adquirido do Banco Itaú e não há nenhum pagamento pendente em seu registro. “O veículo é legal, segundo os dados preliminares que temos. Agora estamos verificando os dados com relação ao proprietário”.

A promotora explicou que a caminhonete, que foi incendiada, tem placa de São Paulo, cidade de atuação do PCC. A polícia encontrou ainda diversos cartuchos de bala de alto calibre dentro do veículo.

Peña confirmou ainda a prisão dos brasileiros Eduardo da Silva e Marcos Cordeiro Pereira, e afirmou que eles viviam em uma casa alugada, onde havia ainda sete veículos de procedência duvidosa.

“Estamos fazendo buscas na residência dos brasileiros. Ao lado da casa havia sete veículos, alguns com placa de São Paulo”, disse. Ao menos três dos veículos tinham placas adulteradas do Paraguai.

Eles foram presos na cidade de Pedro Juan Caballero. A cidade fica 550 quilômetros a nordeste de Assunção, na fronteira com o Brasil, e onde operam grupos de narcotraficantes. A zona foi declarada desde sábado (24) em estado de exceção, como estratégia do governo de Fernando Lugo para combater uma guerrilha de esquerda autodenominada Exército do Povo Paraguaio e que seria responsável por dezenas de homicídios e sequestros.

A polícia afirma que o atentado foi cometido por um grupo de criminosos da região. O próprio senador acusou, em declarações à rede de TV Telefuturo, grupos narcotraficantes pelo atentado.

Segundo seu irmão, José Carlos Acevedo, o senador estava sendo seguido há 15 dias. Ele disse ainda que vários grupos criminosos da região queriam matar o senador e que chegaram a contratar assassinos profissionais.

“Tive a informação esta manhã de que havia gente de fora que veio para acabar com a vida do meu irmão”, disse José Carlos, sem dar mais detalhes.

A rede de TV Telefuturo, que revelou que os dois suspeitos fazem parte do PCC, diz ainda que a polícia mantém operações de busca por outros suspeitos do atentado.

O ministro de Interior, Rafael Filizola, e o vice-ministro de Segurança, Carmelo Caballero, estão na cidade supervisionando os esforços.

Atentado

O ataque aconteceu perto do terminal de ônibus da cidade, por volta das 18h (19h em Brasília), de acordo com o site do jornal paraguaio “Ultima Hora”.

Os bandidos se aproximaram do carro do senador e dispararam ao menos 40 vezes, segundo as marcas deixadas no veículo, relataram fontes policiais a rádios da capital.

Derlis Arce, secretário do senador, informou à rádio Ñanduti que Acevedo levou dois tiros, um de raspão, e está em estado estável na clínica San Lucas.

Em entrevista à TV Telefuturo, da clínica onde está internado, o senador contou que “por um milagre de Deus não estou como os companheiros que estavam comigo, executados em pleno centro”. O motorista Floriano Alonso e o policial Richard Martinez, que protegiam o parlamentar, morreram no ataque.

Acevedo relatou que um motociclista o ajudou a chegar até uma farmácia, em frente à clínica San Lucas, onde ele ficou escondido até que os criminosos fossem embora. Só então, cruzou a rua e foi atendido no hospital.

A cidade de Pedro Juan Caballero é a capital de Amambay, um dos Departamentos (Estados) declarados em estado de exceção pelo Parlamento paraguaio para combater a guerrilha EPP.

O estado de exceção, decretado por 30 dias, afeta os Departamentos de Concepción, San Pedro, Amambay, Presidente Hayes e Alto Paraguai, onde vivem 800 mil pessoas, quatro deles fazem fronteira com o Brasil.

A polícia descartou qualquer ligação entre o EPP e o atentado desta segunda-feira.

Com agências internacionais / Folha

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