O pedreiro Admar de Jesus, 40, suspeito de estuprar e matar seis jovens em Luziânia (212 km de Goiânia), foi solto após ter passado, segundo a Justiça, por avaliações que garantiram que ele tinha condições de voltar à vida em sociedade.

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De acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o suspeito passou por todas as avaliações necessárias, incluindo a psicossocial.

Em nota, a Vara de Execuções Penais disse que tomou toda a “cautela necessária” e que, “infelizmente, não há como antever que certos condenados” irão cometer “atos graves”.

Segundo o TJ, relatórios de maio de 2009 apontavam que o preso havia sido atendido por psicólogos duas vezes e se mostrou com “polidez e coerência de pensamento” e que não ficou constatada doença mental.

Detido desde 2005, ele foi condenado a 14 anos de prisão por abusar de dois adolescentes, mas conseguiu a progressão de pena em 23 de dezembro de 2009. Os primeiros crimes em GO ocorreram dias depois.

Antes de o Judiciário se pronunciar, a sua liberação gerou críticas de autoridades, entre elas a do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. “O Poder Judiciário tem o direito de fazer essa liberação. O que me surpreende é que ela ocorra sem análise psicossocial desse indivíduo”, disse –a Folha não conseguiu falar com ele depois.

DNA

Os seis corpos dos jovens mortos em Luziânia, encontrados no último fim de semana, não puderam ser reconhecidos pelas famílias e serão identificados por exames de DNA.
O resultado deve sair nesta semana. Segundo a polícia, os corpos estavam em avançado processo de decomposição.

Ontem, o pedreiro foi ouvido em Goiânia por senadores da CPI da Pedofilia. Jesus foi apresentado a jornalistas pela Secretaria da Segurança Pública.

Ao falar sobre a prisão, ele pediu “perdão”, se disse arrependido e deu explicações diferentes das divulgadas pela polícia. De maneira confusa, chegou a dizer que as mortes foram encomendadas e que iria receber R$ 5.000. Depois, disse que matou um jovem que ameaçou divulgar na internet vídeos em que ele aparecia com adolescentes. Também afirmou estar com medo de ser morto.

No último domingo, a polícia informou que o pedreiro havia declarado que oferecia dinheiro aos garotos para que o ajudassem no transporte de materiais de construção. Em uma área de fazenda, estuprava as vítimas e as matava a pauladas.

Uma das linhas de investigação ainda considera a possibilidade de envolvimento do pedreiro com redes de pedofilia. Também é apurado se há outros envolvidos nas mortes. O preso ainda não tem advogado.

Folha

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