Ney Rubens /Direto de Belo Horizonte

 

A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais fazem na manhã desta quarta-feira novas buscas pelo corpo de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno de Souza. De acordo com o delegado Edson Moreira, responsável pelo caso, duas equipes do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) vasculham áreas do parque Lagoa do Nado, na região norte de Belo Horizonte.

 Moreira afirmou que as buscas são motivadas por informações do setor de inteligência da Polícia Civil, que constatou que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos (Bola), acusado de ser o executor de Eliza, teria se encontrado com uma pessoa na região no dia do crime. Segundo o delegado, as buscas servem para prestar uma satisfação à família da vítima e, caso o corpo seja encontrado, não alterará os resultados do inquérito. “A gente quer dar um conforto para a família. A materialidade do crime já está fatalmente comprovada nos autos”, afirmou.

 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a área das buscas tem cerca de 300 mil m². Ao todo, 18 militares da corporação auxiliam os trabalhos – oito mergulhadores e dez por terra.

Também nesta manhã serão retomadas as audiências sobre o desaparecimento de Eliza Samudio. As testemunhas de defesa de Bruno devem ser ouvidas a partir das 10h no Fórum de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

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