Um ativista acusado de matar um famoso médico que fazia abortos no Kansas foi condenado nesta quinta-feira (1º) à prisão perpétua, com possibilidade de liberdade condicional apenas daqui 50 anos.

Scott Roeder atirou no médico George Tiller, de 67 anos, na cabeça e pelas costas quando ele saía da igreja, em Wichita, em maio do ano passado.

O juiz distrital Warren Wilbert, do condado de Sedgwick, teve a opção de determinar a condicional para daqui 25 ou 50 anos, mas optou pela sentença mais dura, com o argumento de que Roeder perseguiu Tiller antes de matá-lo.

Roeder havia sido condenado por homicídio em primeiro grau em 29 de janeiro. Roeder assumiu o crime e disse que matou o médico porque acreditava estar protegendo crianças ainda não nascidas.

Tiller era um dos poucos médicos norte-americanos que realizava abortos depois do sexto mês de gravidez. Ele era uma espécie de ‘inimigo público’ dos militantes antiaborto, que o haviam apelidado de ‘assassino de bebês’.

O julgamento havia começado em 11 de janeiro. Diante do tribunal, Roeder declarou-se inocente e argumentou que sua atitude foi necessária para prevenir um ‘mal maior’.

Sua morte foi um ato de ‘terrorismo doméstico’ para intimidar outros médicos que aceitam fazer abortos, disse Terry O’Neill, presidente da Organização Nacional pela Livre Escolha das Mulheres (NOW, na sigla em inglês).

‘O asassinato de Scott Roeder não mirava apenas no doutor Tiller, e sim em outros médicos’, declarou O’Neill à AFP. ‘Essa é a essência do terrorismo.’

A família de Tiller fechou sua clínica depois do crime, e um médico de Nebraska inicialmente interessado em reabri-la desistiu da ideia, confrontado por ameaças e protestos.

Correio

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