Folha on Line

Moradora da Vila Romana, na zona oeste de São Paulo, a administradora Leda Maria Gomide, 62, resolveu protestar após sofrer um assalto: colocou uma placa em frente à própria casa para alertar bandidos e moradores.

Na placa, Leda informa que o local já foi assaltado e agradece, com ironia, a “falta de segurança no bairro”. Ninguém escapou da lista de agradecimento: a Polícia Militar, a subprefeita da Lapa, Soninha Francine (PPS), o conselho de segurança local, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o governador José Serra (PSDB).

Embora a placa informe que o crime teve direito a “tiro na cabeça”, a moradora explica que, na realidade, foi agredida com o cano de um revólver. Ela conta que o assalto ocorreu no último dia 19, quando quatro homens invadiram sua casa por volta das 11h30. Uma quinta pessoa ficou no carro monitorando a situação.

Em cerca de meia hora, os criminosos revistaram os cômodos e levaram joias, relógios, perfumes, aparelhos eletrônicos e dinheiro, deixando um prejuízo calculado em R$ 10 mil. “Revistaram tudo, parecia que tinha acontecido um terremoto. Só não rachou a terra, porque a cabeça da gente…Nossa Senhora!”

Leda afirma que no mesmo dia seu marido teve a ideia de fazer a placa, que foi colocada na quinta-feira (21). Ela mora sozinha com ele, mas no momento do assalto estava com a filha e o neto recém-nascido, além das duas empregadas da casa. “Minha filha estava com o bebê de uma semana, dando de mamar na cama, e puxaram a aliança dela. Você não imagina a brutalidade, foi muita maldade.”

Os vizinhos gostaram da ideia da placa e muitos, também assaltados, incentivaram a atitude. Eles reforçam as reclamações da falta de policiamento e da escuridão da rua à noite. O quarteirão até tem uma guarita de segurança particular, mas fica distante da casa de Leda.

Câmeras

Agora Leda diz que já conversa com os vizinhos sobre a possibilidade de instalarem uma guarita de segurança mais próxima. Mas a placa deve continuar. “A placa vai ficar aí. Estou colocando câmeras, e meu marido pretende pôr mais uma placa, dizendo que não está monitorando aqui de casa. Ele vai ver [as imagens] fora daqui.”

Com a repercussão do protesto, Leda diz que o policiamento aumentou um pouco, e um delegado do Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado) foi até a sua nesta quinta e disse que investigará o caso.

“Isso repercutiu tanto que não consigo fazer mais nada, a imprensa me procura toda hora. Agora, de vez em quando, até tem passado alguns [carros da polícia], mas muito de vez em quando”.

A 1ª Companhia do 4º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento na Vila Romana, disse que aumentou o patrulhamento na região, mas que muitas vezes ocorre demora pois as vítimas deixam de registrar um boletim de ocorrência.

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