O candidato a vice na chapa de Marina Silva (PV), Guilherme Leal, bancou quase metade dos R$ 24,9 milhões gastos na campanha da terceira colocada na eleição.
Em 22 doações distintas, o empresário, proprietário da rede de cosméticos Natura, repassou R$ 11,8 milhões, o equivalente a 47,5% do que arrecadou a candidata verde.
Ao todo, sua campanha recebeu 3.098 depósitos, sendo 2.831 via cartão de crédito –pagamento feito diretamente por simpatizantes de sua candidatura.
Apesar da quantidade, essas doações de pessoas físicas somam R$ 169 mil, ou 0,6% do total.
No início da campanha eleitoral, Marina Silva planejava gastar até R$ 90 milhões, mas o valor acabou sendo pouco mais de um quarto do registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As contas da candidata passarão por análise de técnicos e depois serão julgadas pela Justiça Eleitoral. Os dados da petista Dilma Rousseff e do tucano José Serra poderão ser entregues até o dia 30 de novembro, já que suas campanhas terminaram somente na semana passada.
DOAÇÕES OCULTAS
Ontem, também chegaram as prestações de cinco governadores eleitos: Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Jaques Wagner (PT-BA), Beto Richa (PSDB-PR), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e André Puccinelli (PMDB-MS).
As contas deles revelam que os comitês eleitorais e diretórios partidários são os maiores doadores.
A prática, conhecida como doação oculta, tem como objetivo desvincular os doadores e as campanhas e funciona da seguinte maneira: a empresa faz o depósito em uma conta geral e esse recurso é repassado ao candidato, impossibilitando que a origem seja identificada.
Juntos, receberam R$ 129 milhões, sendo 21,1% (ou R$ 27,3 milhões) em doações ocultas. No total, foram mais de 6.000 depósitos de comitês ou diretórios partidários.
Em números absolutos, foi Alckmin quem recebeu o maior valor em doações ocultas: R$ 9,6 milhões. Proporcionalmente, porém, o campeão é o novo governador do Paraná, Beto Richa, com 29% do total arrecadado.
A assessoria de Richa informou que há doadores que preferem colaborar com o partido a repassar recursos direto para o candidato. Esclareceu que as doações foram feitas como prevê a legislação e que os diretórios também prestam contas.
A assessoria de Alckmin não quis comentar. A de Jaques Wagner informou que as doações foram todas legais, mas não encontrou nenhum tesoureiro da campanha para explicar a opção pela doação por meio do comitê único. A Folha não localizou os responsáveis pela contabilidade de Puccinelli.
A assessoria de Sérgio Cabral esclareceu que o doador pode fazer repasses para o partido ou o candidato, respeitando as restrições legais. “A campanha não fez qualquer solicitação para direcionar doações para comitê ou candidato, cabendo ao doador a livre escolha.” da Folha