Por Wal Cordeiro – Consultor financeiro

ESTOQUE PREVENTIVO

 Existe um ditado popular que diz: Quem come e guarda, duas vezes põe a mesa. Lembro-me que a primeira vez que ouvi essa frase foi pela boca da minha mãe, na hora do almoço quando éramos crianças e queríamos comer tudo de gostoso que estava posto a nossa frente.

Precisamos relembrar um pouco as estratégias de José. O maior exemplo de economia doméstica já existente na história da raça humana. José realmente pode contribuir bastante na elaboração desse capítulo. Ele vai nos ajudar a mudar a nossa cosmovisão financeira doméstica.

 Lembre-se que: quando José foi chamado por faraó havia uma grande preocupação, por parte do governante, em encontrar alguém que pudesse discernir e interpretar o sonho que tanto lhe atormentava. Eram dois sonhos, o das vagas gordas e vacas magras, e das espigas bonitas e as feias e sem vida.

José fez questão de mostrar para faraó que os dois sonhos eram apenas uma mensagem, tinha um só significado. Talvez fosse necessário Deus colocar dois sonhos para faraó, afim de que ele se despertasse para algum mistério em torno deles e demonstrasse a sua presa em agir através do jovem hebreu. Aí explica o motivo de tanto alvoroço no Egito por causa de dois sonhos. Vamos deixar de lado a interpretação teológica aprofundada e nos apegar especificamente ao modelo de economia estabelecido por José.

Quando ele viu que faraó estava desesperado fez questão de acalmá-lo e revelar os sonhos na integra. Não deixou dúvidas no coração do líder nacional. Além da interpretação do sonho, José o alertou em relação ao tempo de fartura e depois de seca na terra que estava prestes a vir. De imediato apresentou o plano de economia nacional. Talvez o primeiro pacote econômico de uma nação oriental. Qual foi o plano. Vejamos o que nos diz o texto bíblico.

“Então disse José a Faraó: O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.
      As sete vacas formosas são sete anos, as sete espigas formosas também são sete anos, o sonho é um só.
      E as sete vacas feias à vista e magras, que subiam depois delas, são sete anos, e as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, serão sete anos de fome.
      Esta é a palavra que tenho dito a Faraó; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó.
      E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do Egito.
      E depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra;
      E não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que haverá depois; porquanto será gravíssima.
      E que o sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la.
      Portanto, Faraó previna-se agora de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito.
      Faça isso Faraó e ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do Egito nos sete anos de fartura,
      E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem o trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem.
      Assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.
      E esta palavra foi boa aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.
      E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o espírito de Deus?
      Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.
      Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu.
      Disse mais Faraó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito.
      E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pós na mão de José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pós um colar de ouro no seu pescoço.
     E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele: Ajoelhai. Assim o pôs sobre toda a terra do Egito.

E disse Faraó a José: Eu sou Faraó; porém sem ti ninguém levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito.
     E Faraó chamou a José de Zafenate-Panéia, e deu-lhe por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om; e saiu José por toda a terra do Egito.
      E José era da idade de trinta anos quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
     E nos sete anos de fartura a terra produziu abundantemente.

    E ele ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito; e guardou o mantimento nas cidades, pondo nas mesmas o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade.
     Assim ajuntou José muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porquanto não havia numeração”. (Genesis 41: 25 a 49).

O plano de estoque preventivo apresentado por José teve a duração de quatorze anos. Sete para estocagem e sete para administração e distribuição. Observe que José fez questão de mostrar para faraó que precisava da participação de todos na mobilização nacional no enfrentamento da crise que certamente viria. Isso nos ensina que na economia doméstica deve haver a participação de todos na família.

O filho desde novinho precisa aprender a economizar e valorizar as coisas. Os pais têm grande participação nisso. Acho um crime à atitude de muitas mães que abrem um pacote de biscoito caro e dá todo o pacote na mão da criança de colo, que faz do alimento um carrinho de passar no chão e desperdiça todo biscoito jogando fora. O certo seria colocar apenas um biscoito na mão da criança, depois que dele comer todo aquele biscoito aí sim a mãe dá-lhe outro. A criança vai entender que alimento é para se comer e brinquedo é para se brincar. Vai entender que um dia poderá fazer falta aquele alimento jogado fora.

A nossa administração doméstica vai determinar os resultados positivos ou negativos no futuro profissional dos nossos filhos. Na sociedade refletimos aquilo que aprendemos em casa, local onde passamos a maior parte da nossa vida. E a administração errada de um único biscoito poderá alterar todo o nosso rumo futuro para a bonança ou miséria.

Era esse princípio que José estava estabelecendo no reino de faraó. O povo não estava acostumado a economizar, tudo que produziam comiam e gastavam. Então, o jovem hebreu entrou com uma nova regra. A partir de agora não haverá mais desperdício de alimentos e tudo que ganhar será guardado num depósito (banco) a quinta parte do salário.

Ele está nos ensinando que: não podemos gastar tudo que recebemos! O estoque preventivo, ou economia preventiva deve fazer parte do nosso orçamento. Hoje poderá ser 10% ou 20% do nosso salário que deve ser poupado, de preferência guardado numa conta bancária. O ditado popular que diz: “Guardar hoje, para ter manhã” é a coisa mais certa e necessária.

Na planilha que estamos construindo com a palavra ONDE, existe a letra E que significa ESTOQUE PREVENTIVO. O nome já diz tudo: estocar para prevenir em relação aos dias futuros. Não sabemos o que virá. Pode ser: uma enfermidade grave que precisa de um tratamento caro, uma viagem de última hora, um prejuízo causado por algum tipo de acidente automobilístico, um desastre natural como aconteceu no Estado de Santa Catarina recentemente, ou, algum tipo de fatalidade que todos estão expostos nesta vida. Por isso, é necessário colocar em prática o mais breve possível, caso ainda não tenha colocado, a estratégia do ESTOQUE PREVENTIVO.

José fez assim e se deu muito bem, inclusive ele próprio declarou que foi usado por Deus para salvar a vida de milhares de pessoas que morreriam de fome caso o seu plano de ESTOQUE PREVENTIVO não fosse executado.

Extraído do livro: Gestão Financeira Doméstica – Como enfrentar a crise financeira mundial, cultivar a qualidade de vida no lar, evitar o stress financeiro e o divórcio! (lançamento em 2010)

 Autor: Wal Cordeiro

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