Em 1991 Lúcio, capitão do seu time, recebe o troféu em um torneio em Sobradinho, no Distrito Federal
Mesmo sem muita conversa, já na época de Planaltina Lúcio era escalado para ser o capitão do time. “Ele gostava de treinar. Ficava bravo e cobrava quando os outros jogadores chegavam atrasados ou faltavam”, lembra Rosa.
Então auxiliar técnico do time, o policial militar Albion Antonio Soares também destaca o esforço do capitão do Brasil para dar certo no futebol. “Craque ele não era não, teve sorte, mas lutou muito também”, opina. O treinador da época concorda: “Tinha um moleque que era muito melhor que ele, mas acabou se perdendo na malandragem, drogas e nunca ficou em time nenhum”.
7 a 0 e troca de nome
Com 18 anos, o capitão da seleção brasileira, ainda no Planaltina, tentou jogar em uma equipe de maior destaque. Reprovado no América-MG e no Vila Nova-GO, conseguiu acertar um contrato temporário com o União São João de Araras para disputar a Copa São Paulo de Júnior. Foi bem, mas não ficou, pois o clube achou caro pagar R$ 150 mil, valor fixado pelo passe do zagueiro.
De volta ao Distrito Federal, ele acabou sendo vendido para o Gama. Não jogou nenhuma partida no clube e foi emprestado para o Guará, que em 1997 disputaria a Copa do Brasil. “Ele foi para o jogo na antevéspera. O zagueiro do time se machucou e vieram buscar ele aqui”, lembra o ex-técnico do Planaltina.
Lúcio com a braçadeira da seleção
No Guará, atuou em uma única partida. A derrota de 7 a 0 para o Internacional. Após o jogo, o time foi desfeito. “Fizemos contrato de três meses com os atletas. Pagamos o primeiro, teve o jogo e fomos eliminados sem nem mesmo ter que disputar a partida de volta. Juntei todo o grupo e disse: como vou pagar vocês? E não pagamos mesmo”, revela Márcio Silva, que na época era vice-presidente do clube e hoje é tesoureiro do PMDB do Distrito Federal.
Lúcio foi o único que saiu imune à derrota. Mesmo com a goleada, o time gaúcho acertou a sua compra minutos depois do apito final do árbitro. “Me chamou atenção que ele ganhava as bolas aéreas do nosso centroavante e na velocidade do nosso outro atacante. Achei aquilo espetacular”, afirma o dirigente do Inter Fernando Carvalho.
No Sul, ele levou pouco tempo para chegar ao time principal e ganhar uma vaga entre os titulares. Antes, porém, precisou ser “rebatizado”. “Zagueiro chamado Lucimar não fica bem”, conta Fernando Carvalho. O nome escolhido por dona Maria foi trocado por Lúcio. “Eu fiquei triste, porque fui eu que coloquei. Mas, não importa, continuo chamando ele de Lucimar”, revela a mãe.
Líder da era Dunga
Antes de deixar o Inter para brilhar no futebol europeu, Lúcio jogou com quem ele diz ser o seu exemplo. “Não é porque ele é o treinador, mas sempre recordo da imagem de 1994, quando ele levantou a taça. A partir daquele dia, passei a sonhar em estar na seleção”, revelou o zagueiro.
A parceria no clube gaúcho durou pouco tempo. Apenas uma temporada, até Dunga abandonar o futebol. Desde 2006, entretanto, os dois voltaram a se encontrar, dessa vez não mais como colegas, mas como comandante e comandado.
Durante a era Dunga, Lúcio só não esteve entre os convocados da seleção em sete partidas, quando se recuperava de uma cirurgia para a retirada de uma hérnia. Na maioria dos jogos foi capitão. Em campo, o cidadão calado vira um jogador que fala. Grita, na maioria das vezes.
Com estilo diferente de todos os antecessores, o brasiliense de 32 anos tenta entrar para a turma de Bellini, Mauro, Carlos Alberto Torres, Dunga e Cafu e levantar mais uma taça de campeão mundial para o Brasil.