Com informações do Blog Baião de Dois
Faleceu na tarde deste domingo (6), aos 92 anos de idade, Ibis Antunes da Silveira. Ele era o último filho vivo do ilustre médico, Crescêncio Silveira que muito contribuiu com a cidade de Vitória da Conquista.
Ibis, conhecido como Tio Bibi, era viúvo e pai de oito filhos. Foi auditor fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia e possuidor de privilegiada inteligência.
O corpo está sendo velado na Capela do São Vicente e o sepultamento será realizado na tarde desta 2ª feira (7) às 16 horas.
Nota pessoal
Ter nascido na família Silveira me deixa muito honrado, e a morte de Tio Bibi, meu tio avô, transformou esse domingo num dia de muita tristeza. Em nome de minha mãe e dos meus irmãos, deixo aos meus queridos primos os nossos sinceros sentimentos de consternação e solidariedade. Podem ter certeza de que compartilhamos juntos desse momento de dor e despedida. Que Deus nos conforte.
Agora, a primeira geração de vovô Crescêncio, está completa e ao lado dele no céu! Descanse em paz, Tio Bibi!
Esaú Silveira Mendes e família
História de Crescêncio Silveira – O “Apóstolo da Caridade”

Nasceu no dia 16 de outubro de 1884 em Caetité (BA), de Tradicional família daquela cidade.
Foi casado com dona Cândida Guimarães Lacerda, com quem teve 10 filhos, entre eles Íris Geraldo da Silveira, poeta, jornalista e escritor de renome na cidade, foi o 1º prefeito de Caatiba (BA).
Chegou em Vitória da Conquista em 1914 aos 30 anos de idade, formado em Farmácia e, depois em Medicina pela então Faculdade de Medicina da Bahia, com defesa de tese. Em 1918, teve expressiva participação no combate a terrível epidemia da gripe espanhola em que Vitória da Conquista foi acometida, para tanto contou com a participação dos seus colegas médicos Nicanor Ferreira, Alexandre Afonso de Carvalho e Bernardo Pedral Sampaio.
No final do ano de 1919, participou no combate de outra terrível epidemia da varíola que o conquistense sofreu. A situação foi tão grave, que o intendente Ascendino Melo obrigou-se em mandar construir outro cemitério fora do perímetro urbano para que os bexiguentos não fossem enterrados no cemitério local e, apelou para que o Governador do Estado mandasse um médico da Secretaria de Saúde para debelar o flagelo. Em atenção ao justo apelo, mandou o médico Sanitarista Dr. Régis Pacheco para Vitória da Conquista em abril de 1920 com o fim exclusivo de acabar com a epidemia.
Foi um dos fundadores da Santa Casa de Misericórdia de Vitória da Conquista ao lado do Monsenhor Olímpio e demais beneméritos, sendo ele o 1º Provedor.
Foi também um dos fundadores do Aero Clube de Conquista e do Tiro de Guerra 382. Neste, foi também o 1º presidente em 1933.
Como clínico, atendia a todos praticando a caridade e não pelo dinheiro, prova disso, quando faleceu não tinha uma casa para morar. Em reconhecimento e gratidão, o povo conquistense deu-lhe o título de “Apóstolo da Caridade”. Na sua morte o dia 20 de julho de 1952, o jornal “A Batalha”, em edição do dia 17 de agosto do mesmo ano, fez-lhe uma matéria elogiosa da seguinte forma: “Não há beco tortuoso, viela esconsa ou agrupamento de casas humildes nos arredores de Conquista que não tenha sido visitado dezenas de vezes pelo hábil médico (Crescêncio) visando curar uma chaga, minorar uma dor e aliviar o sofrimento dos humildes e sobre tudo das parturientes desvalidas.
Confirmando o que certificou o jornal “A Batalha”, no município de Vitória da Conquista, uma parturiente sem poderes financeiros para locomover-se para aquela cidade, via aproximar seus dias de vida, sendo velada pelos seus vizinhos e amigos com enorme tristeza, quando em altas horas da noite, viram entrar um médico trajado de jaleco branco e sapatos brancos também, portando em mãos uma valise e perguntou:
– Em que quarto está uma desvalida parturiente?
Alguém o levou até o quarto e, momentos depois, dita parturiente viu nascer o seu filho.
O pai da criança naturalmente lhe perguntou: Quanto tenho a pagar?
Respondeu-lhe o médico: NADA. Não vim aqui pelo dinheiro, mas, a bem de uma caridade.
Ao despedir-se dali, surgiu uma dúvida entre os presentes naquele velório.
Para uns, aquele era o Dr. Crescêncio. Enquanto outros discordavam dizendo que o Dr. Crescêncio Silveira já havia morrido.
Tendo posteriormente, o pai da criança, ido a Vitória da Conquista, lá certificou-se de que o Dr. Crescêncio Silveira havia falecido no dia 20 de julho de 1952.
Na política, chegou a ser conselheiro municipal em 1918, deputado estadual em 1934 e prefeito de Caculé (BA).