A maioria das pessoas que se identificam como “cristãos nascidos de novo”, termo que os distinguiria dos “cristãos nominais”, possuem uma visão de mundo que está em desacordo com a Bíblia.
A constatação do levantamento, que entrevistou seis mil pessoas, é que os fiéis, apesar de frequentarem a igreja regularmente não conhecem a Bíblia em detalhes, ignorando e até contrariando os ensinamentos das Escrituras sobre princípios morais e hábitos cotidianos.
Segundo o ACFI, somente 14% sabiam responder questões básicas ligadas à fé que professam. Estranhamente, 30% possuem uma “perspectiva bíblica” da vida, embora 79% afirmam que vivem de acordo com as Escrituras. Além disso, apenas 40% se consideram “conservadores” em relação a questões políticas.
“Nossa pesquisa coletou informações sobre atitudes e comportamentos relacionados a questões práticas como mentir, trapacear, roubar, assistir pornografia, conhecer a natureza de Deus e as consequências do pecado”, esclarece George Barna, líder do projeto intitulado Christianity 101 [Cristianismo Básico].
O portal Christian Today, que divulgou os resultados, afirmou o levantamento expõe o “abismo” existente entre os que se identificam como cristão e sua maneira de ver a vida.
“Isso é um alerta sobre a discrepância entre a porcentagem de pessoas que se consideram cristãs e aqueles que, de fato, possuem uma visão bíblica sobre o mundo, que são pouco mais de 10%. Isso é alarmante”, lamentou George.
Logo na primeira questão, os entrevistados precisavam dizer se concordavam com a afirmação que foram perdoados de seus pecados pela fé em Jesus Cristo como seu Salvador e que não podiam fazer nada para merecer a vida eterna. Apenas um terço das pessoas disse concordar totalmente.
Surpreendentemente, 77% acredita que todas as pessoas são basicamente boas, apesar da doutrina do pecado original claramente ensinada no Livro do Gênesis.
Menos da metade (46%) afirmam ler a Bíblia pelo menos uma vez por semana. Isso pode ajudar a explicar por que a maioria deles, nas palavras do ACFI, “se afastou do ensino bíblico”.
Questionados sobre sua postura teológica, 54% se descrevem como seguidores da doutrina tradicional. Pouco mais de um terço (35%) afirma ser teologicamente “moderado”, e 10% aceita o rótulo de “liberal”.
Ainda que digam ser “evangélicos”, menos de quatro em cada 10 (38%) compartilha sua fé com os não-crentes com frequência.
Além disso, pouco mais da metade (54%) têm opiniões “conservadoras” sobre o tamanho ideal, o alcance e o poder do governo. Estranhamente, 34% dizem preferir o socialismo ao capitalismo.
“Infelizmente, vemos que muitos cristãos nascidos de novo são muito confusos quando se trata de explicar suas crenças teológicas”, disse Barna. “Essas crenças são a base de suas opiniões políticas e escolhas de estilo de vida. Embora todos sejamos pecadores e estamos muito aquém do que Deus espera de nós, talvez estejamos tão seduzidos pela cultura secular em que vivemos que perdemos o contato com a verdade bíblica. O perfil teológico e o comportamental desses cristãos, mostra-nos a pesquisa, é perturbador e terá severas consequências negativas a longo prazo em nossa cultura”.
Questionado sobre como uma pesquisa poderia julgar a sinceridade da fé das pessoas, Barna respondeu que a intenção era mostrar, pela frieza dos números, o nível de conhecimento e/ou envolvimento dos que se dizem cristãos com os princípios bíblicos.
“Toda vez que você tenta medir a visão de mundo ou a posição espiritual das pessoas, precisa fazer isso com cuidado. Reconheço que esta pesquisa fornece somente uma estimativa, não é um absoluto. Somente Deus realmente sabe quem possui uma cosmovisão bíblica. Só Deus sabe o que há na mente e no coração de cada pessoa”, resumiu.