Doações feitas ao PT foi parte de propina por contrato com a Petrobras, diz engenheiro

Foto: Reprodução / Facebook
O engenheiro Zwi Skornicki, preso na 23ª fase da Operação Lava Jato, afirmou nessa quinta-feira (21) que as empresas Keppel Fels e Technip fizeram doações eleitorais ao PT como parte da propina acertada por contrato firmado com a Petrobras para a construção da plataforma P-56. O depoimento foi prestado ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, por acordo de delação premiada. “Na P-56, como houve doações legais da propina, teve a participação do Frédéric Delormel [presidente da Technip], que organizou como fazer essas doações legais ao partido”, relatou Skornicki, que é representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels. Em 2002, as duas empresas se aliaram em um consórcio, o FSTP, que venceu em 2003 a licitação para a construção das plataformas P-51 e P-52. O engenheiro afirma que acertou com o consultor Raul Schmidt Felippe Júnior – preso em março em Portugal —  o pagamento de propina à Petrobras para garantir que o consórcio venceria a licitação. “O valor que tinha sido proposto era de 0,6% para a P-51 e de 0,7% para a P-52”, contou. Segundo ele, a propina era destinada a pessoas da Petrobras: “[Schmidt] não me disse os nomes, porque ele queria manter isso em segredo. Era o trabalho dele”. O engenheiro estima que os pagamentos referentes a essas plataformas foi de, pelo menos, US$ 9 milhões. Skornicki também confirmou pagamento de propina para que a Keppel Fels fechasse contrato com a Sete Brasil para a construção de seis navios-sonda. De acordo com o relato, era exigida propina de 1,2%, mas a companhia de Singapura só aceitava pagar 0,9%. Segundo ele, Barusco aceitou a proposta com uma condição: “Ele me disse que tinha feito todo esse trabalho sozinho, e pediu pra que eu pagasse mais 0,1% por fora, sem conhecimento das partes. Assim foi feito”. Moro questionou o motivo da Keppel Fels aceitar continuar pagando propina em novos contratos com a Petrobras e com a Sete Brasil, em vez de participar das licitações de forma regular. “Pra não termos nenhum embaraço durante as obras, nenhuma interferência. Para não atrapalhar, essa é a verdade. E aí, realmente ficou como se fosse uma coisa corriqueira. Acabou ficando um troço tão intrínseco, tão automático”, explicou Skornicki.
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