Foto compartilhada no Twitter mostra manifestantes diante do Parlamento (Foto: Reprodução/Twitter/Alex Rawlings)
Foto compartilhada no Twitter mostra manifestantes diante do Parlamento na sexta-feira após a divulgação do resultado do referendo (Foto: Reprodução/Twitter/Alex Rawlings)

Uma petição pública no Parlamento britânico para que o Reino Unido realize outro referendo sobre a permanência na União Europeia (UE) superou neste sábado (25) 1,1 milhão de assinaturas. Na sexta-feira (24), foi divulgado o resultado do referendo em que 51,9% dos eleitores britânicos optaram por deixar associação com os países europeus.

A solicitação fez com que o site da Câmara dos Comuns entrasse em colapso na sexta devido ao alto número de pessoas que entraram para aderir à proposta, segundo a Efe.

O texto, impulsionado por um cidadão identificado como William Oliver Healey, pede aos deputados a “implementação de uma norma pela qual se o voto para sair ou ficar (na UE) for inferior a 60%, com uma participação inferior de 75%, deveria ser convocado outro referendo.

Através de uma mensagem em seu site oficial, o parlamento afirmou que considerará este pedido para debate, o que se compromete a fazer com todas as iniciativas cidadãs que reúnam mais de 100 mil assinaturas. Uma comissão vai se reunir na próxima terça (28), quando poderá decidir se aprova a realização de um debate sobre o assunto.

Oficialmente, o referendo não é “vinculante”, ou seja, ele não torna obrigatória a decisão de sair do bloco europeu. Mas o futuro primeiro-ministro britânico dificilmente será capaz de contrariar a decisão da população. Parlamentares também podem bloquear a saída do Reino Unido, mas analistas consideram que isso seria suicídio político.

Enquanto a direita britânica diz não ter pressa para formalizar o pedido de separação, os países da União Europeia fazem forte pressão para que o Reino Unido formalize a sua saída o mais rapidamente possível.

A saída do Reino Unido não será um divórcio amistoso, advertiu o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que pede a Londres que apresente “imediatamente” o pedido de saída. “Não é um divórcio amistoso, mas também não era uma grande relação amorosa”, declarou ao canal alemão ARD.

Processo para separação  
O processo para encerrar 40 anos de união não é automático e se anuncia um divórcio difícil, porque tem de ser negociado com os outros 27 membros do bloco. É a primeira vez que isso acontece.

A Câmara Baixa do Parlamento britânico, onde a maioria é contra a Brexit, deve pedir ao premiê para apresentar a Bruxelas a carta anunciando a saída do bloco, segundo a Deutsche Welle. Esse próximo passo ainda não tem prazo para acontecer.

O Reino Unido deve ativar, então, a Cláusula 50 do Tratado de Lisboa, que desde 2009 funciona como uma espécie de Constituição Europeia, explicou a BBC. Uma vez que esse artigo é acionado não dá para voltar atrás.

A maioria dos 650 deputados federais britânicos é favorável à permanência do Reino Unido na UE. Ao menos 450 deles, de diversos partidos, articulam o lobby na tentativa de garantir a permanência britânica no mercado europeu – proposta polêmica e que deve enfrentar forte resistência dos outros países do bloco.

A manutenção desse elo, por outro lado, forçaria o Reino Unido a manter suas fronteiras com a UE abertas para trabalhadores europeus e continuar contribuindo para o orçamento do bloco – o que desagrada os partidários da Brexit.

Divisões profundas e os insatisfeitos
O resultado do plebiscito sobre a permanência na UE evidenciou profundas divisões entre os britânicos. Em grandes cidades como Londres, Manchester, Bristol, Leicester, Leeds e Liverpool, a maioria votou por permanecer na UE, enquanto em cidades menores e zonas rurais predominou a preferência pela saída do bloco.

Na sexta-feira, londrinos fizeram um protesto contra o resultado do referendo. A maioria dos eleitores da cosmopolita capital britânica, de 8,6 milhões de habitantes, votou contra a separação. Os londrinos também lançaram uma campanha bem-humorada pela independência da capital britânica nas redes sociais, como informou a BBC.

O sentimento de arrependimento pela Brexit, foi nomeado “Bregret” (fusão entre os termos “Brexit” e “regret”, que significa arrependimento em inglês) na internet, coincide com várias buscas na rede sobre que é a UE nas horas posteriores à votação, segundo a Efe.

Referendo
A apuração foi divulgada por áreas de votação e a disputa, bastante acirrada. O “sair” começou à frente e chegou a ser ultrapassado pelo desejo de continuar na UE, mas logo retomou a liderança e foi abrindo vantagem até vencer com quase 51,9% dos votos. Foram 17.410.742 votos a favor da saída e 16.141.242 votos pela permanência – mais de 1,2 milhão de votos de diferença.

Após a divulgação do resultado o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que se opunha à separação, anunciou que deixará o cargo em outubro. “Os britânicos votaram pela saída e sua vontade deve ser respeitada”, afirmou o premiê. Ele ponderou que o país precisa de uma nova liderança para levar a decisão adiante. “A negociação deve começar com um novo primeiro-ministro”. Fonte: G1

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