Boneco gigante de Dilma Rousseff na manifestação na Avenida Paulista (Foto: Alexandre Moreira/G1)
Manifestantes se reuniram neste domingo (13) na Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar e pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Este foi o primeiro ato contra o governo federal este ano, e o maior em número de pessoas desde 2015, de acordo com estimativas da Polícia Militar (PM), dos organizadores e do Instituto Datafolha.
Segundo balanço do Datafolha, o protesto reuniu 500 mil pessoas. O Instituto divulgou que a manifestação em São Paulo foi o maior protesto na história da cidade. O ato nas Diretas Já, em 1984, reuniu 400 mil pessoas. Já o maior protesto anti-Dilma, até então, teve 210 mil pessoas em março de 2015, segundo o Datafolha.
A porta-voz da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, Carla Zambelli, no entanto, disse ao G1 que o número de manifestantes passou de dois milhões de pessoas. Segundo ela, a aliança reúne 40 movimentos que participaram do ato. O número é o mesmo divulgado por Fernando Holiday, um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre (MBL) e Acácio Dorta, outro líder do grupo.
Já o movimento Vem Pra Rua contabilizou 2,5 milhões de pessoas na Avenida Paulista, segundo o porta-voz do grupo, Rogério Chequer.
Início do protesto
Por volta das 9h, carros de som foram estacionados ao longo de toda avenida e os primeiros grupos começaram a chegar ao local. A Polícia Militar acompanha o ato desde as 10h. A manifestação estava marcada para às 14h, mas começou antes, no início da tarde de domingo.
Cartazes e faixas pedindo o impeachment de Dilma e em apoio ao juiz Sérgio Moro foram pregados nos postes. Ambulantes vendem bandeiras, apitos, camisetas e bonecos de ar do ex-presidente Lula e da Dilma como presidiários. Sob o Museu de Arte de São Paulo (Masp), manifestantes batiam panelas.
Um grupo encheu bonecos infláveis da presidente Dilma Rousseff, vestida de vermelho e com uma máscara, e do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva com roupa de presidiário, apelidado de “pixuleco”.
No começo da tarde, uma mulher foi detida pela Polícia Militar por desacato em frente ao Masp e houve um princípio de confusão (assista ao vídeo abaixo). A corporação disse que a mulher arremessou uma garrafa de água contra os policiais. Ela foi retirada do ato e levada para o 78º Distrito Policial (DP).
Políticos no ato
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador Aécio Neves, ambos do PSDB, foram recebidos com xingamentos por alguns manifestantes quando eles chegaram na Avenida Paulista na tarde deste domingo, segundo relatos dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e da rádio CBN. Os dois também foram aplaudidos por outros manifestantes.
Os dois políticos se encontraram no Palácio dos Bandeirantes e foram juntos para a Paulista. Desceram em uma van atrás do Masp onde foram recebidos por manifestantes. Algumas pessoas gritaram “oportunistas” para eles. Uma mulher gritou “Fora Aécio! Fora vagabundo! Você é lixo também” (ouça o áudio da CBN).
Citado na Operação Lava Jato, Aécio Neves afirmou: “Todas as citações têm que ser investigadas, e todas elas são falsas”, disse Aécio. A reportagem da GloboNews perguntou para Aécio Neves: “O que o senhor achou da reação das pessoas?”. O senador respondeu: “É extremamente poisitiva, hoje estamos unidos em um só objetivo, terminar o governo Dilma”.
A reportagem também questionou Alckmin: “Houve manifestações contrárias ao senhor, não é, governador?”. O governador disse: “Não, eu não vi nenhuma manifestação. É uma grande manifestação popular, é preciso saber ouvi-la e agir para ajudar o país a mudar o mais rápido possível”. Os dois foram convidados pelo Movimento Brasil Livre para discursar no carro de som, mas não aceitaram. Eles deram entrevistas na avenida e logo foram embora.
Este é o primeiro protesto a favor do impeachment que conta com a presença do governador Geraldo Alckmin. Já Aécio Neves participou de atos em Belo Horizonte, um deles na manhã deste domingo, antes de rumar para São Paulo. Nos últimos dias, o PSDB chegou a divulgar vídeo em que o senador convoca a população para participar dos atos deste domingo.
A comitiva também é integrada, entre outros, pelo senador Aloysio Nunes e pelos deputados federais Antonio Imbassahy e Paulinho da Força, do Solidariedade. Alckmin afirmou que “é preciso uma solução rápida para retomar o crescimento” e chamou o dia de protestos de “dia da democracia”. “Temos certeza de que vamos ter um show de civismo, de liberdade de expressão e de democracia”, disse.
A senadora Marta Suplicy (PMDB) foi hostilizada enquanto dava entrevista em frente ao prédio da Federal das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp). Sob gritos de “perua”, “vira casaca” e “fora PT”, ela deixou o ato e voltou ao prédio da Fiesp acompanhada de militantes da juventude do PMDB.
A assessoria de imprensa da senadora informou, no entanto, que Marta foi “positivamente saudada por centenas de manifestantes que o tempo todo vinham ao seu encontro para cumprimentá-la e fazer fotografias ao lado de simpatizantes e seus familiares” e que apenas “um senhor acompanhado de uma mulher, exclamou em voz alta a frase ‘PMDB é igual ao PT'”. Ainda segundo a nota, a senadora retirou-se do protesto “sem nenhum tipo de hostilidade”.
O político Levy Fidelix, presidente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), também foi vaiado pelos manifestantes enquanto discursava no protesto. Ele pede a saída da presidente Dilma Rousseff.
O senador José Serra (PSDB) chegou ao ato no meio da tarde. O G1 encontrou Serra na Rua Pamplona por volta de 15h45. Ele acenou, tirou umas fofos e subiu para a Avenida Paulista. Depois da passagem do senador, os manifestantes gritaram “Fora PT”.
Público
A aposentada Joana D’Arc disse que saiu de casa neste domingo para “protestar contra o PT radicalmente”. Ela foi até a Avenida Paulista com amigos do prédio onde mora, da Vila Romana, carregando uma faixa escrito “fora PT”.
Embrulhado em papel de presente, o protético Wagner Paiva foi fantasiado de “amigo do tríplex” para a manifestação. “O Brasil tem que lutar para melhorar”, disse o manifestante quando chegava na Avenida Paulista.
Embrulhado em papel de presente, o protético Wagner Paiva foi fantasiado de “amigo do tríplex” para ato na Avenida Paulista, em São Paulo (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)
Protestos anteriores
Em 2015, os quatro protestos contra o governo federal que ocorreram na região da Avenida Paulista foram em 15 de março, 12 de abril, 16 de agosto e 13 de dezembro. Em abril, a PM havia calculado em 275 mil o número de manifestantes. O Datafolha informou que foram 100 mil. Já os organizadores falaram em 800 mil pessoas.
Em março, tanto a PM como os organizadores informaram que havia 1 milhão de pessoas. O Datafolha apontava 210 mil. Em agosto, os grupos organizadores estimaram o público entre 900 mil e 1,5 milhão de pessoas. Segundo a Polícia Militar, foram 350 mil, no pico. O Datafolha contou 135 mil manifestantes naquela ocasião.
Em dezembro, o Datafolha calculou que o ato reuniu 40,3 mil manifestantes na Avenida Paulista. Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que havia 30 mil pessoas no horário de maior concentração, às 16h15.
15/03/2015
Polícia Militar: 1 milhão
Organizadores: 1 milhão
Datafolha: 210 mil
12/04/2015
Polícia Militar: 275 mil
Organizadores: 800 mil
Datafolha: 100 mil
16/08/2015
Polícia Militar: 350 mil
Organizadores: 900 mil a 1,5 milhão
Datafolha: 135 mil
13/12/2015
Polícia Militar: 40,3 mil
Organizadores: entre 50 mil a 500 mil
Datafolha: 30 mil
13/03/2016
Polícia Militar: 1,4 milhão
Organizadores: 2,5 milhão
Datafolha: 450 mil (parcial)
Fonte: Gabriela Gonçalves, Paula Paiva Paulo, Tahiane Stochero, Letícia Macedo e Glauco AraújoDo G1 São Paulo