An Aedes albopictus female mosquito feeds on a human blood meal.


Photo by James Gathany, Centers for Disease Control and Prevention
Zica é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. (Divulgação)

O município de Vitória da Conquista registrou pela primeira vez um caso suspeito de microcefalia relacionada ao zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo transmissor da chikungunya e dengue.

A notificação consta no relatório mais atualizado sobre o assunto, divulgado nesta terça-feira (29) pela Sesab (Secretaria de Saúde da Bahia).

Os casos suspeitos são os que foram notificados até o dia 26 de dezembro e não há maiores informações sobre o caso de Vitória da Conquista, onde a última divulgação oficial (de setembro de 2015) apontou que o índice de infestação de focos do mosquito estava em 2,2% dos domicílios. O Ministério da Saúde considera tolerável o índice de 1%.

Municípios que fazem parte da região sudoeste, Jequié e Belo Campo também registraram casos do mesmo tipo que em Vitória da Conquista. (Veja a lista na tabela abaixo)

Fonte: Sesab

Em todo o estado foram notificados 312 suspeitas de microcefalia com perímetro cefálico menor ou igual a 32 centímetros, em 69 municípios, sendo Salvador o que apresentou o maior número, com 173 casos (55%).

De acordo com a Sesab, foram realizados exames comprobatórios de imagem (ultrassonografia transfontanela ou tomografia computadorizada) em 83 pacientes com microcefalia, sendo 66 em Salvador, 9 em Lauro de Freitas e 8 em Camaçari.

Os demais municípios não registraram essas informações até o momento.

Do total de exames realizados, 57 (68,7%) apresentavam alterações patológicas do sistema nervoso central.

Dentre os 312 casos, foram notificados dez óbitos nos municípios de Salvador (2), Itapetinga (1), Olindina (1), Tanhaçu (1), Camaçari (1), Itabuna (1), Campo Formoso (1), Alagoinhas (1) e Crisópolis (1). Todos os casos estão em investigação.

Ações

O governador Rui Costa e o secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, se reuniram este mês com os prefeitos dos municípios com maior incidência de zika, chikungunya e dengue para apresentar a campanha estadual e alinhar o fluxo de atendimento aos pacientes.

Em Salvador, o Centro de Operações de Emergências em Saúde do Governo da Bahia já funciona há três semanas e tem como objetivo atender às necessidades de produção e atualização de informações sobre o quadro epidemiológico baiano e estabelecimento das medidas de vigilância, controle e atenção.

A iniciava é coordenada pela Sesab, responsável pelo envio de equipes para auxiliar os municípios na investigação em campo, clínica e laboratorial, bem como o estabelecimento de um plano para controle das microcefalias e redução dos agravos.

Na semana passada, o secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas esteve com o Ministro Marcelo Castro (Saúde) e com o Secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Antônio Nardi, entregando nove projetos prioritários para o Estado da Bahia, que preveem investimento de R$ 47 milhões.

A Sesab destaca que o registro de suspeita de microcefalia relacionada ao zika é fundamental para desencadear o processo de investigação, visando à identificação das prováveis causas, assim como o acompanhamento da evolução dos casos.

“Todos os casos identificados de microcefalia que se enquadram na definição do Ministério da Saúde devem ser comunicados imediatamente (até 24h) pela equipe do estabelecimento de saúde onde foi realizado diagnóstico”, diz o órgão.


CONHEÇA ALGUMAS AÇÕES DE COMBATE AO AEDES

Diversas ações de pesquisa e desenvolvimento tecnológico estão em curso para combater o Aedes aegypti. Dentre elas, o teste rápido para dengue e chikungunya, o caça mosquito, mosquito transgênico, bacillus thuringiensis, wolbachia e repelente com nanotecnologia. Saiba mais sobre eles:

Teste rápido |A Sesab fará aquisição de 200 mil testes rápidos para que seja possível identificar os casos de dengue e chikungunya e, por exclusão e exames clínicos, diagnosticar a zika, visto que até o momento não há teste em escala comercial. O teste é associado a um smartphone com GPS e permite, simultaneamente, o georreferenciamento (Google Maps) dos casos, a fim de controlar rapidamente os surtos, bem como ter o resultado em apenas 20 minutos, o que antes demorava até 60 dias.


Caça Mosquito | O aplicativo será lançado em janeiro de 2016 nas plataformas Android e IOS. Como funciona? Qualquer pessoa poderá informar os locais de possível foco do mosquito. Haverá utilização de GPS para georreferenciamento. As informações enviadas pelo aplicativo para a Sesab serão encaminhadas para os órgãos municipais para que as medidas cabíveis sejam realizadas (enviar agentes de endemias e utilizar UBV).


Mosquito transgênico | Está em fase de ampliação da produção. A Sesab informa ter “convicção de que estratégias alternativas de combate ao mosquito devem ser estimuladas, pois ele se tornou a principal ameaça à saúde pública do país, visto que é vetor de transmissão da dengue, chikungunya e zika”. O mosquito transgênico é de responsabilidade da Fábrica Moscamed, instalada em Juazeiro (norte da Bahia). Os testes são realizados em Jacobina. Como funciona? A iniciativa busca que as fêmeas do Aedes silvestre, ao cruzar com os transgênicos machos, gerem mosquitos estéreis ou que morram antes de chegar à fase adulta. Dados preliminares apontam para a redução de até 80% no número de ovos e mosquitos selvagens, nas localidades onde houve a liberação do mosquito transgênico. Atualmente, a fábrica tem a capacidade de produzir de 4 a 5 milhões de mosquitos por semana, o que é suficiente para controlar uma área de até 100 mil habitantes.


Bacillus thuringiensis | Está em análise a exequidade, segurança e eficácia em escala comercial do Bacillus thuringiensis no combate ao Aedes. Como funciona? Esse bacilo infecta as larvas do mosquito aedes e as mata. Atualmente é utilizado em estratégias de controle de pragas na pulverização de lavouras. A Sesab tem se reunido com especialistas e analisando pesquisas a fim de avaliar a sua aplicação. Antes, porém, passará por criteriosa análise de biossegurança, visto que a estratégia prevê a disseminação pela rede de água.


Wolbachia | Os resultados no Rio de Janeiro estão sendo avaliados para depois serem aplicados na Bahia. No Rio de Janeiro, após um ano de testes com mosquitos da dengue modificados em laboratório, a Fundação Oswaldo Cruz ampliou a área de atuação do projeto. O bairro de Jurujuba, em Niterói, região metropolitana, tem recebido desde agosto milhares de ovos do Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, encontrada no meio ambiente e capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito. A experiência faz parte do projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, que começou há cerca de um ano no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. Neste projeto foram liberados durante quatro meses, aproximadamente 10 mil mosquitos modificados com a bactéria. A Wolbachia está presente em cerca de 60% dos insetos no mundo, incluindo diversas espécies de mosquitos, como o pernilongo, e não apresenta risco para a saúde humana ou para o ambiente. É uma bactéria intracelular, transmitida de mãe para filho no processo de reprodução dos mosquitos e não durante a picada do Aedes em ser humano. A pesquisa com a bactéria também está sendo desenvolvida no Vietnã e na Indonésia.


Repelente com Nanotecnologia |Análise da molécula de repelente (IR3535) aprisionada em uma nanopartícula. Como funciona? Pode ser diluída em tinta para a pintura de casas, com efeito residual de até 4 anos, ou mesmo na lavagens de roupas, possibilitando proteção por até 100 lavagens. Está em negociação comercial.

Fonte: Suiça Baiana

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