A Petrobras informou na noite desta quinta-feira (13) que não irá apresentar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 com o relatório de revisão dos seus auditores externos, PricewaterhouseCoopers (PwC), no prazo previsto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em comunicado enviado à CVM, a estatal afirma que “a companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data”. A empresa informou que estima apresentar, no dia 12 de dezembro, informações contábeis relativas ao terceiro trimestre de 2014 ainda não revisadas pelos auditores externos, “refletindo a sua situação patrimonial à luz dos fatos conhecidos até essa data”. A expectativa era que os resultados fossem divulgados pela companhia nesta sexta-feira (14).

VALE ESTA 2 arte youssef lava jato (Foto: Editoria de Arte/G1)

A decisão é motivada pelas investigações da Operação Lava Jato. Segundo a empresa, se as denúncias de desvios de Paulo Roberto Costa forem consideradas “verdadeiras”, “podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da companhia”.

“Como é de conhecimento público, a Petrobras passa por um momento único em sua história, em face das denúncias e investigações decorrentes da ‘Operação Lava Jato’ conduzida pela Polícia Federal, na qual o ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa e está sendo investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros”, justificou a empresa.

“Diante de tal cenário, e considerando o teor do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa à Justiça Federal em 08/10/2014, quando fez declarações que, se verdadeiras, podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da Companhia, a Petrobras vem adotando diversas providências que visam ao aprofundamento das investigações.”

Segundo a empresa, as informações do terceiro trimestre, já revisadas pelos auditores externos, serão divulgadas “o mais breve possível”. A Petrobras afirma que vai comunicar a data com pelo menos 15 dias de antecedência.

Denúncias
Petrobras está no centro das investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal. O esquema, segundo a PF, foi usado para lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, de acordo com as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. As investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio, diz a PF.

Os principais contratos sob suspeita são a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que teria servido para abastecer caixa de partidos e pagar propina, e o da construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, da qual teriam sido desviados até R$ 400 milhões.

Em outubro, no dia 17, a Petrobras informouà CVM que criou comissões internas para “averiguar indícios ou fatos contra a empresa” sobre as denúncias investigadas pela Lava Jato, afirmando que iria estudar medidas jurícidas para ser ressarcida pelos eventuais danos sofridos. No dia 27, a empresa divulgou outro comunicado,informando que contratou duas empresas independentes para investigar as denúncias do ex-diretor.

No comunicado desta quinta, a petroleira ressaltou a contratação dos dois “escritórios de advocacia independentes especializados em investigação”, sendo um brasileiro e um norte-americano, para apurar as denúncias de Costa e avaliar os possíveis danos à empresa.

A Petrobras afirma que não será possível divulgar o balanço trimestral na sexta-feira porque  não haveria tempo hábil para “se obter maior aprofundamento nas investigações em curso pelos escritórios contratados”, “proceder aos possíveis ajustes nas demonstrações contábeis com base nas denúncias e investigações relacionadas à ‘Operaçao Lava Jato'” e “avaliar a necessidade de melhorias nos controles internos”. Fonte: G1

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