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Presidenciáveis, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) – Felipe Cotrim/VEJA.com
Mais de cento e quarenta milhões de eleitores brasileiros vão às urnas neste domingo para o primeiro capítulo das eleições mais imprevisíveis desde a redemocratização do país. Pela primeira vez nos últimos 25 anos, dois candidatos chegam ao primeiro turno em cenário de empate técnico. Os números da última pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado, indicam que Aécio Neves (PSDB) ultrapassou Marina Silva (PSB) na reta final e deve enfrentar Dilma Rousseff (PT) no segundo turno.
A turbulenta história do pleito de 2014 ganhou contornos trágicos com a morte de Eduardo Campos em plena campanha, em um acidente aéreo no dia 13 de agosto, na cidade de Santos (SP). O luto que marcou a campanha e interrompeu a carreira de um político promissor também devolveu à corrida a ex-senadora Marina Silva (PSB), que havia se transformado em vice de Campos após ter o registro de seu novo partido, a Rede, negado pela Justiça Eleitoral. Por vias tortas, Marina tornou realidade aquilo que com Eduardo Campos era ainda uma expectativa: a quebra da polarização entre PT e PSDB.
Mesmo os coadjuvantes cumpriram um papel significativo na eleição presidencial. A diversidade de ideias esteve melhor representada do que nos últimos pleitos e isso se refletiu na discussão de temas como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo e até a privatização da Petrobras: nanicos como Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV) defenderam posições frontalmente opostas sobre esses temas, sem medo da rejeição que assusta os principais concorrentes e empobrece o debate.
O cenário estadual deve traduzir o cenário de equilíbrio pós-2014: derrotado por antecipação em quase todos os Estados importantes, o PT deve obter em Minas Gerais uma vitória significativa – e essencial para a manutenção do poder do partido. Para o PMDB, a prioridade é manter o governo do Rio de Janeiro, onde o favorito é Luiz Fernando Pezão. Os tucanos devem obter outra vitória em São Paulo com Geraldo Alckmin. O PSB deve consolidar-se no posto de quarta força eleitoral do Brasil.
A Lei da Ficha Limpa, aplicada pela primeira vez nas eleições majoritárias, também interferiu diretamente nas eleições. Três candidatos a governador com chances reais de vitória deixaram a corrida após serem barrados: José Roberto Arruda (PR), do Distrito Federal, Neudo Campos (PP), de Roraima, e José Riva (PSD), de Mato Grosso.
Confira abaixo o que está em jogo nas disputas estaduais:
Sul
Santa Catarina | |||
![]() Raimundo Colombo (PSD) |
X | ![]() Paulo Bauer (PSDB) |
Cenário: Colombo deve ser reeleito no primeiro turno
O que está em jogo: pode ser o único estado administrado pelo PSD |
Rio Grande do Sul | |||
![]() tarso Genro (PT) |
X | ![]() Ana Amélia Lemos (PP) |
Cenário: Tarso Genro, o atual governador, recuperou terreno na reta final da campanha e ultrapassou Ana Amélia
O que está em jogo: com histórico de não reeleger seus governadores, o eleitorado gaúcho vive uma acirrada eleição |
Paraná | |||
![]() Beto Richa (PSDB) |
X | ![]() Roberto Requião (PMDB) |
Cenário: Richa é favorito à reeleição, beneficiado pelo fracasso da candidatura da ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) e pelo índice de rejeição de Requião
O que está em jogo: ao lado de São Paulo, o Paraná é hoje um reduto do PSDB no país — território onde o PT não vence |
Sudeste
Espirito Santo | |||
![]() Paulo Hartung (PMDB) |
X | ![]() Renato Casagrande (PSB) |
Cenário: Hartung tem chances reais de vencer no primeiro turno
O que está em jogo: Casagrande se elegeu em 2010 com apoio de Hartung, que já administrou o estado duas vezes. O desmoronamento da aliança deve tirar do PSB uma de suas vitrines |
Minas Gerais | |||
![]() Fernando Pimentel (PT) |
X | ![]() Pimenta da Veiga (PSDB) |
Cenário: o candidato tucano joga as últimas fichas para impedir uma vitória do petista no primeiro turno
O que está em jogo: a vitória do PT no estado de Aécio Neves (PSDB) pode ser a mais dura do país para o PSDB |
Rio de Janeiro | |||
![]() Luiz Fernando Pezão (PMDB) |
X | ![]() Anthony Garotinho (PR) |
Cenário: a campanha começou com quatro candidatos competitivos e acaba polarizada entre o atual governador, Pezão, e Garotinho
O que está em jogo: é o principal estado administrado pelo PMDB no país |
São Paulo | |||
![]() Geraldo Alckmin (PSDB) |
X | ![]() Paulo Skaf (PMDB) |
Cenário: : o tucano deve ser reeleito no primeiro turno
O que está em jogo: a hegemonia do PSDB no maior estado do país e o fortalecimento de Alckmin como alternativa do partido para a disputa presidencial de 2018, caso Aécio Neves não vença as eleições deste ano |
Centro-oeste
Mato Grosso do Sul | |||
![]() Delcídio Amaral (PT) |
X | ![]() Reinaldo Azambuja (PSDB) |
Cenário: o candidato da situação, Nelsinho Trad (PMDB), não decolou, abrindo espaço para o crescimento de Delcídio, que lidera com folga
O que está em jogo:eleito, Delcídio ganha novo status no PT |
Goiás | |||
![]() Marconi Perillo (PSDB) |
X | ![]() Iris Rezende (PMDB) |
Cenário: Perillo pode alcançar o quarto mandato no estado
O que está em jogo: desde 1999, Perillo manda no estado. Esteve fora do governo entre 2006 e 2010, quando seu então apadrinhado Alcides Rodrigues exerceu o cargo |
Distrito Federal | |||
![]() Rodrigo Rollemberg (PSB) |
X | ![]() Jofran Frejat (PR) |
Cenário: com altíssima rejeição, o atual governador, Agnelo Queiroz (PT), foi ultrapassado na reta final por Frejat, herdeiro do ficha-suja José Roberto Arruda, e deve ficar fora do segundo turno
O que está em jogo: uma derrota simbólica e vexatória para o PT. Alvejado por denúncias de corrupção, Agnelo deve ser um caso raro de candidato à reeleição que não alcança o segundo turno |
Mato Grosso | |||
![]() Pedro Taques (PDT) |
X | ![]() Ludio Cabral (PT) |
Cenário: Taques foi quem mais se beneficiou com a renúncia do ficha-suja José Riva (PSD), que embolava a disputa
O que está em jogo: o PDT volta a ter um governo — mas é a ala do partido que nunca se alinhou ao PT que sai fortalecida |
Norte
Acre | |||
![]() Tião Viana (PT) |
X | ![]() Tião Bocalom (DEM) |
Cenário: Viana lidera a corrida e pode vencer no primeiro turno
O que está em jogo: a hegemonia do PT, que administra o estado desde 1999 |
Amazonas | |||
![]() Eduardo Braga (PMDB) |
X | ![]() José Melo (Pros) |
Cenário: Braga mantém a dianteira, mas a eleição caminha para o segundo turno
O que está em jogo: com a vitória, Braga, que já governou o estado duas vezes, passa a medir forças com o atual prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), cuja gestão é bem avaliada |
Amapá | |||
![]() Waldez Góes (PDT) |
X | ![]() Lucas Barreto (PSD) |
Cenário: Góes lidera, mas Barreto e o atual governador, Camilo Capiberibe (PSB) — que amarga altos índices de rejeição —, estão em empate técnico no segundo lugar
O que está em jogo: a vitória de Góes, que já administrou o estado duas vezes, será um prêmio de consolação para seu aliado José Sarney, cujo grupo tende a ser derrotado no Maranhão |
Roraima | |||
![]() Chico Rodrigues (PSB) |
X | ![]() Ângela Portela (PT) |
Cenário: não há pesquisas que permitam prever o desfecho da eleição. Estima-se que Ângela e Rodrigues estejam em vantagem depois que o favorito Neudo Campos (PP) foi barrado pela Lei da Ficha Limpa e lançou a mulher, Suely, na disputa
O que está em jogo: a vitória no menor colégio eleitoral do país, com 300?000 eleitores, não tem peso nacional |
Pará | |||
![]() Simão Jatene (PSDB) |
X | ![]() Helder Barbalho (PMDB) |
Cenário: Jatene e Helder, filho de Jader Barbalho, representam as duas correntes políticas mais fortes do estado
O que está em jogo: a vitória, para o PSDB, será uma demonstração de força, uma vez que o Pará tem mais de 5 milhões de votos. Barbalho, que hoje desfruta apenas uma fração do prestígio que já teve no Senado, dará a volta por cima elegendo seu filho |
Rondônia | |||
![]() Expedito Júnior (PSDB) |
X | ![]() Confúcio Moura (PMDB) |
Cenário: Expedito Júnior aparece na dianteira, com tendência de segundo turno
O que está em jogo: numa eleição em que o PSDB pode não estar presente no segundo turno da disputa presidencial, o mandato nos estados ganha peso para a legenda |
Tocantins | |||
![]() Marcelo Miranda (PMDB) |
X | ![]() Sandoval Cardoso (SD) |
Cenário: o ex-governador Miranda deve vencer no primeiro turno
O que está em jogo: o sucesso de uma manobra eleitoreira. O governador Wilson Siqueira Campos e seu vice renunciaram neste ano, entregando o governo a Cardoso — que se comprometeu a devolver o favor em 2018 |
Nordeste
Alagoas | |||
![]() Renan Filho (PMDB) |
X | ![]() Benedito de Lira (PP) |
Cenário: Renan Filho está à frente na disputa, mas um terço do eleitorado se diz indeciso ou não tem candidato
O que está em jogo: a vitória da aliança entre os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor de Melo (PTB) |
Bahia | |||
![]() Paulo Souto (DEM) |
X | ![]() Rui Costa (PT) |
Cenário: Souto lidera e pode vencer no primeiro turno
O que está em jogo: eleito, Souto vai dar cara, ao lado do prefeito de Salvador, ACM Neto, ao “carlismo renovado” — e fará do estado o principal reduto do DEM no Brasil |
Ceará | |||
![]() Eunício Oliveira (PMDB) |
X | ![]() Camilo Santana (PT) |
Cenário: o quadro é de empate técnico — Eunício lidera, mas a candidatura petista deu um salto nas últimas semanas
O que está em jogo: Eunício pode impor uma derrota ao grupo político dos irmãos Ciro e Cid Gomes, que administram o estado e apoiam o candi¬dato do PT |
Maranhão | |||
![]() Flávio Dino (PCdoB) |
X | ![]() Lobão Filho (PMDB) |
Cenário: Dino pode vencer no primeiro turno
O que está em jogo: o fim da era Sarney no estado. Será o único governo ocupado pelo PCdoB |
Paraíba | |||
![]() Cássio Cunha Lima (PSDB) |
X | ![]() Ricardo Coutinho (PSB) |
Cenário: com o apoio de catorze partidos, Cunha Lima lidera e tenta seu terceiro mandato no estado contra Coutinho, o atual governador
O que está em jogo: para o PSDB, manter uma vitrine no Nordeste. Para o PSB, um revés implica o encolhimento do partido em relação às eleições de 2010 |
Pernambuco | |||
![]() Paulo Câmara (PSB) |
X | ![]() Armando Monteiro (PTB) |
Cenário: a trágica morte do ex-governador Eduardo Campos, em agosto, catapultou a campanha de Paulo Câmara (PSB), seu afilhado político, que virou a eleição e lidera
O que está em jogo: pode ser a principal vitória do PSB no país, palanque importante para Marina Silva na disputa presidencial, caso ela chegue ao segundo turno |
Piauí | |||
![]() Wellington Dias (PT) |
X | ![]() José Filho (PMDB) |
Cenário: numa disputa entre dois ex-aliados, Dias deve conquistar já no primeiro turno seu terceiro mandato no estado
O que está em jogo: a vitória mostra o peso eleitoral do Bolsa Família, que atende 48% dos piauienses |
Rio Grande do Norte | |||
![]() Henrique Eduardo Alves (PMDB) |
X | ![]() Robinson Faria (PSD) |
Cenário: Alves desponta, mas o cenário está aberto
O que está em jogo: a vitória projeta nacionalmente o atual presidente da Câmara dos Deputados |
Sergipe | |||
![]() Jackson Barreto (PMDB) |
X | ![]() Eduardo Amorim (PSC) |
Cenário:candidato à reeleição, Barreto lidera, mas a tendência é de segundo turno
O que está em jogo: para o PMDB, manter um governo que é seu e não prejudicar a conta que pode fazer da sigla a campeã em estados conquistados neste ano. Para o PSC, a oportunidade única de vitória
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