O advogado de Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras em 2006, quando a estatal comprou 50% da refinaria de Pasadena, investigada por suspeita de superfaturamento, disse nesta quarta-feira (2) que o Conselho de Administração da estatal recebeu o contrato da compra com antecedência de 15 dias.

Segundo Edson Ribeiro, esse é o prazo comum que a empresa tem antes de tomar qualquer decisão. Por isso, defende que os conselheiros tiveram tempo suficiente para analisar as cláusulas da compra de Pasadena.

“Esse é o rito, de receber com antecedência de 15 dias. O conselho não pode aprovar algo com base em um relatório sucinto. Quero crer que nosso temporal tenha afetado a memória dos conselheiros”, disse Ribeiro, que está no Rio de Janeiro.

O assunto ganhou destaque, após reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, informando que a presidente Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras, concordou com a compra.

Na ocasião, em nota, o Palácio do Planalto disse que o parecer que serviu de base para a aprovação da compra, emitido pela diretoria da área internacional da Petrobras, era “falho” e que omitia cláusulas do contrato. De acordo com o Planalto, a compra não teria sido efetuada se o parecer não tivesse problemas.

Entenda
A compra pela brasileira Petrobras de uma refinaria de petróleo em Pasadena, Texas (EUA), em 2006, levantou suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas na negociação.  Em 2006, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria (US$ 190 milhões pelos papéis e US$ 170 milhões pelo petróleo que estava em Pasadena). O valor é muito superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões.

Em 2008, a Petrobras e a Astra Oil se desentenderam e uma decisão judicial obrigou a estatal brasileira a comprar a parte que pertencia à empresa belga. Assim, a aquisição da refinaria de Pasadena acabou custando US$ 1,18 bilhão à petroleira nacional, mais de 27 vezes o que a Astra teve de desembolsar.

A presidente Dilma afirmou, após a abertura de investigações no Tribunal de Contas da União (TCU), Polícia Federal e Ministério Público, que só aprovou a compra dos primeiros 50% porque o relatório apresentado ao conselho pela empresa era “falho” e omitia duas cláusulas que acabaram gerando mais gastos à estatal.

Fonte: G1

Compartilhe