Conheça artistas que fizeram do talento natural um instrumento para a expansão do Reino de Deus

Rafael Guimarães em entrevista com Natália Celle

Rafael Guimarães em entrevista com Natália Celle

As manifestações artísticas estão cada vez mais presentes nas igrejas. Novos artistas têm surgido em áreas que antes não eram contempladas pelo meio cristão, como o grafite, quadrinismo, cinema e pintura. Essas expressões têm ganhado espaço tanto dentro das congregações como fora, em forma de evangelismo.

Rafael Guimarães é um dos artistas que tem investido na arte cristã. Além de produzir animações para games e também para projetos educativos, ele é diretor do Ministério Guedart, que cria tirinhas para o jornal Atos Hoje semanalmente. Para o animador, a arte é uma adoração a Deus e também um artifício para levar as pessoas a Cristo.

Desde criança, Rafael demonstrava o dom para a área. Ele, que desenhava em folhas de bananeira na humilde fazenda de sua família, cresceu e fez pintura na UFMG. No culto que celebrava a sua formatura, consagrou ao Senhor os seus conhecimentos.

Rafael 2

Posteriormente, Rafael também fez o curso superior de Cinema e Animação. Enquanto produzia peças de ilustração como sustento, também fazia cineclubes em sua igreja. Essas atividades visavam evangelização e também inclusão dos que tinham interesse pela área cinematográfica. Discutiam sempre sobre um tema do cinema que era contextualizado em uma pregação, que acontecia ao final dos eventos.

Atualmente, trabalhando no Ministério Guedart, Rafael tem percebido como as artes têm funcionado como um poderoso instrumento para alcançar as pessoas. “Em termos de arte cristã quero produzir criticando e questionando a sociedade atual. Reúno o conteúdo da Bíblia, as questões sociais dos dias de hoje, o comportamento dentro da igreja e uso na tirinha, que é muito lida e difundida. O retorno delas no Facebook é assustador. Uma delas, sobre enterrar os pecados, teve mais de 300 mil visualizações”, conta Guimarães.

Grafite

Outro artista que também escolheu usar os talentos para Deus, é o professor Daniel do Carmo, que leciona história da arte, filosofia, artes plásticas e história. E, além de educador, é um dos integrantes do Ministério Guedart. Contudo, entre os grafiteiros, Do Carmo é conhecido como “Ovelha D.C.” (Ovelha Depois de Cristo). Ele nos conta o significado desse nome: “Sempre me perguntam ‘Por que Ovelha?’, e eu respondo a todos da mesma maneira: ‘Porque antes de Cristo eu era lobo’”.

Daniel do Carmo colorindo um dos seus desenhos

Daniel do Carmo colorindo um dos seus desenhos

A começar de sua assinatura no grafite, é clara a referência do evangelho que “Ovelha” demonstra em sua obra. Porém, para ele, uma arte não precisa ter necessariamente uma mensagem explicita para ser cristã. Basta que o artista tenha princípios verdadeiramente cristãos, para que seu trabalho também o seja.

Segundo Do Carmo, não há separação entre “gospel” e “secular” no grafite. Isso facilita o diálogo, permitindo maior abertura para a evangelização no meio. Entretanto, o grafiteiro que segue a Cristo é diferenciado por seus ideais, que estão presentes tanto no modo como a obra é feita, quanto nela pronta, afirma. “O grafiteiro vê um muro e se apropria dele, sem pedir autorização e sem se importar com o que o dono da parede vai achar daquele trabalho. Ele nem sequer se preocupa se a mensagem vai ser bacana ou agressiva para a sociedade. Já o grafiteiro cristão, por princípios, pede permissão para fazer a arte dele”, conclui.

Cinema e Missões

Diretor do filme “O valor de um sonho” (premiado em sete categorias no Festival Nacional de Cinema Cristão), Daniel Silva tem formação em jornalismo, cinema e vídeo. Hoje, já possui outro longa-metragem que será lançado em maio, intitulado “Labirintos Internos”. A obra é baseada no livro de Oseias e pretende conscientizar as pessoas sobre a questão da exploração sexual da mulher. Entretanto, antes de todas essas qualificações, Silva tem formação missionária.

Cartaz do filme "Labirintos Internos"

Cartaz do filme “Labirintos Internos”

O amor pelas artes começou na JOCUM (Jovens com uma Missão), e também a carreira cinematográfica do diretor. Os primeiros trabalhos foram documentários sobre povos não alcançados. Ele não havia realizado nenhum curso especializado, só contava com muita disposição, uma câmera e um computador doados à JOCUM. Foi a partir de então que começou a se tornar um profissional: praticando.

Depois de algum tempo, Silva se especializou e voltou ao Brasil para produzir seu primeiro longa-metragem, “O valor de um sonho”. Ele começou a pensar em patrocínios, mas o Senhor o direcionou para que fizesse o filme de maneira totalmente voluntária. “Até mesmo os atores foram voluntários”, conta o diretor, que relata que nessa época aprendeu a depender totalmente de Deus.

“O valor de um sonho” é um filme baseado na parábola do filho pródigo, e conta a história de um garoto que mora no interior da Bahia, que, movido por sua ambição, se muda para a cidade grande. O longa-metragem tem como objetivo o evangelismo e é disponibilizado gratuitamente pelo próprio diretor em seu canal no Youtube (Para assistir ao filme “O valor de um sonho” clique aqui).

Para Silva, a arte evoluiu muito em profissionalismo na igreja, mas perdeu um pouco da essência: “Precisamos entender mais sobre expressão, nos aprofundar mais nisso e automaticamente nos aprofundar em Deus, para que nossa expressão parta de valores verdadeiramente cristãos”.

Pintura

Muitos se lembram de uma pintora que participou da gravação do CD “Nos Braços do Pai”, do Diante do Trono. O nome dela é Danielle Jordão. Ela também fez vários trabalhos como a capa do CD “Apenas um Toque”, da pastora Fernanda Brum, além de também ter produzido obras para o Ministério Nova Geração, Chris Duran, entre outros.

Danielle Jordão pintando obra durante o Congresso de Mulheres DT

Danielle Jordão pintando obra durante o Congresso de Mulheres DT

Danielle trata o seu trabalho de uma maneira diferente. Ela não o vê apenas como desenhos projetados em telas, mas como ministrações a Deus. O seu processo de produção passa por jejum e oração. Todas as suas ilustrações são geradas por uma direção que ela tem de Deus.

Segundo Jordão, o processo de criação dos quadros, que unem o evangelho e arte, pode ser algo sofrido, mas ao mesmo tempo, gratificante. O seu maior desafio é trazer a mensagem de Deus por meio de imagens. Por isso, a Bíblia é a sua maior inspiração, já que ela é rica em elementos que servem de metáfora do mundo espiritual.

Sobre a arte, Danielle considera que é necessário que mais artistas cristãos se levantem para alcançar aqueles que não conhecem a Cristo: “Se acreditarmos em Deus e fizermos arte de qualidade, o mundo nos ouvirá por meio das várias linguagens desse meio. Nossa voz precisa de mais pessoas que possam sair da esfera das instituições e chamar a atenção do mundo, fazendo algo belo e impactante”.

Fotos: Cristiane Soares, Quartel Design e Ministério Guedart

:: Natália Celle / Lagoinha.com

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