Correio da Bahia

1526956_389762867827920_1196590048_nO prefeito ACM Neto (DEM) deu ontem a demonstração de ter a legitimidade para escolher quem, afinal, será o candidato da oposição ao governo. Sob assédio da população, percorreu os oito quilômetros que separam as igrejas da Conceição da Praia e do Bonfim em cinco horas – três a mais que o tempo gasto pelo governador Jaques Wagner (PT). Ao chegar à Colina Sagrada, estava ensopado de suor, despenteado pelos puxões que recebeu durante o percurso e com o rosto marcado de batom.

“Ficar do lado dele tá difícil. É muito empurra-empurra”, observou o vereador Claudio Tinoco (DEM), que tentava se recompor depois de se desvencilhar do grupo de eleitores que afagava o prefeito, já perto do Largo de Roma. Durante o percurso, o prefeito preferiu circular próximo às calçadas, perto das pessoas, que o paravam para tirar fotos, dar abraços e declarar apoio.Aos 34 anos, Neto aguentou a maré popular.

Os dois pré-candidatos da oposição –  Paulo Souto (DEM) e Geddel Vieira Lima (PMDB) -, bem que tentaram acompanhar o prefeito. Mas, aos 70 e 54 anos, respectivamente, acabaram ficando para trás, no mesmo bloco do prefeito, mas longe  da confusão.

Corrida 
No páreo para ficar com a vaga de candidato da oposição ao governo, Geddel optou pelo despojamento. Conversava com eleitores que se aproximavam e, quando não havia mãos a apertar, curtia ao som das fanfarras. Na descontração, ensaiou passos de pagode, incluindo tentativas de repetir a coreografia do Lepo-Lepo, hit do Psirico.

Mais sério do que Geddel, mas com disposição para marcar espaço, Souto seguia o protocolo tradicional: acenos, abraços e conversas com o eleitorado. Mas, pela primeira vez desde que começou a corrida interna pela cabeça de chapa, o ex-governador demonstrou vontade de encabeçar a disputar.

“Eu acho que a candidatura não é uma coisa que depende do interesse individual. Tem que ser uma coisa que una os partidos e sobretudo que tenha apoio da população”, disse. Em seguida, ponderou a importância das pesquisas eleitorais para a ajuda na escolha, critério onde é favorecido, por ter sido duas vezes governador.

Sem notar a mudança de postura de Souto, Geddel apostava no aparente desinteresse do democrata. “Ele tem dito repetidas vezes que não é a hora dele, de que não deseja, que não trabalha com esta hipótese, que já foi, já deu sua contribuição. Por isso, estou muito otimista”, disse Geddel. Em busca da indicação, deixou evidente que sabe a quem cabe a palavra final. No afã de receber a bênção do prefeito, afirmou que abriria mão da reeleição em favor de Neto em 2018.

Mesmo distante, Neto mostrou estar atento às movimentações dos aliados. Sem deixar espaço para especulações sobre preferências, afirmou que a definição sairá antes do Carnaval. “As coisas vão se afunilando. É normal que o processo agora ganhe mais velocidade”, disse, descartando novamente a probabilidade de sair da prefeitura para disputar a sucessão.

Estratégia 
A rigor e mais como tática para criticar os rivais petistas, o discurso dos oposicionistas é de que a escolha será tomada em conjunto, pelos partidos que compõem o bloco.  “Evidentemente, que ele (Neto) não terá o papel de Jaques Wagner de tirar o candidato do bolso do colete”, disse Geddel, referindo-se à escolha do governador por Rui Costa.

“Do nosso lado, é diferente. Quem escolhe é o sentimento da população, que se captura através de pesquisas. Fazemos avaliações e vai levar aquele que tiver as melhores condições, mais apoio do eleitorado”, acrescentou o deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB).

Contudo, coube ao presidente da Câmara de Salvador, o vereador Paulo Câmara (PSDB), resumir o que ficou claro no Bonfim, quando Neto despontou de vez como o líder da oposição: “É o prefeito quem decide, rapaz. Está nas mãos dele”.

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