Por Wal Cordeiro

1525029_1441934969369248_415178688_nCom o objetivo de expor publicamente um grupo de pessoas durante um período de tempo em cadeia nacional pela TV e internet, o Big Brother Brasil (da TV Globo) está na sua nova edição. Além de oferecer um prêmio de um milhão e meio de reais o programa coloca em evidência, na mídia, os participantes selecionados.
Dezenas de câmeras com microfones são instaladas estrategicamente em diversos locais da casa para que nada seja feito em oculto e o público possa conhecer melhor o perfil e as artimanhas de cada integrante do programa.
Engraçado como este tipo de novela dá ibope, como nós gostamos de bisbilhotar a vida alheia, como as intrigas nos prendem a atenção e às vezes temos a sensação de que estamos dentro da casa participando do circo que foi armado pelos marqueteiros da mídia com o objetivo de conseguir milhões de reais, e os telespectadores nada. A penas um final de programa com a mente cheia de maldade e sujeira mental.
Agora, imagina se alguém tivesse a idéia de sortear no Brasil dez prefeituras; dez câmaras municipais, dez assembléias legislativas, dez gabinetes da câmara dos deputados e o senado federal e instalasse (com a mesma estrutura do BBB) câmeras e microfones num período de seis meses que antecedem as eleições, para que a população pudesse acompanhar em tempo real via internet e TV todas as ações e deliberações, conversas e negociações dos servidores públicos. O que aconteceria?
O programa alcançaria grande audiência?
Seria um programa proibido para menores de dezoito anos?
Os atores representariam bem?
As máscaras cairiam?
Alguém chegaria ao final do programa?
Seria expandido para todos os setores públicos do país?
O Ministério público teria provas contundentes para colocar na cadeia milhares de corruptos?
Algum político se escreveria para participar espontaneamente do programa?
Ou, ficaríamos surpresos com os resultados finais do BBB do setor público!
O programa imaginário (louco) e sugerido acima é impossível de ser implantado, mas seria tão bom se acontecesse, pois poderíamos separar melhor o joio do trigo. Existem pelo Brasil afora milhares de servidores públicos justos e dignos de confiança, que na maioria das vezes são confundidos com os maus elementos por causa do estigma das CPIs, mensalão e notícias diárias na mídia.
Já pensou assistir ao vivo e a cores a vida dos nossos gestores? Talvez, nos primeiros dias do BBB muitos artistas conseguiriam representar bem, enganar a muitos, mas depois de um tempo desgastante as máscaras começariam a cair e o povo teria condições de comprovar quem cada um realmente é, e assim poderia rever alguns valores na hora das eleições. Provavelmente mudaria o seu voto.
O BBB do setor público deveria fazer parte da reforma política e ir ao ar sempre seis meses antes das eleições, e se assim acontecesse com certeza a médio e longo prazo o Brasil seria outro. Teríamos servidores públicos preparados e vocacionados para uma missão nobre que é: servir ao público, como expressa a nomenclatura. Servir aos interesses da população, que no sentido integral da palavra é fazer o melhor possível para que todos vivam bem!
Mas enquanto ninguém ousa implantar o BBB, o povo precisa acompanhar mais de perto os seus gestores. Participar das audiências públicas e visitar periodicamente as casas legislativas e executivas, ou quem sabe de vez enquanto fazer um Citytour por Brasília.
Não podemos esquecer que: “aqueles que elegemos são nossos funcionários.” Se não fossem os impostos que nós pagamos com certeza eles não teriam salário e não seriam funcionários públicos. Se não fossem os impostos que nós, exaustivamente, pagamos não teriam verbas para serem investidas nas obras públicas, então o que eles gastam também é nosso.
Tudo é do povo!!! Precisamos fiscalizar.

Wal Cordeiro é escritor, autor de sete livros.

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