Por Wal Cordeiro

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Todo início de aulas, nas universidades do Brasil, a população acompanha pela mídia as notícias estarrecedoras sobre os trotes violentos que os veteranos dão nos calouros.

Poderia gastar bastante tempo alistando as aberrações que acontecem pelo país a fora, mas esse não é o meu propósito.

Já que o trote faz parte da nossa cultura estudantil e cultura é difícil de ser mudada, pois desde 1342 acontece pelo mundo, sendo iniciado numa universidade de Paris na França. Então, por que o MEC não legaliza o trote (estabelecendo regras claras sobre a prática) e obriga as universidades a apresentarem uma lista de ações, no plano de curso, para que os novos alunos pudessem realizar na primeira semana de aula? Poderia fazer parte da carga horária e valer como aula prática!

Já pensou o quanto a comunidade carente seria beneficiada?

Se o trote do bem fosse institucionalizado e incentivado, nas universidades públicas e privadas, haveria uma chuva de idéias entre os alunos veteranos e a expressão bondade e generosidade seria realmente colocada em prática.

O MEC poderia criar um site com um BANCO DE IDÉIAS para estudantes de todo país e até premiar as melhores sugestões para o trote do bem. Dinheiro para isso tem. Creio que muitas pessoas seriam desafiadas a enviar propostas inovadoras para que a cultura do trote fosse alterada, para melhor, a médio e longo prazo.

Com certeza surgiriam as seguintes idéias:

–  Visitar os lares para orientar as pessoas sobre o risco da dengue;

–  Fazer um mutirão de limpeza nas praias;

–  Doar sangue em hospitais da cidade;

–  Recolher roupas e alimentos para famílias carentes;

–  Visitar asilos e albergues e fazer companhia aos velhinhos;

–  Fazer um city tour pelas comunidades carentes;

–  Limpar as praças abandonadas e sujas da cidade;

–  Fazer mutirão de construção de casas para pessoas em situação de risco;

–  Ajudar em centros de recuperação de dependentes químicos;

–  Atender ligações de pessoas desesperadas;

–  Etc, etc, etc…

Não é tão difícil transformar o mal em bem, depende como encaramos os fatos. Se alguma coisa não for feita, no ano que vem veremos as mesmas notícias nos jornais.

Aquele que deveria fazer o bem e não faz, é um forte candidato a praticar o trote do mau.

Wal Cordeiro é escritor, autor de sete livros

www.walcordeiro.com.br

 

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