O ex-presidente João Goulart foi enterrado pela segunda vez, agora com honras de chefe de Estado, nesta sexta-feira, em São Borja, na fronteira com a Argentina. As homenagens reuniram viúva Maria Thereza, os filhos João Vicente e Denize e os netos de Goulart, políticos como o senador Pedro Simon (PMDB), o ex-deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB), a ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário (PT), o deputado federal Vieira da Cunha (PDT) e o governador em exercício Pedro Westphalen (PP), além de alguns amigos ainda vivos do ex-presidente, admiradores e militantes trabalhistas.

Morto em 6 de dezembro de 1976, o ex-presidente foi enterrado novamente hoje, depois de ter seus restos mortais exumados para a realização de exames que determinarão se ele morreu de causas naturais ou se foi assassinado pela ditadura. No dia 14 de novembro, os restos mortais do ex-presidente foram recebidos com honras militares, em cerimônia que contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor.

O corpo chegou a São Borja por volta das 13 horas. Depois do desembarque, passou diante de 150 soldados do Exército, que dispararam três tiros de fuzil e executaram a marcha fúnebre. Na sequência, foi colocado sobre um caminhão do Corpo de Bombeiros e levado em cortejo guardado por cavaleiros da Brigada Militar até a igreja. No trajeto, diversas famílias ficaram diante de suas casas com bandeiras do Brasil. Por onde o caixão passou foi aplaudido e diversas vezes o ex-presidente foi homenageado com gritos “Jango, Jango, Jango”.

O segundo enterro deu a Jango as honras que não teve no primeiro e complementou o ato de exumação dos restos mortais para investigação da causa da morte. O ex-presidente morreu em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina, durante o exílio. A causa oficial, parada cardíaca, foi contestada por um ex-agente da repressão uruguaia, que diz ter participado de uma operação de envenenamento de Goulart. O primeiro enterro ocorreu em clima tenso. Três mil pessoas desafiaram a ordem militar de um velório rápido e carregaram o caixão pelas ruas de São Borja.

Com Agência Estado e Agência Brasil

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