“O diretório estadual instalou em fevereiro de 2013 o processo de discussão do petista para a chapa ao governo, sendo apresentados quatro nomes. Foi pactuado que buscaríamos o consenso. Foram realizados encontros regionais, além de plenárias e reuniões internas para discutir táticas. Face o exposto, o diretório estadual, avaliando manifestações ocorridas, assim como o diálogo com o governador e lideranças nacionais, resolve: item 1: indicar o nome do companheiro Rui Costa como nome petista ao governo do Estado, liderando a coalizão de forças de sustentação ao governo estadual”. Com esse texto aprovado pela direção estadual do PT, o partido escolheu oficialmente o secretário da Casa Civil para representar a sigla nas eleições majoritárias de 2014 e encabeçar o projeto de sucessão do governador Jaques Wagner.
Adotando a condição de candidato, Rui Costa falou emocionado à militância presente na reunião do diretório que definiu seu nome como postulante do PT a governador. “O partido é carregado de emoções, diferente dos outros partidos. Vou continuar o projeto de Wagner, que é um projeto vencedor. O PT conseguiu eleger duas vezes um operário. Quero dar a minha contribuição para continuar construindo uma Bahia cada vez melhor”, defendeu Costa, citado como favorito do governador Jaques Wagner à sucessão desde que desembarcou de Brasília, em janeiro de 2012, quando chegou para tentar se viabilizar como candidato ao Palácio de Ondina no próximo ano. Durante o processo, Costa enfrentou os correligionários José Sérgio Gabrielli, Walter Pinheiro e Luiz Caetano, primeiro a retirar a candidatura e declarar apoio o chefe da Casa Civil.
Ex-pré-candidatos asseguram apoio
O xeque do governador Jaques Wagner no jogo da própria sucessão, apresentando, dois dias antes do esperado, o nome do secretário da Casa Civil, Rui Costa, como candidato, funcionou. Apesar do esperneio público e das demonstrações dos que foram expurgados do processo, José Sérgio Gabrielli e Walter Pinheiroacataram a indicação de Wagner e retiraram as pré-candidaturas, únicas postas oficialmente ao PT, na reunião desta sexta-feira (29).
Gabrielli e Pinheiro defendiam ser mais adequado ter um nome escolhido do que serem obrigados a recuar, após a mobilização da militância. Wagner, no entanto, sepultou as chances de uma reversão do quadro favorável a Rui Costa a partir do momento que trouxe a público que sua indicação estava feita e que só caberia ao PT “bater o martelo”, antes do anúncio público.
Para o secretário do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, não há mais o que discutir. “O partido saiu unificado e a resolução definiu que o companheiro Rui Costa é o candidato a governador. Agora é um outro momento e vamos seguir discutindo as eleições 2014”, minimizou Gabrielli, que manteve a pré-candidatura até momentos antes da reunião da executiva estadual do PT na tarde desta sexta-feira (29). Ele, no entanto, sugeriu que não deve entrar com todas as forças na campanha. “Não vou poder ajudar o tempo inteiro, até porque terei outras atribuições”, alertou o ex-pré-candidato.
Enxadrista político com bagagem, o governador fez uma jogada arriscada ao optar por uma emissora de rádio para apresentar o nome do candidato à própria sucessão. Ainda que fosse sabido nos bastidores políticos que Rui Costa detinha seu apoio, dentro do PT alimentava-se a expectativa de delegar aos dirigentes a tarefa de sacramentar o nome que entraria na disputa. Wagner frustrou setores da sigla e, salva a condição de exaltação de ânimos do momento, deve enfrentar obstáculos para envolver a militância no projeto de manutenção do comando no Executivo baiano.
Sem consenso
Em tom mais ressentido que o de José Sérgio Gabrielli, o senador Walter Pinheiro reclamou que não houve consenso na decisão do PT. “Não houve consenso, mas o diretório escolheu um”, criticou o petista, que teve sua candidatura desconsiderada pelo diretório estadual e, mesmo sem retirar o nome do processo, não viabilizou a candidatura ao governo da Bahia em 2014, conforme intentava.
“O diretório fez uma escolha, resolveu acatar, inclusive, a indicação do governador Jaques Wagner. Com isso, o diretório chama para si uma responsabilidade. Tanto eu quanto Gabrielli condicionamos que é importante ter um encontro, uma conferência que trate a caminhada eleitoral. O que nós fizemos foi não retirar a candidatura. O diretório foi que fez a escolha”, avaliou Pinheiro, que um dia antes fez um discurso carregado de emoção no Senado Federal após ter sido excluído pelo governador do processo eleitoral petista, durante uma entrevista à Rádio Metrópole. “Não me sinto derrotado, mas o diretório nos tirou. Ontem, Wagner me tirou da lista dele e hoje o diretório me tira da lista do PT”, lamentou o senador.
Segundo ele, apesar de discordar da forma como a decisão foi tomada, não haverá qualquer reação contrária à indicação do secretário da Casa Civil, Rui Costa, como candidato do PT a governador no próximo ano. “Nós não vamos fazer nenhuma busca de prévia, nem nada do gênero, até porque eu fui vítima disso no PT e sei o que significa. Eu virei senador da República disputando dois encontros, então, portanto, o diretório poderia ser tão generoso comigo como foi hoje”, afirmou Pinheiro, demonstrando certo grau de insatisfação com a postura adotada pelo partido com relação à construção do processo de candidatura, criticado por ele em diversas oportunidades como demasiadamente antecipado.
Mesmo que não tenha aceitado completamente a decisão, Pinheiro negou que possa vir a se tornar um empecilho para que Rui Costa obtenha êxito durante o pleito de 2014. “Fui para disputa e estou aqui como senador e obviamente saindo desse resultado do diretório como senador do partido e da aliança que compõe o governo Jaques Wagner, vou me integrar de forma total e plenamente no processo de campanha”, garantiu o petista, deixando a entender que vai embarcar no projeto de permanência do PT no Palácio de Ondina e também no Palácio do Planalto, com a presidente Dilma Rousseff.
Fonte: tribuna da Bahia