IG

Pré-candidato à sucessão estadual, o deputado federal e secretário da Casa Civil, Rui Costa (PT), admitiu a necessidade de antecipação na escolha do nome que representará o governo nas eleições de 2014.

O titular destacou que há um “consenso” de que o postulante petista para a disputa deve ser definido até novembro. Costa dá pistas da candidatura e não esconde que pode ser o preferido do governador Jaques Wagner (PT) no processo. Nesta entrevista, o executivo nega a existência de tensão na base, destaca a legitimidade do PT para liderar a chapa, critica alianças do PSB nacional e ironiza discurso da oposição.

Segundo ele, não houve fortalecimento do grupo adversário, já que os integrantes apenas trocaram de camisa entre si. Costa confia na unanimidade da Câmara de Vereadores de Salvador e na Assembleia Legislativa da Bahia para a facilitação da aprovação dos projetos referentes ao metrô, antes da chega da presidente Dilma Rousseff (PT) na próxima quarta-feira. Segundo ele, novas obras serão anunciadas neste mesmo dia. Confira:

Tribuna da Bahia – O senador Walter Pinheiro, o ex-prefeito Luiz Caetano e o secretário de Planejamento José Sérgio Gabrielli, pressionam por uma definição sobre quem será o representante do governo em 2014. Como favorito, como vê essa pressão?
Rui Costa
 – Olhe, nós temos mais um consenso entre nós e isso é bom. Temos o consenso de que não haverá prévias e outro, inclusive meu, de que chegou a hora de tomar a decisão. Então vejo isso como ponto positivo porque estamos pensando da mesma forma.

Tribuna – Quando haverá a definição sobre o nome do PT? Existe um prazo para definir o candidato do partido?
Costa 
– Olhe, prazo não existe. Não há uma decisão formal do PT com prazo. Há um sentimento de toda a direção do partido, sentimento dos quatro de que chegou a hora de se aprofundar, de acelerar, e eu diria que se fixar prazo, mas estamos no mês de outubro e quem sabe é chegada a hora de tomarmos essa decisão. Todos têm consenso nisso e o governador assim está compreendendo, de que o nome do PT precisa ser consolidado até o mês de novembro.

Tribuna – E quais deverão ser os critérios para a escolha do candidato?
Costa 
– Eu acho que não se trata de critérios objetivos. Existe uma série de avaliações que podem ser subjetivas que cada um deve ter. Repito: não estamos discutindo o perfil nem qualidades individuais, mas o papel de cada um. Se é melhor um ser deputado federal, o outro continuar sendo senador. No meu caso, se é melhor continuar sendo deputado federal ou ser candidato a governador? No de (Walter) Pinheiro, se é melhor continuar sendo senador ou é para ele ser candidato a governador? No de (Luiz) Caetano é melhor ele ser federal ou candidato a governador?  Não se trata das qualidades e defeitos de cada um, mas se trata de nomes que podem agregar, que possam ter no conjunto da sociedade e das lideranças políticas do Estado uma aceitação e também qual o papel que cada um deve ter, qual contribuição que cada um deve ter. É bom ter Rui Costa como deputado federal ou aqui? É bom ter Pinheiro aqui ou como senador? É um pouco discutir sobre como nós podemos utilizar os nossos quadros políticos.

Tribuna – Até porque está elevando o termômetro e o tensionamento dentro da base, ou não?
Costa 
– Eu não diria a palavra tensionamento. A imprensa cumpre o seu papel com ansiedade de trazer a notícia em primeira mão. Os veículos tentam dar furo e isso vai inquietando em um e outro a necessidade até de responder. Todos, inclusive eu, a cada entrevista é fustigado, e isso vai criando em cada um a angústia de ter logo a resposta, até para colocar um ponto final nisso. Isso vai fazendo com que um ou outro avance mais em uma palavra ou outra, o que gera certa inquietação. Eu não diria tensão. Eu não sinto na base, nem no PT nenhuma tensão, mas sim uma ansiedade crescente pela definição da chapa.

Tribuna – Crescem os rumores de que o governador Jaques Wagner (PT) já teria batido o martelo pelo senhor. Confirmado isso, o que fazer para se fortalecer e se viabilizar dentro da própria?
Costa
 – Olhe, essa resposta eu terei o maior prazer de lhe dar até em primeira mão, mas já pode confirmar o nome. Eu não acho bom falar sobre hipótese porque isso é precipitar as coisas. Acho que primeiro tem que ter a confirmação para depois eventualmente se falar sobre a condição de… Não acho que é bom você antecipar a condição se ela não foi confirmada. Não acho isso positivo. Isso pode trazer mais tensionamento e ruídos, o que não é bom.

Tribuna – Aliados deixam claro que o discurso do PT, de que possui legitimidade, não terá força. Acredita que o lançamento de mais candidaturas, como a da senadora Lídice da Mata, possa fragilizar a base do governador Jaques Wagner?
Costa 
– Não. Eu não vejo muito esse questionamento. A senadora Lídice está no momento dentro de um plano nacional com a candidatura de Eduardo (Campos). Eu diria que o PSB passa por um momento muito difícil de esvaziamento e diminuição do seu tamanho no plano nacional. Têm muitos quadros políticos do País inteiro, prefeitos, vereadores, deputados estaduais, federais, até governador saindo do PSB, portanto é um momento de dificuldade. O PSB faz um movimento, inclusive de filiar no PSB, não é nem de fazer aliança, pessoas tradicionais de direita, como o senador Heráclito Fortes, que é conhecido no País inteiro por posições altamente conservadoras. Isso até então não era do perfil do PSB, portanto acho que há uma transformação profunda no perfil do partido. A senadora Lídice da Mata tenta evidentemente dialogar com o seu partido, o que não podia ser diferente, e anuncia uma candidatura que está muito vinculada ao plano nacional. Eu não sinto questionamento dos outros partidos aliados sobre a legitimidade do PT de liderar o processo e ter candidatura. Pelo contrário. Sinto certa ansiedade na definição do nome. Eu diria que há um reconhecimento de que o partido tem legitimidade por ser o maior partido, ter o maior número de deputados, vereadores, atualmente tem o governo. Nós deveremos fazer composição com os aliados apoiando suas candidaturas em vários estados. Eu diria que é legitimo, dado esse quadro nacional de apoio que estamos dando, que sejamos apoiados aqui.

Tribuna – Como um político experiente e braço do Executivo, qual o cenário que o senhor vislumbra para 2014?
Costa 
– Só se eu fosse jogar os búzios para prever (risos). É muito difícil prevê um cenário. O quadro estadual sofre muita influência do quadro nacional. Neste exato momento em que dou esta entrevista, eu não sei se a Marina (Silva) já decidiu em qual o partido irá ingressar. Ela se filiar desdobra o quadro de uma forma nos estados e não se filiando isso se desdobra de outra forma. Eduardo Campos confirmando a sua candidatura, de uma forma, não se candidatando se desdobra de outra forma. Na eleição de cada estado é preciso avaliar a repercussão do plano federal. É muito prematuro desenhar cenários. Não é bom fazer adivinhações.

Tribuna – Em relação à construção do metrô, a expectativa é de que a presidente Dilma Rousseff venha à Bahia para assinar o contrato com a empresa. Há garantia de que antes de sua chegada o ISS será aprovado na Câmara e o Fundo Garantidor na Assembleia?
Costa 
– Dar garantia da aprovação eu não posso dar. Mas eu posso dizer que tenho confiança absoluta na unanimidade dos vereadores e deputados, pois aqui não estamos tratando de interesse partidário, nem de governo, nem de oposição, porém o interesse é da cidade. Tanto é assim que tudo sobre o metrô desde o início da nova administração estamos tratando de comum acordo. Há um comum acordo entre o Partido dos Trabalhadores e os partidos que administram o Estado e o DEM e aliados que administram o município. Na próxima quarta–feira, a presidenta Dilma estará aqui para assinar o contrato do metrô e ainda o das vias estruturantes. Teremos ainda neste mesmo dia outros anúncios a serem feitos, a exemplo do VLT do Subúrbio. Nós apresentamos um pedido de requalificação do trem do Subúrbio Ferroviário, transformando-o em VLT, estendendo isso até o Comércio e lá na ponta ultrapassar um pouco de Paripe para chegar perto da Ilha de São João. Nós solicitamos recursos da União para levar o metrô de imediato de Pirajá para Águas Claras e ainda pedimos que a Avenida 29 de Março, que terminaria em Águas Claras, que ela siga pelo Subúrbio se encontrando com o VLT. Há expectativa de que a presidenta anuncie essas três obras na próxima quarta-feira.

Tribuna – O governador Jaques Wagner (PT) vai conseguir entregar parte dessas obras do metrô até o final do mandato, em dezembro de 2014?
Costa 
– O governador sairá do governo com o metrô funcionando até a Estação do Retiro. O prazo para operação comercial é setembro de 2014. Já em Pirajá o prazo de operação comercial é janeiro de 2015. O prazo final do metrô para ficar pronto nas extremidades é de 42 meses. Essas intervenções na Paralela que são com recursos próprios do governo do Estado, como a Pinto de Aguiar, viaduto de Narandiba, viaduto do Imbuí, alça da Luis Eduardo Magalhães e a ligação com o Stiep estarão prontas no primeiro semestre do ano que vem. As obras que a presidenta assina o contrato na quarta-feira, da Gal Gosta, ligação Lobato e 29 de Março, serão entregues por etapas. Algumas etapas estarão sendo entregues no ano que vem.

Tribuna – Em tempos de crise financeira, como estão as finanças do estado? Com o contingenciamento, a situação já deu sinais de melhoras?
Costa
 – Olhe, nós estamos vivendo uma dificuldade financeira que não é exclusividade da Bahia. O Estado de Minas Gerais baixou um decreto recentemente de contenção de despesas e investimentos da ordem de R$2 bilhões. Eu me refiro a Minas por ser o terceiro maior estado do País e que tem uma arrecadação bastante expressiva. Portanto, a Bahia não é exceção. Estamos pagando dívidas que existem desde quando recebemos o Estado. Quando recebemos o governo, existia mais de R$1 bilhão não pago e isso vem sendo rolado. Eu diria também que é a questão estrutural dos estados brasileiros, mas a situação da Bahia é bastante específica, relacionada à Previdência. Nós temos um déficit estadual muito grande. Os governos passados deveriam ter deixado provisão de recursos para esse pagamento, mas não deixaram. Por exemplo, a Coelba foi privatizada e havia na venda da empresa um valor destinado a pagamento de aposentadoria. Isso não foi deixado como saldo, ou seja, a Bahia no ano que vem vai estar colocando para compensar o déficit previdenciário algo da ordem de R$2,5 bilhões só para cobrir o déficit da Previdência.

Tribuna – O que fazer para resolver essa situação?
Costa 
– Primeiro os estados estão seguindo o padrão nacional de aprovarem o mesmo modelo que o governo federal aprovou, mas isso só resolve o que vai vir daqui para frente. Outra questão é tentar um aporte extra de recursos que viabilize a reprogramação disso. Isso pode ser feito através de um programa federal ou cada estado tomar empréstimo separadamente para resolver a questão previdenciária. Poderia também usar recursos dos royalties para sanear esse problema. O Rio de Janeiro está fazendo isso. A Secretaria de Planejamento e a Sefaz estão analisando o que é melhor.

Tribuna – Os investimentos e as obras estão ameaçados por causa dessa situação financeira?
Costa 
– Não. Em hipótese nenhuma. Estamos falando de dois recursos diferentes. Previdência e custeio você paga com arrecadação própria e investimentos nós pagamos com empréstimo, a exemplo de empréstimos do Banco Mundial, do BNDES, do Bando do Brasil, da Caixa Econômica. O governo do Estado contraiu cerca de   R$ 5 bilhões em empréstimos junto aos bancos. O metrô, por exemplo, é empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. Esses empréstimos só podem ser usados exclusivamente para investimentos, portanto são recursos de origens diferentes e com aplicações específicas.

Tribuna – Deputados insatisfeitos com o número de candidatos dentro do governo que “utilizam” a máquina pública e ameaçam suas candidaturas. O senhor teme que de alguma forma eles se rebelem?
Costa
 – Não. Não acredito nisso. Evidente que, como tudo na vida, cada um de nós como ser humano quer a menor concorrência possível naquilo que vai disputar.  Um deputado quer a menor concorrência possível na eleição. Por exemplo, um filho de dois anos que já tenha quando vai nascer um bebê novo ele vai ficar com ciúmes porque vai disputar o carinho do pai e da mãe com o novo irmão. Ele gostaria de ser o filho único, que tivesse toda a atenção do pai e da mãe, mas os dois são filhos iguais. Então tudo na vida é assim. Eu vejo isso com naturalidade. Mas, o governador anunciou e isso não são palavras minhas que em dezembro quem for candidato a deputado deve sair do governo, até como uma forma de permitir que quem for candidato se prepare para a candidatura e também haja uma separação entre a ação governamental e a candidatura.

Tribuna – E quanto ao fortalecimento da oposição, com novos integrantes e promessa de união com vistas em 2014? O senhor considera isso uma ameaça?
Costa
 – Eu só não vi os novos integrantes.       O que eu percebi é que houve uma mudança das cadeiras. Todos eram de oposição. Eles só trocaram de camisa. Um estava no PMDB e trocou pela camisa do DEM. Outro estava no DEM e vestiu a camisa do PMDB. Elmar era do PR, mas não se declarava da base do governo. Ele sempre foi oposição. Ele só mudou a camisa. Bruno Reis era de oposição. Nunca vestiu a camisa do governo. Só mudou a camisa para o PMDB. Todos os nomes anunciados são de oposição. Qual era da base do governo e foi para oposição? Eu não vi. Para fazer festa, a oposição resolveu trocar a camisa dos seus atletas e comemorar. Eu não chamaria isso de fortalecimento. Eu diria que, para fazer eventos, a oposição decidiu fazer trocas partidárias e comemorar.

Tribuna – Pra finalizar, o que a população pode esperar do secretário da Casa Civil, Rui Costa?
Costa 
– Olha, como deputado federal e secretário da Casa Civil, a população pode esperar muito trabalho, muita dedicação, pois esse é o meu perfil. Graças a Deus hoje me sinto feliz e orgulhoso, pois vou completar dois anos agora em dezembro à frente da Casa Civil e eu me lembro que quando cheguei aqui eu assumi um compromisso com o governador de dar celeridade às ações de governo. Em dois anos nós captamos em volume considerável de recursos para água e esgoto, iniciamos obras, inauguramos obras importantes como a adutora de Irecê e Guanambi. Eu vou sair da Casa Civil e vou deixar praticamente em fase de conclusão toda a Bacia do Tucano que é o chamado programa Águas do Sertão. Vou deixar, junto com a Sedur e a Conder, encaminhadas obras importantes viárias, estruturantes e transportes de massa, como o metrô, VLT e BRT que a cidade nunca teve. O metrô estava aí há 12 anos emperrado e nós conseguimos em curto prazo de tempo colocar em curso. Vamos entregar a Via Expressa e outras obras. Sinto-me feliz, realizado e com sentimento de dever cumprido. Hoje me permita afirmar que a Bahia está melhor e vai ficar melhor ainda no futuro próximo.

Colaboraram: Fernanda Chagas e Lilian Machado

Compartilhe