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Os pequenos investidores das ações de empresas de capital aberto do Grupo EBX, controlado pelo empresário Eike Batista, vêm sendo espectadores da deterioração da situação financeira do grupo e da sucessão de notícias sobre venda de participações nos negócios, assim como sobre a reestruturação da companhia. Como consequência, os papéis registraram queda livre desde o início do ano.

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Os investidores sentem o prejuízo no bolso e se incomodam com o silêncio do empresário, que era atuante nas redes sociais, como o Twitter, até a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) declarar queestuda monitorar as redes sociais no mês passado. Com isso, dois grupos se mobilizam para obter mais informações e acompanhar de perto a situação das empresas.

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Investidores cobram informações do empresário Eike Batista

O empresário Willian Magalhães, de 32 anos, gerencia uma conta na rede social Twitter para reunir quem apostou no papel da petroleira do grupo, assim como ele. O perfil MinoritáriosOGX já recebeu contatos de investidores de outra empresa do grupo, a LLX, de logística, para levar a cabo uma iniciativa semelhante.

Já o advogado carioca Adriano Mezzomo criou a União dos Acionistas Minoritários do Grupo EBX (UNAX) para reunir investidores, cobrar informações e, se necessário, auxiliá-los a entrar com ações judiciais.

“Vamos buscar ressarcimento patrimonial de todos que tenham cometido excessos ou falhas – isso pode envolver Eike e os demais diretores da empresa”, diz Adriano. “Muito dinheiro de acionistas e até de contribuintes sumiu tal qual uma mágica”, afirma. O grupo de Eike teve apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES.

Reuniões

O grupo de minoritários da OGX fará sua primeira reunião em um restaurante em São Paulo neste sábado (13). De acordo com Magalhães, mais de 50 investidores já confirmaram participação.

“Na reunião, conversaremos sobre sugestões. Os principais objetivos do grupo é ter a indicação de um minoritário no conselho administrativo da empresa e instalação de um conselho fiscal para dar voz às nossas reinvidicações”.

Magalhães aponta que também irá definir uma data para uma reunião no Rio de Janeiro. O clima, diz, é de apoio à empresa. “Sei que isso é difícil em um momento ruim”.

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Minoritários pedem informações do controlador pelo Twitter

A UNAX está recolhendo procurações e em breve deve definir uma assembleia para determinar rumos. Mezzomo diz já ter recebido contato de investidores da China, Cingapura e Estados Unidos.

Para a UNAX, notícias sobre investigações que estão sendo realizadas pela CVM são um forte indicativo de que informações divulgadas anteriormente precisam ser levantadas e conferidas.

“Os minoritários têm direito a informações precisas para agregar transparência e implantar credibilidade ao mercado de capitais. Eles entendem que o mercado tem risco, mas em contrapartida pede informações claras”, disse um dos membros do grupo, que não quis ser citado na matéria.

“Não iremos vender as ações”

Magalhães declara deter milhares de ações da OGX desde o início do ano. Elas foram compradas aos poucos, com um orçamento destinado a investimentos. Hoje, a empresa é a única que Willian tem em sua carteira de ações.

“Na hora de comprar, pensei em um investimento de longo prazo, de cerca de cinco anos, confiando nos fundamentos da empresa. Apostei apenas nela porque, para mim, ampliar o leque dificulta a compreensão. Também tenho apetite ao risco”.

Magalhães, assim como a maioria dos investidores do grupo de minoritários, também pessoas físicas, não vendeu os papéis. “Não acho que seja viável assumir um prejuízo desse”. Ele conta que os investidores reunidos compraram o papel em períodos diferentes. “Tem gente que comprou as ações a preços acima de R$ 10 e há outros que entraram agora. Muitos têm apenas a OGX na carteira”.

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Investidores querem que controlador quebre o silêncio

O advogado Guillermo Federico Piacesi Ramos, de 39 anos, que pretende participar da reunião do grupo no Rio, ressalta que há muito pânico no mercado e que a hora é de união. “Não somos especuladores, mas, sim, investidores. Não há uma comunicação direta com a empresa como existe com outras no exterior”.

“Eu não estou vendendo os papéis, mas, sim, comprando. Não vou na manada. Se quisesse vender teria feito isso em janeiro”. Ramos ainda verifica bons fundamentos na empresa, mas aponta que o maior problema talvez tenha sido os anúncios feitos por Eike, que chama de “bom vendedor”.

A OGX representa um terço da carteira de ações da representante comercial Elisangela Leitão dos Santos, de 37 anos. “O momento é de pânico. Isso porque em janeiro a OGX era a ação mais recomendada e, em fevereiro, iniciou uma forte queda”.

Elisângela vai aguardar o desdobramento da reestruturação. “A empresa começou a gerar caixa agora. O investidor brasileiro é imediatista. A empresa não dá respostas, e soma-se a isso muitas notícias ruins. Nada colabora. Exigimos uma resposta da empresa”.

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