O numero de aeroportos regionais que o governo federal pretende construir – 800, de acordo com declaração da presidente Dilma Roussef feita hoje na França – é quatro vezes maior que a meta com que a Secretaria de Aviação Civil (SAC) trabalha em seu plano de longo prazo.
Existem atualmente cerca de 140 aeroportos em todo território nacional que recebe voos regulares e o objetivo da secretaria, segundo afirmações do próprio ministro Wagner Bittencourt, é de atingir 200 daqui dois anos.
Para especialistas e entidades do setor aéreo, o número divulgado pela presidente Dilma é exagerado.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo – ABETAR – Apostole Lack, afirmou que a presidente pode ter se confundido na quantidade de aeroportos a serem construidos. “Esse numero não é viável, senão haverá muito mais aeroporto do que as empresas podem cobrir”, disse.
Se acordo com ele, 80% do território brasileiro já é atendido direta o indiretamente pela aviação regular. A SAC predente que , com os 200 aeroportos planejados, a cobertura passe dos 90%. “Não há muita construção de aeroportos para fazer no Brasil” afirmou Lack.

O professsor do Departamento de Transporte Aéreo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) Cláudio Jorge Pinto Alves afirma que 200 é uma quantidade “bastante razoável” de aeroportos para atender a demanda pelo transporte aéreo no Brasil. “Se chegarmos a esse número, será um baita desenvolvimento que estaremos atingindo.
Aí sim faz sentido”, disse. Segundo ele, o País, atualmente, não tem nem empresas nem quantidade de aeronaves suficientes para operar uma rede do tamanha daquela que a presidente Dilma disse hoje ser a meta do governo.
Para efeito de comparação, no melhor momento da aviação regular no Brasil, nas décadas de 1950 e 1960, existiam cerca de 340 aeroportos aten didos por mais de 30 empresas.

Os especialistas lembram que esses números caíram a partir da chegada do avião a jato e por conta de imposição de regras de segurança mais rígidas por parte do governo.
Muitos do municipios deixaram, então, de ser servidos pelo transporte aéreo. A partir de meados dos anos 2000, a aviação regional apresentou crescimento ao se aproveitar de brechas deixadas pelas grandes empresas, principalmente no interior dos Estados.
Mas esse quadro durou pouco tempo, até que pressão dos custos sbre as operações das companhias aéreas – principalmente relacionados aos gastos com combustível – levou a uma concentração do mercado.

“Hoje corremos o risco de entrarmos em um cenário onde duas ou três empresas vão deter todas as operações de voo”, afirmou Lack, da ABETAR.

A possibilidade de investimentos para expansão da aviação regional, no entanto, anima empresários do transporte aéreo. O diretor de Segurança e Operações de Voo da Associaçã o Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Ronaldo Jenkins, disse que a entidade, criada pelas cinco principais companhias aéreas brasileiras – Avianca, Azul, Gol, Tam e Trip -, é favorável a um maior numero de aeroportos no Brasil porque o aumento da estrutura levará a um desenvolvimento do transporte aéreo.
Segundo ele, nos locais onde a demanda é irregular ao longo do ano a oferta de voos pode ser coberta por companhias cujas operações são maleáveis e possíveis de se adequar à procura pelo serviço.

fonte: Estadao.com – jornalista Wladimir Bruno Pisani D’Andrade

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