Tribuna da Bahia

Sempre visto como inferior em comparação à metodologia tradicional, o ensino a distância ganha cada vez mais adeptos no Brasil, e na Bahia não tem sido diferente. No nordeste, o estado lidera o número de alunos que optam pelo método de ensino alternativo. Uma análise no panorama brasileiro mostra que o país conta com cerca de 1 milhão de estudantes matriculados na modalidade a distância. Na Bahia, a cada quatro alunos matriculados, pelo menos um escolhe o ensino não presencial.

Se antes os alunos de EAD eram tidos como relapsos e preguiçosos, devido ao comodismo proporcionado pela escolha, hoje, esse tipo de estudante apresenta melhores resultados, inclusive em testes específicos como o Exame Nacional deDesempenho dos Estudantes (ENADE). “Essa seria uma das saídas para melhorar o nível escolar dos brasileiros”, opina a presidente da Associação Baiana de Mantenedores do Ensino Superior – órgão que reúne a maioria das instituições acadêmicas particulares da Bahia -, Nádia Viana.

Ela, que também é professora, acredita que há muitos mitos e desinformação sobre as práticas pedagógicas do ensino a distância e afirma que o método já ajudou a formar inúmeros profissionais que hoje são bem-sucedidos em suas carreiras. “As pessoas acham que o simples fato do aluno estar preso numa sala de aula com o professor ajuda no aprendizado, quando na verdade as pesquisas mostram o contrário”, rebateu.

Segundo a professora, alguns resultados do Enade apontam que alunos que concluíram o curso na modalidade nova de ensino tiveram desemprenho melhor do que os que seguiram os métodos tradicionais. Ela acredita que as pessoas que optam pelo EAD ficam mais independentes, se tornando o principal responsável pelo seu aprendizado. “Uma característica marcante que diferencia um aluno de EAD e o aluno tradicional é que o segundo sempre espera pelo professor, enquanto o primeiro vai em busca do conhecimento”, acrescentou, alertando que para ter acesso ao ensino a distancia são necessários aparatos tecnológicos de comunicação que facilitem a interação, como computador e internet e material didático pedagógico adequado.

Metodologia diferenciada

De acordo com a legislação brasileira, no ensino a distância, as avaliações de maior valor devem ser aplicadas presencialmente nos polos das faculdades. Nos cursos que demandam atividades práticas como em laboratórios, as experiências técnicas também devem ser disponibilizadas nas instalações físicas da instituição. Segundo Nádia Viana, o conteúdo programático dos cursos a distância e presenciais é o mesmo, a única diferença é a metodologia de ensino. Ela atribui o crescimento da adesão das pessoas a este tipo de ensino ao comodismo e facilitação proporcionada por ele. “É um estímulo muito grande, principalmente para aqueles que trabalham ou têm uma rotina muito atarefada”, afirmou.

Diferente do que as pessoas pensam, o ensino a distância também possui uma carga horária a ser cumprida, que é monitorada. A disponibilização do material didático online facilita a supervisão. Através da plataforma tecnológica é possível saber qual o tempo dedicado pelo aluno, na consulta ao conteúdo exibido. “Este monitoramento é apenas um resguardo, o perfil de aluno do EAD é bem diferente de algumas figuras geralmente encontradas em sala de aula”, ressaltou a professora. Segundo ela, as pessoas que procuram o ensino a distância, ao contrário do que se pensava há alguns anos, são bastante comprometidas com o aprendizado.

Preços são atrativos

Nos Estados Unidos, o custo dos cursos não-presenciais supera o valor cobrado pelo ensino tradicional, diferente do que acontece no Brasil. Geralmente esta modalidade pedagógica sai bem mais em conta se comparado aos valores dos cursos comuns. “Embora demande muitos profissionais para que o método funcione da maneira adequada, os valores cobrados pelo ensino a distância ainda é menor”, salientou a professora. Segundo ela, o método necessita de pelo menos três tipos de profissionais para que tudo funcione dentro da legislação estabelecida.

São necessários o professor conteudista, responsável pelo material didático, organização de calendário, atividades, entre outras ações de programação, o tutor a distância, que realiza as aulas e consultas online, além da teleconferências, e o tutor presencial, que fica sediado nos polos, atendendo às duvidas dos alunos pessoalmente. De acordo com a presidente da ABAMES, a legislação é muito rigorosa nas exigências sobre a aplicação do ensino a distância, que deve trabalhar o mesmo conteúdo dos cursos normais.

O ensino não-presencial é a modalidade que mais cresce no Brasil e virou a grande aposta dos educadores para alcançar níveis maiores de instrução entre os brasileiros.

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