Do G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff negou, segundo entrevista concedida à revista “Veja” publicada neste sábado (24), que exista crise política entre o Palácio do Planalto e o Congresso – mas disse não gostar “desse negócio de toma lá dá cá” nas relações com a base aliada.

“Não gosto desse negócio de toma lá dá cá. Não gosto e não vou deixar que isso aconteça no meu governo. Mas isso nada tem a ver com a troca dos líderes. Eles não saíram por essa razão”, disse a presidente conforme reproduziu a publicação.

Dilma mantém no Congresso uma relação tensa com a base aliada ao governo, que resultou, entre outros episódios, na troca dos líderes do governo no Senado e na Câmara, e em derrotas nas últimas semanas em temas prioritários ao Planalto. Governistas reclamam da falta de diálogo com o Executivo e da postura “impositiva” da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, responsável pela articulação política do governo.

“Não há crise nenhuma. Perder ou ganhar votações faz parte do processo democrático e deve ser respeitado. Crise existe quando se perde a legitimidade”, disse Dilma, segundo a revista. “A tensão é inerente ao presidencialismo de coalizão com base partidária. No governo passado perdemos a votação da CPMF, e o céu não caiu sobre nossas cabeças.”

Sobre as denúncias de corrupção que atingiram o governo no ano passado e que resultaram na saída de sete ministros, Dilma, além de afirmar mais uma vez ser avessa a “malfeitos”, disse, de acordo com “Veja”, que nem todos esses políticos deixaram seus cargos por estarem envolvidos nas irregularidades. “Alguns pediram para sair para evitar a superexposição ou para se defender das acusações que sofreram.”

Segundo a revista, porém, Dilma condenou o que classificaram como “faxina” a saída de autoridades envolvidas nesses casos. “Parece preconceituoso [chamar de faxina]. Se o presidente fosse um homem, vocês falariam em faxina?”

Crise econômica
Crítica do que classificou no início do mês como “tsunami monetário”, Dilma defendeu, segundo a publicação, conjugar medidas protecionistas para a economia para evitar a entrada de capital especulativo e abrir o país a investimentos estrangeiros produtivos. Demonstrou insatisfação, ainda, conforme a revista, com interpretações de que estaria estimulando fechamento econômico do país.

Afirmou também que pretende baixar a carga tributária, mas disse, de acordo com a “Veja”, que os empresários, com quem teve encontro nesta semana para cobrar investimentos, devem se comprometer em “assumir riscos”.

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