Do G1, com informações do Jornal da Globo

Os peritos que vão investigar as causas do incêndio que destruiu a base de pesquisas científicas da Marinha brasileira estão na Antártica.

A equipe do Jornal da Globo embarcou no avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que foi para a base chilena Eduardo Frei resgatar o corpos dos dois militares que morreram na estação brasileira na Antártica.

O avião levou o embaixador brasileiro no Chile, integrantes da diplomacia e militares. Todo mundo divide espaço com suprimentos, caixas, roupas, equipamentos de comunicação e comida para os 12 militares que estavam na estação na hora do incêndio e que foram levados para a base chilena.

Após três horas de viagem, o desembarque foi numa temperatura de zero grau.

O chefe da base chilena, que mandou três helicópteros resgatar os brasileiros depois do incêndio, conta que a tragédia deixou todos que trabalham na região abalados.

Os peritos da Marinha, enviados para apurar as causas do incêndio, se emocionaram ao encontrar os 12 militares que sobreviveram.

O capitão Fernando Coimbra, chefe da estação brasileira na Antártica, diz que não houve explosão antes do incêndio. Ele contou que o suboficial Carlos Figueiredo e o primeiro sargento Roberto dos Santos, que morreram no incêndio, tentavam fechar a válvula do reservatório de etanol para evitar que o fogo se espalhasse pela mangueira e chegasse ao tanque, que ficava atrás do gerador.

Segundo o capitão, a equipe tentou usar água do mar para controlar o incêndio, mas a água congelou na mangueira.

Os corpos dos dois foram encontrados a dez metros do compartimento dos geradores a óleo, onde o fogo teria começado. “Mais do que perda material, mais do que da nossa casa durante um ano é a perda dos nossos amigos”, afirmou o chefe da estação antártica brasileira, Fernando Coimbra.

Os militares vão voltar para estação. O navio polar Almirante Maximiano vai servir de apoio até a reconstrução da base. “Nós temos que preparar estação para o inverno. Todo material externo ainda esta conservado. O grupo esta consciente que só vai sair do local com missão cumprida”, disse Coimbra.

Os militares que vão permanecer na Antártica prestaram uma última homenagem aos colegas mortos. Eles carregaram os caixões dos dois homens mortos cobertos pela bandeira do Brasil até o avião.

Uma cerimônia militar foi improvisada e contou também com a homenagem de militares chilenos. “Com certeza eles foram heróis que se sacrificaram pensando em prol de todo nosso grupo”, diz o sargento da Marinha, Edson Bezerra.

Quarenta e cinco militares e pesquisadores, que estavam na base brasileira na Antártica, chegaram ao Brasil. A maior parte do grupo desembarcou na base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, na madrugada desta segunda-feira (27). Cansados e abalados com o acidente, traziam apenas as roupas do corpo. Contaram que o fogo se espalhou rapidamente e não puderam salvar objetos pessoais.

Entre os que chegaram estava o primeiro sargento Luciano Gomes Medeiros, que sofreu queimaduras nas mãos. Ao sair do avião, ele foi colocado numa cadeira de rodas e levado para o hospital da Marinha, onde permanece em observação.

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