José Antônio Laranjeira/Tribuna

Os três trabalhavam no Departamento de Trânsito de Feira de Santana e a polícia investiga se os crimes têm relação com denúncias de fraudes no órgão

Três funcionários do Departamento de Trânsito de Feira de Santana (3ª Ciretran), sendo que um deles é o sargento coordenador do setor de habilitação Amarildo Novais, morreram baleados na manhã de ontem, na cidade cerca de 100 Km de Salvador. Segundo informações do coordenador-geral de Polícia Civil de Feira de Santana, Ricardo Brito, o sargento atirou nos colegas e, em seguida, se matou. Os crimes ocorreram por volta das 8h, no estacionamento do Corpo de Bombeiros, no Centro Industrial Subaé. Os três eram examinadores da Ciretran e
seguiriam de lá até o local de provas de habilitação. Amarildo ainda foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. A polícia investiga se os crimes têm relação com denúncias de fraudes no órgão.

Conhecido na cidade e atual chefe do departamento de habilitação da 3ª
Circunscrição Regional de Trânsito de Feira de Santana, Amarildo e os demais
estavam num veículo Kia Cerato, cor vinho, placa NYQ-8396, no estacionamento que
fica em frente à sede do Grupamento do Corpo de Bombeiros, no bairro do Tomba.
De acordo com testemunhas, no interior do veículo, ele teria atirado contra um
examinador, de prenome Luis Eugênio, e em uma mulher identificada como Maria das
Graças, que estava no banco de trás.

Após disparar contra ambos, Novaes tirou a própria vida com um tiro na
cabeça. O chefe do departamento de habilitação ainda foi socorrido e levado para
o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), onde chegou sem vida. As outras duas
vítimas morreram na hora e os corpos foram removidos para o Departamento de
Polícia Técnica (DPT).

Indícios de irregularidades

O interventor informou que haverá aumento no número de servidores no setor de
vistoria e que encontrou diversas irregularidades. “Constatamos efetivamente que
algumas vistorias, por intermédio e alguns despachantes principalmente, estavam
sendo realizadas somente com o recalque do chassi, ou seja, os veículos não se
faziam presentes no pátio da Ciretran e por conta disso nós bloqueamos essa
prática e colocamos servidores para ter o controle efetivo de todos os veículos
que entram no pátio”, informou.

Questionado se havia propina nos departamentos fiscalizados, o interventor
informou que não pode confirmar qualquer informação relacionada, uma vez que não
houve instauração de processo administrativo nem abertura de sindicância. “Isso
eu não posso assegurar, mas quando concluirmos os processos que deverão ser
instaurados vamos divulgar os resultados”, disse.

A principal irregularidade causou a exoneração de uma servidora, o motivo,
porém, não pôde ser informado. Sobre isto, Osvaldo Moura explica que o cargo era
comissionado e a exoneração podia ser feita há qualquer momento pelo
diretor.

Segundo ele, outro ponto crítico foi o atendimento indiscriminado de
despachantes e zangões (não credenciados como despachantes) fora do horário em
guichês que são destinados ao atendimento particular. “Existe horários e sistema
(via malote) certos e enquanto eu estiver aqui não quero que nenhum despachante
seja atendido em guichês destinados ao particular”, concluiu.

Força-tarefa investiga irregularidades na Ciretran

A 3ª Circunscrição Regional de Trânsito de Feira de Santana atualmente passa
por uma investigação para desvendar suspeitas de irregularidades na repartição.
As denúncias que foram encaminhadas à direção geral do órgão, atingem as áreas
de vistoria e exames práticos de direção veicular, essa última de
responsabilidade do sargento Novaes.

A força-tarefa de investigação policial, iniciada há cerca de um mês, foi
criada para apurar várias denúncias, entre elas, a regularização de carros
roubados. Sete servidores do órgão são investigados por suspeita de fraude e uma
funcionária já teria sido exonerada. Seis supostos envolvidos nas fraudes estão
sendo remanejados para outras funções. Dez servidores indicados pela direção do
Detran na Bahia colheram documentos, ouviram depoimentos e investigaram
servidores denunciados por supostas vítimas das fraudes. Uma delas, a
considerada mais grave, diz respeito à vistoria de veículos que não chegavam a
ser levados para o pátio da Ciretran.

Segundo o coordenador interino do órgão, Osvaldo Moura, foi dessa forma que
vários carros roubados foram transferidos através da Ciretran. “Nós estamos com
alguns processos, com chassi adulterado, com documentos falsificados”, afirma
Osvaldo.

A força-tarefa também investigou o atendimento a despachantes e pessoas não
credenciadas nos guichês destinados aos particulares, o que é proibido. A
investigação também descobriu que examinadores estavam facilitando a avaliação
dos candidatos a motorista nos exames de rua.

Após diversas denúncias de irregularidades contra a 3ª Circunscrição Regional
de Trânsito (Ciretran), uma equipe designada pelo diretor geral do Departamento
Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA), Maurício Botelho, esteve em Feira de
Santana para fiscalizar a prestação de serviços e os procedimentos realizados no
local.
De acordo com o interventor da Ciretran, Oswaldo Mota Moura, os pontos
mais críticos são as áreas dos exames de rua e vistoria, de onde um servidor foi
exonerado e outros foram remanejados.

Ele explica que o lançamento dos resultados ficava a mercê da vontade dos
servidores e por isso havia uma demora de quatro a oito dias para constar no
sistema. “Agora designamos uma pessoa para fazer o lançamento de imediato, para
não deixar espaço para candidatos reprovados terem seus resultados alterados. Já
estamos de forma segura bloqueando esse tipo de ação”, afirmou.

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