REDE BAHIA | G1

Foram apreendidos cerca de 60 kg da droga entre janeiro e novembro. ‘Perdi a infância dos 7 aos 19 anos’, diz ex-usuário que agor ajuda famílias.

A polícia da cidade de Itabuna, no sul da Bahia, apreendeu 60 Kg de crack de janeiro até novembro deste ano, volume considerado cinco vezes maior do que o encontrado no ano passado. A maior apreensão ocorreu em março deste ano, quando foram localizados mais de 40 kg de crack e de cocaína escondidos no forro de um veículo na BR-415.

A polícia aponta que o tráfico dessas drogas “pesadas” influencia diretamente no aumento da violência na cidade. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios, 67% das cidades enfrentam problemas relacionados ao crack em todo o estado.

Para o delegado Moisés Damasceno, o consumo de crack e cocaína em Itabuna, especificamente, está muito grande. “Isso é bastante preocupante, porque são drogas que acabam mais ainda com a pessoa humana. Nossa atuação tem a intenção de combater que a droga que chegue aqui na cidade seja disseminada na região. Existe guerra, duas grandes facções, a ‘raio A’ e a ‘raio B’, em referência ao Conjunto Penal de Itabuna. É uma autêntica guerra civil e esses indivíduos acabam matando um a outro e causando um grande índice de homicídio na cidade”, avalia.
Vítima

A dependência do crack fez com que  o ex-usuário Marcelo Moura fosse parar na Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem), em São Paulo, aos 17 anos de idade. Segundo ele, só conseguiu deixar as drogas depois de passar por uma clínica de recuperação, em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano.

“Tive uma perda completa de infância dos 7 aos 19 anos. Dos 15 aos 19, só crack. Me levou a morar na rua como mendigo. Destruiu a minha história completamente até os 19 anos. Eu não acreditei, não achava que era possível. Fui me tratar e nove meses depois estava recuperado”, relata Marcelo, que hoje ajuda famílias a superar traumas e o próprio vício. Uma delas é a de Pedro Benevides, pai de um ex-usuário de crack. “Meu filho chegou a ser preso. Ele estava tirando as lâmpadas, toda a comida dos filhos, calcinha, short dos filhos, ele entregava tudo aos traficantes” , conta.

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