LARYSSA BORGES/Direto de Brasília – Terra

João Dias Ferreira é o autor das denúncias contra o ministro Orlando Silva. Foto: José Cruz/Agência Brasil

João Dias Ferreira é o autor das denúncias contra o ministro Orlando Silva
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O policial militar João Dias Ferreira, que acusa o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), de envolvimento em um suposto esquema de corrupção para a liberação de recursos públicos para organizações não governamentais (ONGs), deverá prestar novo depoimento à Polícia Federal na próxima segunda-feira. A nova oitiva tem por objetivo apresentar às autoridades as provas que ele diz ter contra Silva e outros integrantes do governo supostamente envolvidos em irregularidades.

Nesta sexta-feira, o PM foi à Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) da Polícia Civil, em Brasília, onde tentou, sem êxito, obter provas recolhidas pelos policiais durante a Operação Shaolin. Dias Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar de desvios de recursos destinado a um programa do Ministério do Esporte.

Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.

De acordo com Ferreira, o esquema utilizava o programa Segundo Tempo para desviar recursos usando ONGs como fachada. Orlando Silva foi apontado como mentor e beneficiário desse esquema. As ONGs recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Conforme a acusação, o ministro teria recebido, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes da quadrilha. Parte desse dinheiro, acusa a revista Veja, foi usada para pagar despesas da campanha presidencial de 2006.

Nesta sexta-feira, após retornar de uma viagem à África, a presidente Dilma Rousseff (PT) deverá ouvir pessoalmente a versão de Orlando Silva sobre as acusações. Na audiência, ainda sem horário agendado, o ministro reforçará a tese de inocência e apresentará o que classificou no microblog Twitter como um “relatório com mentiras” publicadas contra ele. As explicações que dará à presidente, somadas a uma análise das condições políticas do chefe do Esporte, serão responsáveis por sua manutenção ou demissão do governo.

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