O Partido dos Trabalhadores apresentou à sociedade, em Ato Político, no último sábado, o seu pré-candidato a prefeito de Vitória da Conquista, o prefeito Guilherme Menezes, que disputa pela quarta vez uma eleição para o executivo. A indicação do partido, como de costume, ocorreu depois das tradicionais consultas às bases do partido, demoradas conversas com as lideranças e, especialmente, após o “conclave” entre os principais mandatários, que acertaram os passos em defesa do projeto político que quer chegar aos 20 anos governando Vitória da Conquista. A secretária-geral do PT, Nadjara Régis, que acompanhou de perto todas as movimentações que resultaram no afunilamento para o nome de Guilherme, havia afirmado em entrevista a este blog, no começo de junho, que o partido colocaria o “bloco inteiro e unido nas ruas” no projeto de reeleição de Guilherme. O ato ocorrido no sábado mostrou que ela acertou e que, no que depender da militância petista e de suas principais lideranças, a “campanha” já começou, e com muita festa e entusiasmo. Nesta entrevista ao Blog do Fábio Sena, Nadjara Régis comenta a nova conjuntura que se abre com a formalização, por parte do PT, do nome de seu pré-candidato.

BLOG DO FÁBIO SENA: Em entrevista a este blog no mês de junho, você afirmou que o seu partido, o PT, botaria o bloco na rua inteiro e unido. Era uma profecia ou uma avaliação política?

NADJARA RÉGIS: No PT, não prevalece o desejo pessoal de candidatura. Só sai candidato quem convence, e é convencido, da tarefa política que tem a cumprir. E sempre se observando a aceitação da comunidade que irá apreciar aquela candidatura. Por isso que há muito debate, muita crítica interna, até que “o escolhido” sinta que sua candidatura é um patrimônio de todos os militantes. “Nosso bloco inteiro e unido na rua” é uma regra para os petistas; não dá para ter candidato de si mesmo, ou de alguns poucos. Guilherme, Waldenor e José Raimundo têm suas divergências dentro da vida partidária, mas se unem, como todos os militantes, pelo compromisso de construir uma sociedade com justiça social.

BLOG DO FÁBIO SENA: Como você interpreta o grande número de partidos que estão se aproximando da Frente Conquista Popular, alguns, inclusive, historicamente, identificados com o que se convencionou a chamar de “direita”?

NADJARA RÉGIS: Por muitos anos, principalmente aqui na Bahia, a política se deu sem diálogo, com partidos chamados “de aluguel”, criados como apêndices do partido mais forte, os quais nunca eram chamados para discutir programa de governo. Os governos do PT têm servido para melhorar o pluripartidarismo brasileiro. Tratamos todos os partidos políticos com dignidade, no lugar da negociação temos a palavra, ou seja, o convencimento para esse projeto que garante desenvolvimento econômico com inclusão social. Os partidos são formados por pessoas e nós acreditamos que muitas pessoas que compõem os partidos a que se convencionou chamar de direita estão sendo tocadas por uma nova consciência política. Desde o governo Lula, a auto-estima da população brasileira aumenta, é mais liberdade, é mais esperança, é mais empreendedorismo transformando os pensamentos e as práticas em vários grupos sociais.

BLOG DO FÁBIO SENA: Uma vez definido o pré-candidato do PT, um dos grandes debates travados atualmente é a questão de quem vai assumir a vice de Guilherme na chapa majoritária. Como o PT, que é o partido dirigente da frente, vai tratar essa questão? Que critérios serão utilizados para a composição dessa chapa?

NADJARA RÉGIS: Está muito cedo para se discutir vice. Acabamos de definir o pré-candidato a prefeito, assim, agora é que entramos no campo de treinamento. O momento é de fazer pontes para os partidos que acreditam em nosso projeto político, de unir a militância em torno de um novo Programa de Governo, de sentir a vontade da população. Não precisamos ter ansiedade, pois todos os aspectos a serem decididos deverão envolver de modo transparente a Frente Conquista Popular de 2012. Em 2000, os partidos políticos que formaram a Frente Conquista Popular fizeram uma Carta Pública escrita a várias mãos para indicar nomes para a vice, eram oito os nomes, e, ao final, o candidato a vice foi quem sequer tinha seu nome naquela relação, foi o Prof. José Raimundo Fontes, por unanimidade. Então, o único critério é a discussão transparente, conduzida pelo Diretório Municipal do PT e pelos partidos interessados. Até porque só há uma vaga para essa função, assim, o que une é o Programa de Governo, sendo as Secretarias Municipais os espaços onde se dá a realização desse programa.

BLOG DO FÁBIO SENA: Hoje, um militante do PT indicou o nome da vice-presidente do PT, Karine Borges, como candidata a vice. Isto é a busca pela participação feminina ou o PT quer sair PT-PT?

NADJARA RÉGIS: Nesta primeira fase de discussões todos os partidos, sobretudo para unir seus filiados, consolidar suas chapas de candidatos a vereador e entrarem fortes na política de alianças lançam nomes para pré-candidaturas, que se tornam nomes para vice numa possível composição. É comum no PT a militância querer, também, o candidato a vice. Realmente, o Diretório Municipal do PT não discutiu nada a esse respeito. Nomes circulam pela boca dos militantes e isso é até saudável, pois demonstra que há vontade, no PT, de renovar seus quadros. Aliás, o último Congresso Nacional do PT aprovou o indicativo de renovação de lideranças e de participação das mulheres. A candidatura de Dilma se deveu, muito, à lucidez de um homem, o ex-presidente Lula, pois sabemos que a construção do mundo se dá em todos os espaços, principalmente na política, onde homens e mulheres devem andar de mãos dadas e faltam mulheres para a quantidade de homens que estão na política. Minha convicção é de que uma eleição bem equilibrada deva se dar com um partido diverso na chapa majoritária, enfatizando, com isso, nossa pluralidade.

BLOG DO FÁBIO SENA: O PCdoB definiu-se pela aposta em uma candidatura própria, capitaneada pelo deputado Fabrício, o que tem motivado debates, dentro e fora do governo, sobre a permanência de comunistas em cargos na administração. É incompatível essa pré-candidatura com a manutenção dos cargos no governo?

NADJARA RÉGIS: Lembro que o PMDB, antes mesmo de Geddel Vieira Lima assumir sua pré-candidatura ao governo do estado da Bahia, abriu mão dos espaços que ocupava no Governo Wagner. Isso é uma regra geral da boa prática política. O filho que busca casamento deve buscar, também, o custeio de sua família, ainda que queira do pai o apoio moral para sua independência. A saída administrativa do governo não significa fim do diálogo, é, apenas, uma atitude de coerência, de maturidade política. Com todo respeito, queremos manter o bom diálogo com o PCdoB, pois o nosso maior compromisso é com a população de Vitória da Conquista.

BLOG DO FÁBIO SENA: Como a senhora vê a oposição em Vitória da Conquista?

NADJARA RÉGIS: Vivemos um momento político em que a população percebe a presença de dois grandes projetos políticos. O projeto político capitaneado pelo PT tira o Brasil, a Bahia e Vitória da Conquista do atraso, realizando direitos fundamentais para os que mais precisam e construindo qualidade de vida para pobres, médios e ricos. É impressionante como esse projeto político une empresários, comerciantes, profissionais liberais e trabalhadores em geral porque Vitória da Conquista nunca esteve num caminho tão bem trilhado como o que tem feito nos últimos 15 anos. O dinheiro público bem aplicado diminui os riscos do investimento privado, e, com isso, todos ganham em oportunidades, em qualidade de vida. É o econômico e o social de mãos dadas, hoje, muitos trabalhadores têm conta bancária e até arriscam um investimento em ações, todos ganham com isso! Em 2012, a população vai avaliar se quer manter esse projeto de desenvolvimento econômico com inclusão social ou se quer o projeto que se opõe a essas conquistas. Já sabemos, em pesquisas, que mais de 75% da população aprova nosso governo e é por isso que o PT apresenta a pré-candidatura de Guilherme, esta é nossa responsabilidade. Blog do Fábio Sena

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