Tribuna da Bahia

O comércio de Salvador convive com quase 600 mil inadimplentes.
Segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o número de pessoas físicas da capital baiana incluídas neste indicador subiu de 540 mil, no último balanço de 2010, para mais de 580 mil, em setembro, uma elevação de 7% em nove meses.
De acordo com o presidente da entidade, Antoine Tawill, a tendência neste semestre continua sendo de crescimento, em conformidade com um cenário que acontece em todo o Brasil, cuja alta foi de 5,8% somente em setembro, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Em termos percentuais em cima do total de consumidores, o inadimplemento no comércio varejista de Salvador cresceu quase 25 pontos percentuais entre dezembro do ano passado, quando registrava uma taxa de 5,2%, e o último mês de setembro, quando chegou a 6,5%. O dirigente credita ao crescimento do crédito no Brasil a expansão da inadimplência. “Isso criou uma
cultura de endividamento, mas as pessoas esquecem que precisam pagar as prestações”.  Para Tawill, esta tendência faz redobrar a necessidade de cautela do comerciantes.

“Nossa
orientação é que todos os lojistas façam a consulta ao SPC e com mais critério.
Já se fez isso no passado (de não recorrer ao Serviço de Proteção ao Crédito),
mas isso não se mostrou positivo”, completa.

O superintendente da CDL/Salvador, Carlos Roberto Oliveira, também vê na
expansão brasileira as causas para o inadimplemento. “Pessoas que não estão
acostumadas ao crédito foram trazidas para o consumo”, observou. Oliveira
entende que o cenário atual, mesmo com o crescimento “sinal amarelo”. Os números
baianos, continua Oliveira, correspondem às melhores economias. “Em cinco anos,
a Bahia cresceu 50%. É uma média de 10% de crescimento por ano e em 2011  o
estado deve superar a marca de 12%.

“Esse número (de setembro) é natural. Dezembro é o mês de inadimplência mais
baixa. Há um movimento de regularização por causa das compras de Natal. Em
janeiro, fevereiro e março há uma retomada (da inadimplência). É neste período
que vencem os carnês do fim de ano”, argumenta. No comparativo dos períodos de
janeiro a setembro dos dois anos, o avanço da inadimplência é de 8%.

Cadastro positivo -Tanto o presidente como o superintendente consideram que
neste momento, o cadastro positivo – instituído este ano – não desempenha um
papel importante na proteção ao lojistas, pois ainda reúne poucos dados. “No
futuro, ele vai nos trazer novas análises e consumidores, principalmente aqueles
que não têm comprovação de renda”, avalia o superintendente. Para Antoine
Tawill, o nível alto de endividamento não deve trazer maiores preocupações neste
período de Dia das Crianças – marcado pelas ‘lembranças’ -, mas preocupa para o
período natalino, que normalmente envolve somas maiores – é a data que provoca
maior movimentação no comércio da capital.

Tanto nacionalmente como em nível local, setembro registrou a oitava elevação
consecutiva do indicador de inadimplência. Para a CNDL, o aumento continuado
neste indicador aponta um “cenário inflacionário persistente” e que ainda exerce
“pressão negativa” sobre o poder de compra do consumidor. Os indicadores da
confederação e do CDL são extraídos da base do SPC, formado por cerca de 150
milhões de CPFs e 800 mil pontos de venda, em todo o país. Não inclui operações
com cartão de crédito.

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