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A demissão de funcionários por conta do que disseram em redes sociais é um tema tão recorrente que virou até uma comunidade no Facebook (“Fired by Facebook”, demitido pelo Facebook, em inglês).

Foto: Divulgação

Marcelo Miyashita: o profissional precisa compreender que nas redes não há a
relação vida particular versus vida profissional No Brasil, os casos de demissão ainda pipocam aqui e ali, mas nos Estados Unidos não são nada raros: cerca de 8% das empresas com mais de 1.000
funcionários já dispensaram um funcionário por conta de atividades em redes sociais, segundo pesquisa da empresa de segurança de e-mail Proofpoint, publicada em 2009. Outros 20% das organizações disseram que advertiram seus empregados por causa do uso inapropriado das novas mídias.

No ano passado, alguns casos emblemáticos no Brasil foram exemplo da influência dessas mídias no trabalho: um jornalista da revista National Geographic foi demitido após escrever em seu Twitter comentários ofensivos sobre outra revista publicada pela mesma editora; um diretor foi dispensado por ofender um time de futebol que a empresa havia patrocinado; e uma funcionária do
Supremo Tribunal Federal (STF) foi transferida depois de escrever que o presidente do Senado deveria fazer como Ronaldo Fenômeno e “pendurar as chuteiras”.

A demissão, nesses casos, pode ser feita por justa causa, segundo o advogado
trabalhista Marcos Alencar, do Dejure Advogados, de Pernambuco. “A empresa pode
alegar quebra de respeito, confiança e até insubordinação e aplicar o artigo 482
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).”

Caiu na rede

Para Marcelo Miyashita, palestrante da Miyashita Consulting e professor de
marketing em cursos de pós-graduação e MBA, o profissional precisa compreender
que nas redes não há a relação vida particular versus vida profissional. “Quem
mantém perfil público nas redes sociais, implicitamente, decidiu tornar um lado
da sua vida público. E esse lado precisa estar em sintonia com a percepção que o
profissional quer que outros tenham sobre ele, seu perfil e sua carreira”,
explica.

Miyashita diz ainda que a vida pública é exposta em perfis pelas redes
sociais, em publicações em blogs, sites e também dentro das próprias redes, por
comentários postados em qualquer local que possa ser indexado por uma ferramenta
de busca. “O Google e as ferramentas internas de busca de cada rede social
formam o ‘grande irmão’. Logo, é preciso compreender que estamos, sim, formando
imagens a nosso respeito a partir do momento que tudo que publicamos pode ser
rastreado.”

Bom senso

Cesar Palmieri, diretor de Talentos e Equilíbrio do Grupo i9, empresa de TI,
afirma que as redes sociais têm um peso maior se comparado às famosas conversas
de corredor, uma vez que as informações estão escritas e disponíveis para todos,
dentro e fora da empresa. Portanto, para evitar um mal-estar, a solução é ter
bom senso. “Todos devem adotar uma postura ética, responsável e prezar pelos
relacionamentos, ou seja, são os mesmos cuidados que se deve ter ao enviar um
e-mail, criar um site pessoal ou escrever uma carta.”

Além dos cuidados com o que escrevem, os profissionais podem usar ferramentas
que reforcem a privacidade de seus perfis. Miyashita recomenda, por exemplo, que
se registre o nome no Google Alerts. “O sistema envia automaticamente e na
periodicidade que definir relatórios apresentando o que foi indexado pelo Google
em determinado período. Dá para programar envios em tempo real para ser avisado
assim que o seu nome foi indexado”, explica.

Aprender a utilizar a proteção que as próprias redes sociais oferecem também
é uma alternativa. Mas é preciso preocupar-se com o que os outros que têm acesso
ao perfil podem replicar. “De qualquer forma, mesmo entre amigos também formamos
imagens e devemos nos preocupar com isso. E equalizar uma imagem do ‘eu pessoal’
com o do ‘eu profissional’ é um desafio, mas, de certa forma, é o que todos
estão buscando: a identidade e sua marca pessoal”, conclui Miyashita.

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