Tribuna da Bahia

No ano de 1998, lembra Amauri Stracci, presidente da Fundação Bahia, a produtividade do algodão do oeste do estado não passava de 180 arrobas por hectare. “Hoje, estamos com 400 mil hectares plantados, e atingimos a marca de 260 arrobas por hectare, produtividade que pode chegar a mais de 300 arrobas por hectare na próxima safra”, disse ele. Com esses números, o algodão da Bahia tem hoje a maior produtividade do mundo.

O desempenho do algodão baiano foi também destacado pelo ex-ministro da Economia Maílson da Nóbrega, que fez palestra no auditório do Hotel Saint Louis, em Luis Eduardo Magalhães,  sobre a “Economia Global e as Tendências do Agronegócio e do Algodão”.  A Bahia é o segundo maior produtor nacional de algodão.

O secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, disse que “o algodão
encontrou nas terras baianas seu habitat, e para complementar as boas notícias
(bons preços no mercado, aumento da área plantada, e excelente qualidade do
algodão), esperamos em breve anunciar a instalação de um polo têxtil na
região”.

 

Salles lembrou que apesar de ser o segundo maior produtor nacional de
algodão, a Bahia não possui uma grande indústria têxtil para verticalizar a
cadeia, gerando empregos e renda. Para ele, os resultados que estão sendo
obtidos na cultura do algodão são frutos das pesquisas realizadas pela Fundação
Bahia, com recursos do Fundeagro, e da dedicação dos produtores.

 

“O Fundeagro é um exemplo de que podemos ter a pesquisa desenvolvida pelos produtores em parceria com o governo”, disse. Em parceria com a Fundação Bahia, a Embrapa Algodão desenvolveu duas novas cultivares de algodão, a BRS 335 e a BRS 336, apresentadas neste sábado na abertura do Encontro Técnico do Algodão 2011. A primeira se destaca pela alta produtividade, porte e ciclo médios, e a segunda pela qualidade da fibra.

 

A BRS 335 é indicada para cultivo no estado da Bahia e a BRS 336 para os
biomas do cerrado e semiárido brasileiro.

 

Eropeus redescobrem a pobreza

 

No momento em que o Lehman Brothers faliu, em setembro de 2008, governos
europeus se apressaram em declarar que não havia chance de que o Velho
Continente fosse afetado. Três anos depois, não só a crise ainda não foi
superada como a Europa redescobre seus pobres.

 

Em apenas três anos, dados oficiais mostram que o desemprego é recorde, a
renda, principalmente da população na periferia do continente, desabou e o
número de pobres aumenta.

 

Segundo pesquisadores, essa é a primeira vez desde o pós-guerra que a Europa
registra um aumento real no número de pobres, pelo menos na parte Ocidental do
bloco.

 

A classificação de pobre usado na Europa não é a mesma da ONU, que colocou a
taxa de miséria em uma renda de US$ 1,25 por dia. Na Europa, a taxa varia
dependendo do país e é estabelecida com base num salário que mantenha uma
família de forma adequada.  Nas últimas semanas, estudos publicados pela União
Europeia (UE), pelos governos nacionais e entidades de pesquisa revelam o que já
vem sendo chamado de “nova pobreza”. Centenas de empresas fecharam as portas.
Mas foram os cortes drásticos nos investimentos dos governos que aprofundou
ainda mais a recessão social.

 

Portugal – O desemprego oficial em Portugal atinge 12,5%, a maior taxa em 30
anos. Estão inscritos nos centros de empregos do país, para obter ajuda social,
600 mil portugueses. Mas, com os novos cortes de gastos, apenas metade tem
direito a algum tipo de seguro social de 528,56 por mês. O desempregado
português tinha uma renda mínima garantida por três anos.

 

Com o pacote de austeridade, a ajuda será limitada a 18 meses. A partir do
sexto mês, o cidadão terá o benefício cortado em 10%.

 

Hoje, um quinto dos portugueses vive com menos de 360 por mês – cerca de R$
800, não muito distante do salário mínimo brasileiro. No total, esse universo
abrange quase 2 milhões de pessoas. Uma fatia de 4% não tem condições
financeiras para fazer uma refeição a cada dois dias com carne ou peixe. Os
dados oficiais da UE apontam que o risco de pobreza em Portugal, que em 2008
atingia 18% da população, hoje já é de 23%.

 

Espanha – A expansão da pobreza também é uma realidade para os espanhóis.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística da Espanha, 800 mil pessoas a
mais passaram à situação de exclusão social severa desde 2007. Hoje, a pobreza
relativa chega a 20,8% da população, quase 10 milhões de espanhóis. O desemprego
passou de pouco mais de 11% em 2008 para 21% em 2011. Diante das dificuldades em
voltar a trabalhar, 500 mil pessoas sequer recebem mais a ajuda social do
Estado.

 

Produtividade

 

A BRS 335 possui ciclo e porte médios, com elevada produtividade de fibra e
resistência à mancha angular, doença de grande importância econômica no país,
pois não é controlada por produtos químicos e seu controle depende da utilização
de sementes sadias e resistentes.

 

“Além da boa produtividade, as características tecnológicas das fibras da BRS
335 estão de acordo com as exigências do mercado consumidor interno e externo”,
explicou Camilo de Lelis Morello, pesquisador da Embrapa Algodão e responsável
pela descoberta. Uma das características da BRS 335 é que a produtividade de
algodão em pluma é estimada em aproximadamente 2.070 quilos por hectare e a
colheita é prevista para de 150 a 170 dias após a emergência das plantas.

 

A cultivar é recomendada para o cerrado do estado da Bahia. Já a principal
característica da BRS 336 é a alta qualidade da fibra, cujo comprimento pode
variar de 32 a 34 mm. Também se destaca a resistência (entre 31 a 34 gf/tex),
outra característica exigida pela indústria têxtil. A produtividade de algodão
em pluma dessa variedade é de cerca de 1.530 quilos por hectare. A colheita é
estimada para 170 a 180 dias após a emergência das plantas, que são de porte
médio a alto.

 

A BRS 336 também é resistente à mancha angular e medianamente resistente à
doença azul, uma virose do algodoeiro transmitida pelo pulgão, que pode causar
muitos prejuízos à cultura. A cultivar é indicada para os estados da  Bahia,
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Maranhão, Piauí e
Rondônia.

 

Morello explicou que a principal vantagem da BRS 336 é o fato de ela ter
fibra mais longa, de alta qualidade, sem apresentar os problemas das cultivares
que produzem fios especiais, como suscetibilidade à mancha angular, além de
ciclo tardio e porte muito alto, características que não se adequam ao sistema
produtivo do cerrado e à colheita mecanizada.

 

CERTIFICADOS- Doze propriedades rurais da região oeste da Bahia receberam o
certificado de participação no Programa Socioambiental da Produção de Algodão,
PSOAL, para a safra 2010/2011.  O processo de certificação teve início no final
de fevereiro e foi realizado pelo órgão certificador, Intertek do Brasil.

 

A entrega dos certificados aconteceu na noite de sexta-feira, (8), durante a
abertura do Encontro Técnico do Algodão 2011 – A força do Algodão Baiano, que
contou também com a palestra do ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.

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