da Agência Curitiba

Arquiteto venezuelano, Fruto Vivas, visita Curitiba

O arquiteto venezuelano, Fruto Vivas, esteve no Brasil essa semana e visitou a sede da Agência Curitiba de Desenvolvimento S/A acompanhado por Armando Vivas, presidente da empresa de arquitetura e projetos “Árvores para Viver”, Vladimir Vivas, diretor técnico da empresa venezuelana, Márcio Evandro Barbosa, representante do “Árvores para Viver”no Paraná e Cleuton Rodrigues Carrijo e Carlos Alberto da Costa, sócios da construtora Sustentábil – parceira desde o início deste ano da empresa de Fruto Vivas para implantar o conceito de construção sustentável no Brasil. Vivas foi recebido pelo diretor-presidente da agência, Gilberto Camargo e pelo diretor administrativo e financeiro, Manoel Barcelos.

“É emocionante receber uma personalidade do porte de Fruto Vivas em Curitiba. Ele nos apresentou uma solução para a problemática de impermeabilização do solo com custo e tempo de construção das casas e edifícios, reduzidos. É um sistema construtivo que preserva o meio ambiente e mantém o escoamento. Curitiba comporta esse tipo de solução por estar a frente com projetos inovadores para um desenvolvimento sustentável”, declarou Gilberto Camargo, diretor-presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento S/A durante a exposição da técnica de Vivas.

Durante o encontro na Agência Curitiba, Vivas mostrou fotos de obras espalhadas pelo mundo e da casa em que vive na Venezuela. A casa do arquiteto foi construída de bagaço de cana-de-açúcar em doze dias por apenas duas pessoas. “O processo de construção tem uma filosofia básica: são estruturas de máxima leveza, construídas com máxima rapidez e que não haja nenhum excesso de material”, explica Vivas. Aos 83 anos, com mais de 8 mil construções erguidas pelo mundo, Vivas visita Curitiba para apresentar o conceito “Árvores para Viver” que, segundo ele, não gostaria que se perdesse. “Desejo começar esse projeto em Curitiba por ser uma cidade de soluções urbanas sustentáveis”, destacou o arquiteto. “Quero transferir a técnica que se sustenta em três pilares: Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade”, disse ele.

Conceito – O conceito de Árvores para Viver são casas sem muitos ‘pés’, bases e fundação. São casas como árvores, com um pé só e suspensa. Os edifícios são construídos no conceito da horizontalidade. “Essa proposta que trazemos a Curitiba é para que tenhamos um lugar próprio para esse conceito: um sistema construtivo de Inovação e Tecnologia que foi criado há mais de 2,5 mil anos pelos índios”, disse Vivas, que desenvolveu e adaptou o conceito indígena à contemporaneidade há mais de 50 anos na Venezuela.

O conceito, baseado na física a partir das experiências com componentes ultra-ligeiros – de rápida montagem com uma peça só. Estrutura de altíssima eficiência para demonstrar que é possível fazer uma estrutura instantânea – Árvores para Viver – com o mínimo de apoio no solo e que se sustenta pelo peso – pela neutralização da força. “Podemos construir tanto casas populares quanto de alto padrão; depende dos elementos agregados e tipo de acabamento”, afirma Fruto Vivas. As forças interagem no centro da construção e se neutralizam. Precisam do mínimo de apoio, utilizam pouco o solo e o edifício, não tem fundação. Algumas casas no Caribe, por exemplo, o arquiteto construiu em duas semanas, com bagaço de cana-de-açúcar no teto e suspensas. Na Venezuela, criou uma escola de manejo popular para ensinar a comunidade como construir suas próprias vivendas. “O trabalho do povo é montar e o trabalho da indústria é produzir”, Vivas.

“Precisamos apresentar esse conceito para mais parceiros que queiram investir em desenvolvimento sustentável na área da construção civil e adaptar as casas para o nosso estilo e clima. Acreditamos que os empresários de Curitiba já atuam com um nível altíssimo de consciência ambiental e já se mostraram interessados em embarcar nesse projeto”, Cleuton Carrijo. “A idéia da parceria é executar em Curitiba a construção de casas e edifícios baixos com alta eficiência ambiental a partir da técnica do arquiteto venezuelano. Num primeiro momento, construiremos casas pequenas emergenciais (mais populares com um valor em torno de 25 a 30 mil), casas com um melhor padrão de acabamento e edifícios baixos; sempre seguindo o conceito de menor custo mais desempenho”, explica Carlos Alberto da Costa, diretor de operações da Sustentábil.

Fruto Vivas – Nasceu em Tachira, um estado da Venezuela em 1928. Em 1954, ganhou o prêmio pelo projeto ao lado do engenheiro Eduardo Torroja, um ano antes de se formar arquiteto pela Universidade Central da Venezuela em Caracas. Em 1968, foi diretor do departamento de técnicas construtivas de Havana, Cuba. No início da década de 70, Vivas se dedica à construção de casas populares com biomateriais, argila e ferro – deu-se início o projeto “Árvores para Viver”. Em 1991, ganhou o Prêmio Nacional de Arquitetura em Caracas, pela primeira vez, por toda a obra. (www.frutovivas.net).

Segundo Vivas, um edifício na Venezuela, na horizontal, pode ser montado por seis pessoas, com o apoio de duas gruas, em apenas 45 dias. Todo o material para a construção do edifício, de acordo com o arquiteto, pode ser levado por apenas uma carreta até o local da construção. Essas construções possuem o próprio sistema de irrigação de horta que são montadas em jardins suspensos em cima da laje do prédio. Esses condomínios sustentáveis são também conhecidos como vivendas produtivas – uma experiência que nasceu na Colômbia. São hortaliças cultivadas nessas construções através da técnica da hidroponia, em bandejas que não tocam a lâmina que protege a laje do edifício, para o consumo de toda a comunidade local.

 

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