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A Venezuela se escondeu para estrear na Copa América contra o Brasil, neste domingo (16h de Brasília), em La Plata. O técnico César Farías não concede entrevista, não deixa os pouco mais de 20 jornalistas do país ver os treinos e vive às turras com eles. “Vocês (da imprensa) tinham problemas com o Dunga, não é? Pois o Farias é o nosso Dunga”, disse José Mena, repórter venezuelano do Portal Notícias de San Cristóbal, a capital do futebol no país – o restante prefere beisebol.
iG tentou acompanhar o treinamento da Venezuela nesta sexta-feira à tarde, no bairro de City Bell, na cidade de La Plata (a 60 km de Buenos Aires). O Country Clube e Golfe do Estudiantes, tradicional clube argentino, dispõe de campos, hotel, sala de ginástica e até um colégio para crianças da região (e é proibido entrar com a camisa de qualquer clube, que não seja o Estudiantes. Um menininho tentou passar com uniforme do Boca Juniors e teve que tirá-la). Marcado paras as 16h, e confirmado no site oficial da competição como aberto, todos os repórteres não puderam entrar.

“Ele é covarde. Toda a imprensa daqui é de San Cristóbal e a pressão sobre ele lá é muito grande. A seleção não joga mais na cidade e não há um jogador do Táchira convocado”, disse Mena, se referindo ao principal time do país.

Ninguém sabe como a Venezuela vai jogar. Farías, 38 anos, ousou na preparação: levou a delegação para Dallas, nos EUA, por dez dias, e depois a um centro de treinamento que a federação venezuelana construiu em “Isla de Margarita”, importante centro turístico do país. O trabalho em terras norte-americanas surpreendeu porque a relação política entre os dois países é tensa por causa do presidente venezuelano Hugo Chávez, critico ferrenho dos EUA.

“Ousado mesmo. Ele treinou em uma temperatura de 40 graus para jogar aqui na Argentina a uma temperatura quase negativa. E o tal centro de excelência em Margarita tem um campo apenas”, disse Mena. A principal reclamação dos jornalistas é que Farias convocou seis jogadores do pequeno Deportivo Anzoátegui, time que é treinador por seu irmão Daniel e que, segundo eles, tem jogadores empresariados pelo técnico.

Foto: Getty Images

César Farías se isolou e arrumou confusão com imprensa da cidade que acompanha o futebol na Venezuela

Farías assumiu a seleção principal depois de uma campanha de sucesso com a equipe sub 20 em 2007, quando levou a Venezuela pela primeira vez a um mundial da categoria. Em 2008 substituiu Richard Páez, conseguiu uma vitória impressionante sobre o Brasil em Boston (2 a 0), em um amistoso, Ganhou moral ali, mas depois o time foi mal nas Eliminatórias para a Copa da África do Sul, em 2010, e caiu em desgraça em San Cristóbal, sendo criticado, saindo meio à coletivas e pouco falando.

O radialista Johann era o mais exaltado por não poder acompanhar o treinamento. E, ao saber que o assessor de imprensa da delegação, Nestor Beaumont, nem iria dar uma satisfação a eles, enlouqueceu: “O Farías é um déspota. Ele tem que entender que a seleção não é dele, é do povo da Venezuela”, gritava. Dez minutos depois a segurança do Estudiantes pediu para que todos deixassem o local.

Os “craques”
“Vai ver o Farías está bolando uma arma secreta para vencer o Brasil”, brincava um dos jornalistas do grupo venezuelano. Não há muito que testar, explicou Mena. Os destaques são o atacante Salomón Rondón, 21 anos, do Málaga (ESP), e os meias Tomás Rincón, 23 anos, do Hamburgo (ALE) ,e o garoto de 20 anos Orozco, recém contratado pelo Wolfsburg (ALE).

Com base no amistoso contra a Espanha em Purto Ordaz (Venezuela), em 4 de junho, a tendência é que Farías escale dois atacantes, um meia mais ofensivo e o resto jogadores marcadores. Orozco, por exemplo, deve começar no banco.

 

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