da Tribuna

Uma empresa registrada em nome de um motoboy e de um sargento do Corpo de Bombeiros da Bahia, moradores da periferia de Salvador, de acordo com reportagem da Revista Época desta semana, foi usada para fazer doações “fantasmas” da ordem de R$ 650 mil a campanhas do PT nas eleições 2010.  Trata-se da M Brasil Empreendimentos, Marketing e Negócios.
Empresa com sede no Rio de Janeiro, que teria dado R$ 100 mil ao Diretório Nacional do partido, R$ 300 mil ao comitê do governador eleito de Brasília, o baiano Agnelo Queiroz, e  R$
50 mil ao deputado paulista Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT.
Teriam recebido R$ 100 mil também outros dois importantes quadros petistas: o deputado distrital Chico Vigilante, de Brasília, e o candidato derrotado a deputado federal pelo Espírito Santo Guilherme Lacerda, ex-presidente do fundo de pensão dos empregados da Caixa, o Funcef.

De acordo com a publicação, a empresa se insere em um novo
esquema de doação irregular, que se soma às tradicionais doações por fora de empresas em
busca de favores políticos, os famosos “recursos não contabilizados”, e aos
pagamentos de caixa dois. A nova “tecnologia” no financiamento de campanhas
políticas é simples: o doador que tem cadastro comercial doa oficialmente,
assinando recibos.

Entretanto, ninguém sabe quem ele é – segundo
a publicação, “nem quem recebe e nem quem paga”. O dinheiro, então, chega limpo
aos comitês financeiros das campanhas. “É como se eles fossem doadores
fantasmas”, aponta.

A reportagem afirma ainda que, apesar de haver
recibos e transações bancárias, ninguém se recorda das doações ou da própria M
Brasil. O deputado Ricardo Berzoini, por exemplo, disse desconhecer a empresa e
seus donos. O motoboy e o sargento baianos, que não tiveram os nomes revelados,
também não confirmam se lembram ou não. De acordo com a Época, os supostos
laranjas teriam sido recrutados pelo radialista Jair Marchesini, um apresentador
de televisão com atuação política no Rio.

Em 2006, ele concorreu pelo
PDT a um mandato de deputado federal, mas não se elegeu. Marchesini nega que os
baianos sejam laranjas. “Não é nada disso. Eles seriam meus sócios, me ajudariam
a dirigir as empresas aqui no Rio”, disse, acusando ainda a existência de outras
quatro companhias registradas em nome dos suspeitos.

Presidente retoma nomeações

O Diário Oficial costuma ser o prontuário da articulação política do
Planalto. Na sexta-feira, uma canetada da presidente Dilma Rousseff restaurou os
sinais vitais da relação do governo com os partidos da base.

Conforme
reportagem do Estadão, logo na primeira página da seção 2, Dilma afiançou a
nomeação de um aliado para o estratégico cargo de presidente do Banco do
Nordeste (BNB), estatal com R$ 4 bilhões em investimentos programados para 2011.

A nomeação de Jurandir Vieira Santiago, sacramentada cinco meses e dez
dias depois da posse de Dilma, mostrou o restabelecimento do fluxo de negociação
do governo justamente na semana em que seu núcleo político se desintegrou, com a
saída de Antonio Palocci da Casa Civil e do remanejamento de Luiz Sérgio da
Secretaria das Relações Institucionais para a pasta da Pesca.

Os
padrinhos de Santiago foram o PT e o PSB, os mesmos que desde 2003 asseguraram a
presidência do banco para Roberto Smith, agora afastado. Para terem o controle
da direção do BNB, PT e PSB tiveram de fazer muito lobby, abandonar as
divergências iniciais, em que cada um queria ter o domínio da instituição,
e fazer gestões com a presidente e o ministro da Fazenda, Guido
Mantega.

Houve um momento em que os dois principais
interessados na presidência do banco – o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e
o deputado José Guimarães (PT-CE) – chegaram a se desesperar.

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